sexta-feira, 30 de agosto de 2013

A Batalha do labirinto - capitulo 6




                        Nós encontramos o deus de duas caras

Conseguimos andar uns trinta metros antes de estarmos irremediavelmente perdidos. O túnel não parecia nada similar ao que Annabeth e eu tínhamos tropeçado antes. Agora era redondo como um esgoto, construído de tijolos vermelhos com vãos com barras de ferro de três metros. Eu iluminei através de um dos vãos por curiosidade, mas não pude ver nada. Ele se abria em infinita escuridão. Pensei ter ouvido vozes do outro lado, mas podia ter sido apenas o vento frio.

Annabeth tentou o seu melhor para guiar-nos. Ela teve essa ideia de que devíamos nos ater à parede esquerda.

– Se mantivermos uma mão na parede da esquerda e segui-la – disse ela, – devemos ser capazes de encontrar o nosso caminho de volta invertendo o curso.

Infelizmente, logo que ela disse isso, a parede da esquerda desapareceu. Nós nos encontramos no meio de uma câmara circular com oito túneis, e não tínhamos ideia de como chegáramos lá.

– Hum, por qual caminho viemos? – Grover disse nervosamente.

– Apenas dê meia volta – Annabeth disse.

Cada um de nós se virou para um túnel diferente. Foi ridículo. Nenhum de nós conseguia decidir que caminho levava de volta ao acampamento.

– Paredes da esquerda são más – disse Tyson. – Qual o caminho agora?

Annabeth varreu a entrada dos oito túneis com a lanterna. No que eu podia dizer, elas eram idênticas.

– Por ali – disse ela.

– Como você sabe? – perguntei.

– Raciocínio dedutivo.

– Então... você está adivinhando.

– Apenas venha – ela falou.

O túnel que ela escolhera se estreitou rapidamente. As paredes transformaram-se em cimento cinza, e o teto ficou tão baixo que logo, logo tivemos que arquear as costas.

Tyson foi forçado a engatinhar. Grover hiperventilando era o mais alto ruído no labirinto. 

– Eu não posso mais aguentar isso – ele sussurrou. – Já chegamos?

– Nós estamos aqui em baixo por talvez cinco minutos – Annabeth disse a ele.

– Foi mais do que isso – insistiu Grover. – E por que Pã estaria aqui em baixo? Este é o oposto da natureza!

Continuamos desordenadamente em frente. Bem quando tive certeza de que o túnel ficaria tão estreito que iria nos espremer, ele se abriu numa enorme sala. Eu iluminei as paredes em volta com minha lanterna e disse:

– Uau.

O cômodo todo era coberto de azulejos de mosaico. As figuras estavam encardidas e desbotadas, mas eu ainda podia ver as cores vermelho, azul, verde, dourado. O mural mostrava os deuses olimpianos em um banquete. Lá estava o meu pai, Poseidon, com o seu tridente, segurando uvas para Dioniso transformar em vinho. Zeus estava festejando com sátiros, e Hermes estava voando através do ar com suas sandálias aladas. As imagens eram lindas, mas não eram muito precisas. Eu tinha visto os deuses. Dioniso não era bonito assim, e o nariz de Hermes não era tão grande. No meio da sala estava uma fonte com três níveis. Parecia que não tinha água na fonte há um longo tempo.

– Que lugar é este? – murmurei. – Parece–

– Romano – Annabeth disse. – Esses mosaicos são de dois mil anos atrás.

– Mas como eles podem ser romanos? – Eu não era bom em história antiga, mas eu tinha certeza de que o Império Romano nunca chegara tão longe como Long Island.

– O labirinto é uma miscelânia – Annabeth falou. – Eu te disse, está sempre em expansão, adicionando peças. É o único trabalho de arquitetura que cresce por si mesmo.

– Você faz soar como se estivesse vivo.

Um barulho como um gemido ecoou do túnel em frente a nós.

– Não vamos falar sobre isso estar vivo – Grover choramingou. – Por favor?

– Tudo bem – disse Annabeth. – Avançando.

– Descer o corredor com os sons ruins? – Tyson disse. Até mesmo ele parecia nervoso.

– É – Annabeth falou. – A arquitetura está ficando mais velha. Isso é um bom sinal. A oficina de Dédalo será na parte mais antiga.

