sexta-feira, 30 de agosto de 2013

A Batalha do labirinto - capitulo 7




                             Tyson lidera uma fuga na prisão


A boa notícia: o túnel da esquerda era contínuo, sem saídas laterais, desvios ou retornos. A má notícia; era um beco sem saída. Após correr alguns metros, chegamos em uma enorme rocha que bloqueou completamente o nosso caminho. Atrás de nós, sons de passos arrastados e respiração pesada ecoavam no corredor. Algo –definitivamente não humano – estava no nosso encalço.

– Tyson – disse, – você pode–

– Sim! – Ele bateu seu ombro contra a rocha com tanta força que o túnel todo tremeu.

Poeira caiu do teto de pedra.

– Depressa! – Grover disse. – Não coloque o teto abaixo, mas se apresse!

A rocha finalmente cedeu com um barulho de trituração horrível. Tyson a empurrou para uma pequena sala e nós atravessamos por trás dela.

– Feche a passagem! – Annabeth disse.

Nós todos fomos para o outro lado da rocha e empurramos. Seja o que for que estava nos perseguindo gemeu de frustração conforme colocamos a rocha de volta na passagem selando o corredor.

– Nós o prendemos – falei.

– Ou nos prendemos – disse Grover.

Eu girei. Estávamos em uma sala de seis metros quadrangular de cimento e a parede oposta era coberta com barras metálicas. Nós havíamos entrado direto em uma cela.



– Que diabos...? – Annabeth puxou as barras, elas nem se moveram.

Através das barras podíamos ver fileiras de celas em um anel em torno de um escuro pátio – pelo menos três andares de portas de metal e passadiços de metal.

– Uma prisão – eu disse. – Talvez Tyson possa quebrar–

– Shh – disse Grover. – Ouça.

Em algum lugar acima de nós, profundos soluços ecoavam através do edifício. Havia um outro som também – uma voz rouca balbuciando algo que eu não podia entender.

As palavras eram estranhas, como pedras em um copo de vidro.

– Que língua é essa? – sussurrei.

O olho de Tyson se arregalou.

– Não pode ser.

– O quê? – perguntei.

Ele agarrou duas barras na porta da nossa cela e as entortou o suficiente até para um Ciclope atravessar.

– Espere! – Grover chamou.

Mas Tyson não iria esperar. Corremos atrás dele. A prisão era escura, apenas algumas luzes opacas fluorescentes cintilavam acima.

– Eu conheço este lugar – Annabeth me disse. – aqui é Alcatraz.

– Você quer dizer a ilha perto de São Francisco?

Ela assentiu.

– Minha escola fez uma viagem de campo aqui. É como um museu.

Não parecia possível que pudéssemos ter saído do Labirinto do outro lado do país, mas Annabeth esteve vivendo em São Francisco o ano todo, mantendo um olho no Monte Tamalpais através da baía. Ela provavelmente sabia do que ela estava falando.

– Pare – advertiu Grover.

Mas Tyson continuou. Grover agarrou o braço dele e o puxou de volta com toda a sua força.

– Pare, Tyson! – ele sussurrou. – Você não consegue ver?

Olhei para onde ele estava apontando, e meu estômago fez um salto mortal. Na sacada do segundo andar, no outro lado do pátio, estava um monstro mais horrível do que qualquer coisa que eu já tinha visto antes.

Era como uma espécie de centauro, com corpo de mulher da cintura para cima. Mas em vez da parte de baixo de um cavalo, tinha o corpo de um dragão – de pelo menos seis metros de comprimento, preto e escamoso com enormes garras e uma cauda farpada. Suas pernas pareciam que estavam emaranhadas em videiras, mas então percebi que eram cobras brotando, centenas de víboras se esforçando em volta, procurando constantemente algo para morder. O cabelo da mulher também era feito de serpentes, como o da Medusa. Mais estranho de tudo, em torno de sua cintura, onde a parte mulher encontrava a parte dragão, sua pele borbulhava e se transformava, ocasionalmente produzindo cabeças de animais – um lobo maligno, um urso, um leão, como se ela estivesse usando um cinto de criaturas mutantes. Tive a sensação que estava olhando para algo meio formado, um monstro tão antigo que existia desde o início dos tempos, antes das formas terem sido totalmente definidas.

– É ela – Tyson choramingou.

– Desçam! – Grover disse.

Nós nos agachamos nas sombras, mas o monstro não estava prestando qualquer atenção em nós. Ela parecia estar falando com alguém dentro de uma cela no segundo piso. Era de onde os soluços estavam vindo. A mulher-dragão disse algo em seu estranho e estrondoso idioma.