Isso fazia sentido. Mas logo o labirinto estava brincando com a gente – andamos quinze metros e o túnel virou cimento de novo, com canos de bronze correndo pelos lados. As paredes foram grafitadas com spray. Lia-se em um letreiro de neon MOZ MANDA.

– Eu acho que isso não é romano – eu disse prestativamente.

Annabeth respirou profundamente, então seguiu em frente.

A cada passo os túneis espiralavam e se transformavam e se ramificavam. O piso abaixo de nós foi de cimento para lama para tijolos e tudo de novo. Não havia qualquer sentido em nenhum deles. Nós tropeçamos em uma adega estreita várias garrafas empoeiradas em prateleiras de madeira como se estivéssemos atravessando o porão de alguém, só que não havia saída alguma acima de nós, só mais túneis. Depois o teto se transformou em tábuas de madeira, e eu podia ouvir vozes acima de nós e o barulho de pegadas, como se estivéssemos caminhando sob algum tipo de bar.

Era reconfortante ouvir pessoas, mas mais uma vez, não podíamos chegar até elas. Estávamos presos aqui embaixo, sem saída. Então nós encontramos nosso primeiro

esqueleto. Ele estava vestido com roupas brancas, como uma espécie de uniforme. Um engradado de madeira com garrafas de vidro estava próximo a ele.

– Um leiteiro – Annabeth disse.

– O quê? – perguntei.

– Eles costumavam entregar leite.

– É, eu sei o que eles são, mas... isso era quando a minha mãe era pequena, tipo, há um milhão de anos atrás. O que é que ele está fazendo aqui?

– Algumas pessoas se perdem por engano – Annabeth disse. – Algumas vêm explorar de propósito e nunca saem. Há muito tempo atrás, os cretenses enviavam pessoas aqui como sacrifícios humanos.

Grover engoliu.

– Ele está aqui embaixo há muito tempo. – Ele apontou para as garrafas dos esqueletos, que estavam cobertas com poeira branca. Os dedos do esqueleto estavam arranhando a parede de tijolos, como se ele tivesse morrido tentando sair.

– Só os ossos – disse Tyson. – Não se preocupe, garoto-bode. O leiteiro está morto.

– O leiteiro não me incomoda – Grover falou. – É o cheiro. Monstros. Você não consegue sentir?

Tyson assentiu.

– Um monte de monstros. Mas o subterrâneo cheira assim. Monstros e leiteiros mortos.

– Ah, bom – Grover choramingou. – Pensei que talvez eu estivesse errado.

– Temos que ir mais fundo no labirinto – Annabeth disse. – Tem de haver um caminho para o centro.

Ela nos levou para a direita, depois para a esquerda, através de um corredor de aço inoxidável como uma espécie de eixo de ar, e voltamos ao cômodo com azulejos romanos e a fonte.

Desta vez, não estávamos sozinhos.



O que eu vi primeiro foram seus rostos. Os dois. Eles saiam de ambos os lados da cabeça dele, olhando sobre seus ombros, de forma que a cabeça dele era muito mais ampla do que deveria ser, como uma espécie de tubarão-martelo. Olhando diretamente para ele, tudo que eu via eram duas orelhas sobrepostas e imagens-espelho de costeletas.

Ele estava vestido como um porteiro de Nova York: um longo sobretudo preto, sapatos brilhantes, e um chapéu preto alto que conseguiu de alguma forma ficar sobre sua cabeça dupla.

– Bem, Annabeth? – disse o rosto da esquerda. – Depressa!

– Não ligue para ele – falou o rosto da direita. – Ele é terrivelmente rude. Por essa direção, senhorita.

O queixo de Annabeth caiu.

– Uh... eu não...

Tyson franziu as sobrancelhas.

– Esse homem engraçado tem duas caras.

– O homem engraçado tem ouvidos, sabe! – a face da esquerda resmungou. – Agora venha, senhorita.

– Não, não – a face da direita disse. – Nesta direção, senhorita. Fale comigo, por favor.

O homem de duas caras observou Annabeth da melhor forma que podia pelo canto dos seus olhos. Era impossível olhar para ele diretamente sem focar um lado ou outro. E de repente eu percebi que era isso que ele estava pedindo – ele queria que Annabeth escolhesse.