– O que ela está dizendo? – murmurei. – O que é essa língua?

– A língua dos tempos antigos. – Tyson tremeu. – A que a Mãe Terra falou com os Titãs e... suas outras crianças. Antes dos deuses.

– Você entende isso? – perguntei. – Pode traduzir?

Tyson fechou o olho e começou a falar em uma horrível, rouca imitação da voz da mulher.

– Você vai trabalhar para o mestre ou sofrer.

Annabeth estremeceu.

– Odeio quando ele faz isso.

Como todos os Ciclopes, Tyson tem super audição e uma capacidade inigualável para imitar vozes. Era quase como se ele entrasse em um transe quando falava em outras vozes.

– Não servirei, – Tyson disse em uma voz profunda e ferida.

Ele mudou para a voz do monstro:

– Então eu apreciarei a sua dor, Briareu. – Tyson vacilou quando disse aquele nome. Eu nunca ouvira ele romper um personagem quando estava imitando alguém, mas ele soltou um som estrangulado. Então ele continuou na voz do monstro. – Se você achou a sua primeira prisão insuportável, você ainda não sentiu o verdadeiro tormento. Pense sobre isto até que eu retorne.

A mulher-dragão foi em direção à escadaria, víboras sibilando ao redor de suas pernas como uma saia de grama. Ela abriu asas que eu não notara antes – enormes asas maléficas que ela mantinha dobradas em suas costas de dragão. Ela saltou do passadiço e voou sobre o pátio. Nós nos agachamos mais nas sombras. Um vento quente sulfuroso golpeou meu rosto quando o monstro voou acima. Então ela desapareceu ao virar a esquina.

– H-h-horrível – disse Grover. – Eu nunca havia sentido um monstro que cheirava tão forte.

– Pior pesadelo dos Ciclopes – Tyson murmurou. – Campe.

– Quem? – perguntei.

Tyson engoliu em seco.

– Todos os Ciclopes sabem sobre ela. Histórias sobre ela nos assustam quando somos bebês. Ela era a nosso carcereira nos anos ruins.

Annabeth assentiu.

– Eu me lembro agora. Quando os Titãs governavam, eles aprisionaram as primeiras crianças de Gaia e Urano - os Ciclopes e os Hecatonqueires.

– Os Heca-o quê? – perguntei.

– Os centímanos – disse ela. – Eles os chamavam assim porque... bem, eles tinham uma centena de mãos. Eles eram os irmãos mais velhos dos Ciclopes.

– Muito poderosos – disse Tyson. – Maravilhosos! Tão altos quanto o céu. Tão fortes que podiam quebrar montanhas!

– Legal – falei. – Salvo se você for uma montanha.

– Campe era a carcereira – disse ele. – Ela trabalhava para Cronos. Ela mantinha os nossos irmãos aprisionados no Tártaro, torturava-os sempre, até que Zeus veio. Ele matou Campe e libertou os Ciclopes e os de centímanos para ajudar a combater os Titãs na grande guerra.

– E agora Campe está de volta – eu disse.

– Ruim – Tyson resumiu.

– Então quem está naquela cela? – perguntei. – Você disse um nome–

– Briareu! – Tyson se animou. – Ele é um centímano. Eles são tão altos quanto o céu e–

– É – falei. – Eles quebram montanhas.

Olhei para as celas acima de nós, imaginando como algo tão alto quanto o céu poderia caber em uma pequena cela, e por que ele estava chorando.

– Eu acho que devemos dar uma olhada – Annabeth disse, – antes que Campe volte.



À medida que nos aproximávamos da cela, o choro ficou mais alto. Quando vi pela primeira vez a criatura dentro, eu não tive certeza para o que eu estava olhando. Ele era do tamanho de um homem e sua pele era muito pálida, da cor de leite. Ele usava uma tanga como uma grande fralda. Seus pés pareciam muito grandes para o seu corpo, com unhas rachadas e sujas, oito dedos em cada pé. Mas a metade superior do corpo dele era a parte estranha. Ele fazia Jano parecer completamente normal. Do seu tórax brotavam mais braços do que eu podia contar, em fileiras, por toda a volta do seu corpo. Os braços pareciam braços normais, mas havia tantos deles, todos emaranhados juntos, de forma que seu peito parecia uma garfada de espaguete que alguém havia enrolado. Várias de suas mãos estavam cobrindo seu rosto enquanto ele soluçava.