Atrás dele estavam duas saídas, bloqueadas por portas de madeira com enormes cadeados de ferro. Eles não estiveram lá na nossa primeira vez na sala. O porteiro de duas caras segurava uma chave prata, que ele continuava passando de sua mão esquerda para a sua mão direita. Imaginei se este era um lugar completamente diferente, mas o mural dos deuses parecia exatamente o mesmo.

Atrás de nós, a porta pela qual entramos desapareceu, substituída por mais mosaicos. Não poderíamos voltar pelo caminho que viemos.

– As saídas estão fechadas – Annabeth disse.

– Dã! – a face esquerda do homem disse.

– Aonde elas levam? – ela perguntou.

– Uma provavelmente leva ao lugar que você deseja ir – disse o rosto da direita animadoramente. – A outra leva a uma morte certa.

– E-eu sei quem você é – Annabeth disse.

– Ah, você é uma sabidinha! – O rosto da esquerda zombou. – Mas você sabe que caminho escolher? Eu não tenho o dia todo.

– Por que vocês estão tentando me confundir? – Annabeth perguntou.

A face da direita sorriu.

– Você está no comando agora, minha querida. Todas as decisões estão em seus ombros. Isso é o que você queria, não é?

– Eu–

– Nós conhecemos você, Annabeth – a face da esquerda disse. – Sabemos com o que você luta todos os dias. Sabemos das suas indecisões. Você terá que fazer sua escolha mais cedo ou mais tarde. E a escolha pode matar você.

Eu não sabia do que eles estavam falando, mas soou como se fosse mais do que uma escolha entre portas. A cor fugiu do rosto de Annabeth.

– Não... Eu não–

– Deixe-a em paz – disse. – Quem é você, afinal?

– Eu sou o seu melhor amigo – a face da direita disse.

– Eu sou o seu pior inimigo – a face da esquerda disse.

– Eu sou Jano – afirmaram ambas as faces em harmonia. – Deus das portas. Começos. Finais. Escolhas.

– Eu verei você muito em breve, Perseu Jackson – disse a face da direita. – Mas agora é a vez de Annabeth. – Ele riu vertiginosamente. – Tão divertido!

– Cale a boca! – O rosto da esquerda disse. – Isso é sério. Uma má escolha pode arruinar toda a sua vida. Pode matar você e todos os seus amigos. Mas sem pressão, Annabeth. Escolha!

Com um repentino calafrio, eu me lembrei das palavras da profecia: da criança de Atena, a defesa final.

– Não faça isso – disse.

– Eu receio que ela tenha de fazer – o rosto da direita disse alegremente.

Annabeth umidificou seus lábios.

– Eu... eu escolho–

Antes que ela pudesse apontar para uma porta, uma brilhante luz inundou a sala. Jano levantou suas mãos para cada lado de sua cabeça para cobrir os olhos. Quando a luz sumiu, uma mulher estava em pé na fonte. Ela era alta e elegante com longos cabelos da cor de chocolate, trançados com fitas de ouro. Ela usava um vestido branco simples, mas quando ela se movia, o tecido tremulava com cores como óleo sobre a água.

– Jano – disse ela, – estamos causando problemas de novo?

– N-não, minha senhora! – a face de Jano da direita gaguejou.

– Sim! – O rosto da esquerda disse.

– Cale a boca! – O rosto da direita disse.

– Com licença? – a mulher pediu.

– Não você, minha senhora! Eu estava falando comigo mesmo.

– Entendo – disse a dama. – Você sabe muito bem que sua visita é prematura. A hora da garota ainda não chegou. Então eu darei a você uma escolha: deixar estes heróis comigo ou irei transformar você em uma porta e te quebrar.

– Que tipo de porta? – a face da esquerda perguntou.

– Cale a boca! – o rosto da direita disse.

– Porque portas francesas são legais – a face da esquerda devaneou. – Cheias de luz natural.

– Cale a boca! – A face da direita se lamuriou. – Não você, minha senhora! Claro que eu vou sair. Eu só estava me divertindo um pouco. Fazendo o meu trabalho. Oferecendo opções.

– Causando indecisão – a mulher corrigiu. – Agora vá!

O rosto da esquerda murmurou:

– A autoridade da festa – então ele levantou a sua chave prateada, inseriu no ar, e desapareceu.

A mulher se voltou para nós, e medo se fechou em torno do meu coração. Seus olhos brilhavam com poder. Deixe estes heróis comigo. Isso não parecia bom. Por um segundo, eu quase desejei que tivéssemos tentado nossas chances com Jano. Mas então a mulher sorriu.