– Ou o céu não é tão alto como costumava ser – murmurei, – ou ele é baixo.

Tyson não prestou nenhuma atenção. Ele caiu de joelhos.

– Briareu! – ele chamou.

O soluçar parou.

– Grandioso centímano! – disse Tyson. – Ajude-nos!

Briareu olhou para cima. Seu rosto era comprido e triste, com um nariz torto e dentes estragados. Ele tinha olhos castanhos profundos – quero dizer completamente castanhos sem brancos ou pupilas negras, como olhos formados do barro.

– Corra enquanto pode, Ciclope – disse Briareu miseravelmente. – Eu não posso sequer me ajudar.

– Você é um centímano! – Tyson insistiu. – Você pode fazer qualquer coisa!

Briareu limpou o nariz com cinco ou seis mãos. Várias outras estavam mexendo com pequenos pedaços de metal e madeira de uma cama quebrada, do jeito que Tyson sempre brincava com partes sobressalentes. Era incrível de assistir. As mãos pareciam ter uma mente própria. Elas construíram um barco de brinquedo com a madeira, então o desmontaram tão rápido quanto. Outras mãos estavam arranhando o chão de cimento sem razão aparente. Outras estavam jogando pedra, papel, tesoura. Algumas outras estavam fazendo marionetes de cãezinhos e patinhos nas sombras contra a parede.

– Eu não posso – Briareu lastimou-se. – Campe voltou! Os Titãs ressurgirão e nos atirarão no Tártaro.

– Coloque a sua cara corajosa! – disse Tyson.

Imediatamente o rosto de Briareu se transformou em outra coisa. Os mesmos olhos castanhos, mas de outra forma feições totalmente diferentes. Ele tinha um nariz arrebitado, sobrancelhas arqueadas, e um sorriso estranho, como se ele estivesse tentando ser corajoso. Mas então seu rosto voltou para o que tinha sido antes.

– Nada bom – disse ele. – Minha cara assustada continua voltando.

– Como você fez aquilo? – perguntei.

Annabeth me cutucou.

– Não seja rude. Todos os centímanos têm cinquenta expressões diferentes.

– Deve ser difícil tirar uma foto para o anuário – falei.

Tyson ainda estava fascinado.

– Vai ficar tudo bem, Briareu! Vamos ajudar você! Posso ter o seu autógrafo?

Briareu fungou.

– Você tem cem canetas?

– Pessoal – Grover interrompeu. – Temos que sair daqui. Campe vai voltar. Ela vai nos sentir mais cedo ou mais tarde.

– Quebre as barras – Annabeth disse.

– Sim! – Tyson disse, sorrindo com orgulho. – Briareu pode fazer isso. Ele é muito forte. Mais forte do que Ciclopes até! Olhe!

Briareu choramingou. Uma dúzia de mãos começou a jogar adoleta, mas nenhuma delas fez qualquer tentativa de romper as barras.

– Se ele é tão forte – eu disse, – porque está preso na cadeia?

Annabeth me cutucou nas costelas novamente.

– Ele está apavorado – ela sussurrou. – Campe o aprisionou no Tártaro por milhares de anos. Como você se sentiria?

O centímano cobriu seu rosto de novo.

– Briareu? – Tyson perguntou. – O que... o que está errado? Mostre-nos a sua grande força!

– Tyson – Annabeth disse, – acho melhor você quebrar as barras.

O sorriso de Tyson derreteu lentamente.

– Eu vou quebrar as barras – ele repetiu. Ele agarrou a porta da cela e a arrancou das dobradiças como se fossem feitas de argila molhada.

– Vamos, Briareu – Annabeth disse. – Vamos tirar você daqui.

Ela estendeu sua mão. Por um segundo, o rosto do Briareu se transformou para uma expressão esperançosa. Vários dos seus braços se estenderam, mas o dobro bateu neles, afastando-os.

– Eu não posso – ele falou. – Ela vai me punir.

– Está tudo bem – Annabeth prometeu. – Você lutou contra os Titãs antes, e venceu, lembra?

– Eu me lembro da guerra. – A face de Briareu se metamorfoseou novamente – ergueu uma sobrancelha e fez beicinho. Sua face meditativa, acho. – O raio abalou o mundo. Nós jogamos muitas rochas. Os Titãs e os monstros quase ganharam. Agora eles estão ficando forte novamente. Campe disse–

– Não dê ouvidos a ela – eu disse. – Vamos!

Ele não se moveu. Eu sabia que Grover estava certo. Nós não tínhamos muito tempo antes que Campe voltasse. Mas eu não podia simplesmente deixá-lo aqui. Tyson iria chorar por semanas.

– Um jogo de pedra, papel, tesoura – eu disse abruptamente. – Se eu ganhar, você vem conosco. Se eu perder, nós vamos deixar você na cela.

Annabeth me olhou como se eu fosse louco.

O rosto do Briareu se transformou em duvidoso.

– Eu sempre ganho pedra, papel, tesoura.

– Então vamos lá! 

Eu bati meu punho na palma de minha mão três vezes. Briareu fez o mesmo com todas as cem mãos, o que soou como um exército marchando três passos a frente. Ele veio com toda uma avalanche de rochas, um conjunto completo para sala de aula de tesouras, e papel suficiente para fazer uma frota de aviões.

– Eu te disse – ele falou tristemente. – Eu sempre – seu rosto se transformou para confusão. – O que é que você fez?

– Uma arma – eu disse a ele, mostrando-lhe o meu dedo revólver. É um truque que Paul Blofis havia feito comigo, mas eu não ia contar isso a ele. – Uma arma bate qualquer coisa.

– Isso não é justo.

– Eu não disse nada sobre justo. Campe não vai ser justa se nós ficarmos por aqui. Ela vai culpar você por destruir as barras. Agora vamos!

Briareu fungou.

– Semideuses são trapaceiros. – Mas ele se ergueu lentamente e nos seguiu para fora da cela. Comecei a me sentir esperançoso. Tudo o que tínhamos que fazer era descer as escadas e encontrar a entrada do Labirinto. Mas então Tyson congelou.

No piso logo abaixo, Campe estava rosnando para nós.



– Pelo outro caminho – eu disse.

Nós fugimos pelo passadiço. Desta vez Briareu ficou feliz em nos seguir. Na verdade ele correu na frente, uma centena de mãos se agitando em pânico.

Atrás de nós, eu ouvi o som das asas gigantes quando Campe ganhou o ar. Ela sibilou e rosnou na sua língua milenar, mas eu não precisava de uma tradução para saber que ela estava planejando nos matar. Nós corremos escada abaixo, através de um corredor, e passamos um posto de guarda – que saia em outro bloco de celas da prisão.

– Esquerda – Annabeth disse. – Eu me lembro disto no tour.

Nós irrompemos para fora e nos encontramos no pátio da prisão, cercado por torres de segurança e arame farpado. Depois de estar no subterrâneo por tanto tempo, a luz do dia quase me cegou. Turistas estavam andando em volta, tirando fotografias. O vento açoitava frio vindo da baía. No sul, São Francisco brilhava branca e linda, mas ao norte, sobre a montanha Tamalpais, gigantescas nuvens de tempestade se agitavam.

O céu todo parecia um cume negro rodopiando da montanha onde Atlas estava aprisionado, e onde o palácio do Titã no Monte Ótris estava se erguendo novamente. Era difícil acreditar que os turistas não pudessem ver a tempestade sobrenatural se preparando, mas eles não deram nenhum indício de que algo estava errado.

– Está ainda pior – Annabeth disse, olhando para o norte. – As tempestades têm sido ruins o ano todo, mas aquilo–

– Continue correndo – Briareu gemeu. – Ela está atrás de nós!

Corremos para a parte mais afastada do pátio, o mais longe possível do bloco de celas.

– Campe é muito grande para passar pelas portas – eu disse esperançoso.

Então a parede explodiu.

Turistas gritavam enquanto Campe surgia a partir da poeira e escombros, suas asas abertas tão amplamente quanto o pátio. Ela estava segurando duas espadas – longas cimitarras de bronze que brilhavam com uma estranha aura esverdeada, feixes de vapor em ebulição que cheirava azedo e quente mesmo do outro lado do pátio.

– Veneno! – Grover ganiu. – Não deixe essas coisas tocarem em vocês, ou...

– Ou nós vamos morrer? – eu supus.

– Bem... depois de você secar lentamente até virar poeira, sim.

– Vamos evitar as espadas – decidi.

– Briareu, lute! – Tyson instou. – Cresça completamente!

Em vez disso, Briareu pareceu como se estivesse tentando encolher ainda mais. Ele parecia estar usando sua cara de terror absoluto.

Campe lampejou na nossa direção em suas pernas de dragão, centenas de cobras deslizando em torno de seu corpo. Por um segundo pensei em destampar Contracorrente e enfrentá-la, mas meu coração foi parar na minha garganta. Então Annabeth disse o que eu estava pensando:

– Corra.