– Vocês devem estar com fome – disse ela. – Sentem comigo e falem.

Ela acenou sua mão, e a antiga fonte romana começou a funcionar. Jatos de água clara pulverizaram o ar. Uma mesa de mármore apareceu, carregada de bandejas com sanduíches e jarros de limonada.

– Quem... quem é você? – perguntei.

– Sou Hera. – A mulher sorriu. – Rainha dos Céus.



Eu havia visto Hera somente uma vez antes, em um Conselho dos Deuses, mas eu não tinha prestado muita atenção nela. Na época eu tinha sido cercado por um bando de outros deuses que discutiam se iam ou não me matar. Eu não me lembrava dela parecer tão normal. Claro, os deuses estão normalmente com seis metros de altura quando estão no Olimpo, o que faz com que pareçam muito menos normais. Mas agora, Hera parecia uma mãe comum.

Ela nos serviu sanduíches e despejou limonada.

– Grover, querido – disse ela, – use o seu guardanapo. Não o coma.

– Sim, madame – disse Grover.

– Tyson, você está desperdiçando. Quer outro sanduíche de manteiga de amendoim?

Tyson abafou um arroto.

– Sim, senhora simpática.

– Rainha Hera – Annabeth disse. – Eu não posso acreditar nisso. O que a senhora está fazendo no Labirinto?

Hera sorriu. Ela agitou um dedo e o cabelo de Annabeth se penteou sozinho. Toda a sujeira e fuligem desapareceram do seu rosto.

– Eu vim para ver você, naturalmente – disse a deusa.

Grover e eu trocamos olhares nervosos. Normalmente, quando os deuses vêm procurar por você, não é pela bondade dos seus corações. É porque querem alguma coisa. Ainda assim, isso não me manteve longe dos sanduíches de peru e queijo suíço e batatas fritas e limonada. Eu não tinha percebido como estava faminto. Tyson estava engolindo um sanduíche de manteiga de amendoim após o outro, e Grover estava amando a limonada, triturando o copo de isopor como se fosse casquinha de sorvete.

– Eu não achei... – Annabeth vacilou. – Bem, eu não achei que você gostasse de heróis.

Hera sorriu indulgentemente.

– Por causa daquela pequena briga que tive com o Hércules? Sinceramente, ganhei tanta má fama devido a um desentendimento.

– Você não tentou matá-lo, tipo, um monte de vezes? – Annabeth perguntou.

Hera acenou sua mão desconsiderando.

– Águas passadas, minha querida. Além disso, ele foi um dos filhos do meu amado marido com outra mulher. Minha paciência estava escassa, admito. Mas Zeus e eu tivemos algumas excelentes sessões de aconselhamento para casais desde então. Expusemos nossos sentimentos e chegamos a um entendimento, principalmente depois daquele último incidente.

– Você quer dizer quando ele gerou Thalia? – Eu supus, mas imediatamente desejei não ter feito. Assim que eu disse o nome da nossa amiga, a meio-sangue filha de Zeus, Hera voltou seus olhos para mim friamente.

– Percy Jackson, não é? Uma das... crianças de Poseidon. – Tive a sensação de que ela estava pensando em outra palavra além de crianças. – Pelo que me lembro, eu votei em deixar você viver no solstício de inverno. Espero ter votado corretamente.

Ela se virou para Annabeth com um sorriso ensolarado.

– De qualquer forma, eu certamente não desejo a você nenhum mal, minha menina. Aprecio a dificuldade da sua missão. Especialmente quando você tem que lidar com desordeiros como Jano.

Annabeth baixou seu olhar.

– Por que ele estava aqui? Ele estava me deixando louca.

– Tentando – Hera concordou. – Você tem que entender, os deuses menores como Jano sempre foram frustrados pelas pequenas funções que desempenham no universo. Alguns, receio, têm pouco amor pelo Olimpo, e poderiam ser facilmente tentados a juntar-se à ascensão de meu pai.

– Seu pai? – disse. – Oh, certo.

Eu tinha esquecido que Cronos era o pai de Hera também, assim como era pai de Zeus, Poseidon, e todos os deuses olimpianos mais velhos. Acho que isso fazia de Cronos meu avô, mas o pensamento era tão estranho que eu o coloquei para fora da minha mente.

– Temos de vigiar os deuses menores – disse Hera. – Jano. Hécate. Morfeu. Eles fazem beicinho para o Olimpo, mas ainda–

– Isso é o que Dioniso foi fazer – eu me lembrei. – Ele foi verificar os deuses menores.

– De fato. – Hera apontou para os mosaicos dos olimpianos. – Você vê, em tempos de dificuldade, até mesmo os deuses podem perder a fé. Eles começam a colocar sua confiança nas coisas erradas. Eles param de olhar para o quadro geral e começam a ser egoístas. Mas eu sou a deusa do casamento, você vê. Estou acostumada com a perseverança. Você tem que superar as disputas e o caos, e continuar acreditando. Você tem que manter sempre os seus objetivos em mente.

– Quais são os seus objetivos? – Annabeth perguntou.

Ela sorriu.

– Manter minha família, os olimpianos, unidos, claro. No momento, a melhor forma com que posso fazer isso é ajudando você. Zeus não permite que eu interfira muito, mas uma vez a cada século, aproximadamente, em uma missão que me interesse muito, ele permite que eu conceda um desejo.

– Um desejo?

– Antes que você peça, deixe-me dar alguns conselhos, o que eu posso fazer de graça. Eu sei que você procura Dédalo. Seu labirinto é um mistério para mim como é para você. Mas se quer saber o seu destino, eu visitaria meu filho Hefesto em sua forja. Dédalo foi um grande inventor, um mortal que Hefesto gostava. Nunca houve um mortal que Hefesto admirasse mais. Se existe alguém que mantém contato com Dédalo e pode dizer-lhe o seu destino, é Hefesto.

– Mas como vamos chegar lá? – Annabeth perguntou. – Este é o meu desejo. Eu quero uma maneira de navegar pelo Labirinto.

Hera pareceu desapontada.

– Que assim seja. Você deseja por algo que, no entanto, já lhe foi dado.

– Eu não entendo.

– Os meios já estão dentro de seu alcance. – Ela olhou pra mim. – Percy sabe a resposta.

– Eu sei?

– Mas isso não é justo – Annabeth disse. – Você não está me dizendo o que é!

Hera balançou a cabeça.

– Possuir algo e ter a sabedoria para usá-la... essas são duas coisas diferentes. Tenho certeza que sua mãe Atena concordaria.

A sala tremeu com um trovão. Hera se ergueu.

– Essa é a minha deixa. Zeus está ficando impaciente. Pense no que eu disse, Annabeth. Procure por Hefesto. Você terá que passar pelo rancho, imagino. Mas continue em frente. E use todos os meios à sua disposição, por mais incomuns que eles possam parecer.

Ela apontou para as duas portas e elas derreteram, revelando dois corredores idênticos, abertos e escuros.

– Uma última coisa, Annabeth. Eu adiei o dia da sua escolha, não o evitei. Em breve, como disse Jano, você terá que tomar uma decisão. Adeus!

Ela acenou uma mão e se transformou em fumaça branca. Assim como a comida, justo quando Tyson mordia um sanduíche que virou neblina em sua boca. A fonte parou. A parede de mosaicos obscureceu e se tornou velha e desbotada novamente. A sala já não era qualquer lugar no qual você iria querer fazer um piquenique.

Annabeth bateu o pé.

– Que tipo de ajuda foi essa? “Aqui, tome um sanduíche. Faça um desejo. Opa, eu não posso ajudar você!” Puf!

– Puf – Tyson concordou tristemente, olhando para o seu prato vazio.

– Bem – Grover suspirou, – ela disse que Percy sabe a resposta. É alguma coisa.

Todos eles olharam para mim.

– Mas eu não sei – disse. – Eu não sei do que ela estava falando.

Annabeth suspirou.

– Tudo bem. Então, só teremos que continuar.

– Por qual caminho? – perguntei. Eu realmente queria perguntar o que Hera quis dizer sobre a escolha que Annabeth teria que fazer. Mas, em seguida, Grover e Tyson ficaram tensos. Eles se levantaram juntos como se tivessem ensaiado isso.

– Esquerda – ambos disseram.

Annabeth franziu as sobrancelhas.

– Como vocês podem ter certeza?

– Porque algo vem da direita – disse Grover.

– Algo grande – Tyson concordou. – Com pressa.

– Esquerda soa bem – decidi.

Juntos, mergulhamos no escuro corredor.

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