Este foi o fim do debate. Não havia luta contra esta coisa. Corremos através do pátio da cadeia e para fora das portas da prisão, o monstro bem atrás nós. Mortais gritavam e corriam. Sirenes de emergência começaram a tocar.

Chegamos ao cais justo quando um barco de tour estava descarregando. O novo grupo de visitantes congelou quando nos viram correndo em sua direção, seguidos por uma multidão de turistas assustados, seguidos por... não sei o que eles viram através da Névoa, mas não deve ter sido bom.

– O barco? – Grover perguntou.

– Muito lento – disse Tyson. – Voltar para o labirinto. Única chance.

– Precisamos de uma distração – Annabeth falou.

Tyson arrancou um poste metálico do chão.

– Eu vou distrair Campe. Vocês corram adiante.

– Eu vou ajudá-lo – falei.

– Não – disse Tyson. – Você vai. O veneno machuca os ciclopes. Muita dor. Mas não vai matar.

– Tem certeza?

– Vá, irmão. Eu encontro você lá dentro.

Eu odiei a ideia. Eu quase perdera Tyson uma vez antes, e eu não queria sequer correr esse risco novamente. Mas não havia tempo para discutir, e eu não tinha nenhuma ideia melhor.

Annabeth, Grover, e eu pegamos uma das mãos de Briareu e o arrastamos para os estandes de admissão enquanto Tyson rugiu, baixou o seu poste, e atacou Campe como um cavaleiro em combate.

Ela olhava fixamente para Briareu, mas Tyson atraiu sua atenção logo que ele a acertou no peito com o poste, empurrando-a de volta para a parede. Ela guinchou e cortou com suas espadas, fatiando o poste em pedacinhos. Veneno gotejava em poças ao redor dela, esquentando o cimento.

Tyson pulou para trás enquanto o cabelo de Campe açoitava e sibilava, e as víboras em torno de suas pernas lançaram suas línguas em todas as direções. Um leão apareceu entre as faces meio-formadas da sua cintura e rugiu.

Conforme corremos para os blocos de celas, a última coisa que vi foi Tyson erguer um estande de sorvetes Dippin’ Dots e arremessá-lo em Campe. Sorvete e veneno explodiram para todo lado, todas as pequenas serpentes no cabelo de Campe pontilhadas de tutti-frutti.

Nós nos arremessamos de volta para o pátio da prisão.

– Não posso fazer isso – Briareu bufou.

– Tyson está arriscando a vida dele para ajudar você! – Eu gritei para ele. – Você vai fazer isso.

Quando alcançamos a porta do bloco de celas, ouvi um rugido zangado. Eu olhei para trás e vi Tyson correndo em direção a nós a toda velocidade, Campe atrás dele. Ela estava emplastada de sorvete e camisetas. Uma das cabeças de urso na cintura dela estava agora usando um par de óculos de plástico tortos de Alcatraz.

– Depressa! – Annabeth falou, como se eu precisasse que me dissessem isso.

Nós finalmente encontramos a cela por onde havíamos entrado, mas a parede de trás estava completamente lisa – sem sinal de uma rocha ou algo do tipo.

– Procure pela marca! – Annabeth disse.

– Ali! – Grover tocou um pequeno arranhão, e ele se tornou uma letra grega. A marca de Dédalo brilhou azul, e o muro de pedras se abriu.

Lento demais. Tyson estava vindo através do bloco de celas, as espadas de Campe golpeando atrás dele. Ela estava atrás dele, fatiando indiscriminadamente pelas celas e paredes de pedra.

Empurrei Briareu para dentro do labirinto, em seguida Annabeth e Grover.

– Você pode fazer isso! – Eu disse para Tyson. Mas imediatamente eu soube que ele não conseguiria, Campe estava ganhando. Ela levantou suas espadas. Eu precisava de uma distração – algo grande. Bati no meu relógio de pulso e ele se transformou em um escudo de bronze. Desesperadamente, eu o joguei no rosto do monstro.

O escudo a atingiu no rosto e ela vacilou apenas o suficiente para Tyson passar por mim e mergulhar no labirinto. Eu estava bem atrás dele. Campe atacou, mas ela estava muito atrasada. A porta de pedra se fechou e sua magia nos selou. Eu pude sentir todo o túnel tremer com Campe esmurrando-o, rugindo furiosamente. Todavia nós não ficamos por perto para brincar de “toc, toc” com ela. Nós corremos para a escuridão, e pela primeira vez (e última) eu estava feliz por estar de volta ao labirinto.

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