sexta-feira, 30 de agosto de 2013

A Batalha do labirinto - capitulo 9




                                         Eu removo estrume

Eu perdi as esperanças quando vi os dentes dos cavalos. Conforme chegava mais perto da cerca, segurei minha camiseta sobre o meu nariz para bloquear o cheiro. Um garanhão andou pelo esterco e relinchou bravo para mim. Ele mostrou os dentes, que eram pontudos como os de um urso.

Tentei falar com ele na minha mente. Eu posso fazer isso com a maioria dos cavalos.

– Oi – falei para ele. – Eu vou limpar seu estábulo. Isso não vai ser demais?

Sim! Disse o cavalo. Venha para dentro! Vou comer você! Meio-sangue apetitoso!

– Mas eu sou filho de Poseidon – protestei. – Ele criou os cavalos.

Geralmente isso me dá tratamento VIP no mundo equino, mas não desta vez.

Sim! Disse o cavalo entusiasticamente. Poseidon pode vir também! Vamos comer vocês dois! Frutos do mar!

Frutos do mar! Os outros cavalos concordaram enquanto andavam pelo campo. Moscas zumbiam por toda parte, e o calor do dia não melhorava o cheiro. Eu tive a ideia de que poderia cumprir este desafio, pois me lembrava de como Hércules havia feito isso. Ele canalizou um rio para os estábulos e os limpou dessa maneira. Calculei que talvez pudesse controlar a água. Mas se eu não conseguisse chegar perto dos cavalos sem ser devorado, isso seria um problema. E o rio estava colina abaixo, bem mais longe do que eu tinha percebido, quase um quilômetro de distância. O problema do cocô parecia bem maior de perto. Peguei uma pá enferrujada e joguei um pouco pra fora da cerca. Ótimo. Apenas mais quatro bilhões de pás para terminar.

O sol já estava baixando. Eu tinha no máximo algumas horas. Decidi que o rio era minha única esperança. Pelo menos seria mais fácil pensar na margem do rio do que ali. Eu comecei a descer a colina.



Quando cheguei ao rio, encontrei uma garota esperando por mim. Ela usava jeans e uma camiseta verde e seu longo cabelo castanho estava trançado com algas do rio. Ela tinha um olhar severo. Seus braços estavam cruzados.

– Ah não, você não vai – ela disse.

Eu a encarei.

– Você é uma náiade?

Ela girou os olhos.

– É claro!

– Mas você fala. E está fora da água.

– O quê, você acha que não podemos agir como humanos se quisermos?

Eu nunca pensara sobre isso. Eu meio que me senti estúpido, contudo, pois sempre vi muitas náiades no acampamento, e elas nunca fizeram nada além de dar risadinhas e acenar pra mim do fundo do lago.

– Olhe – eu disse. – Eu só vim pedir–

– Eu sei quem você é – ela disse. – E sei o que você quer. E a resposta é não! Eu não terei meu rio usado de novo para lavar aquele estábulo imundo!

– Mas–

– Ah, me poupe, garoto dos oceanos. Vocês tipos dos deuses do oceano sempre acham que são muuuuuito mais importantes do que um pequeno rio, não é? Bem, deixe eu te falar, esta náiade não vai se deixar levar só por que seu papai é Poseidon. Aqui é território de água doce, senhor. O último cara que me pediu esse favor - ah, e ele era bem mais atraente que você, aliás - ele me convenceu, e foi o pior erro que eu já cometi! Você faz ideia do que aquele monte de estrume faz com o meu ecossistema? Eu pareço uma planta de tratamento de esgoto pra você? Meus peixes morrerão. Eu nunca tirarei o esterco das minhas plantas. Ficarei doente por anos. NÃO, OBRIGADA!

O jeito que ela falou me lembrou minha amiga mortal, Rachel Elizabeth Dare – como se ela estivesse me batendo com as palavras. Eu não podia culpar a náiade. Agora que pensei sobre isso, eu ficaria furioso se jogassem quatro toneladas de estrume na minha casa. Mas mesmo assim...

– Meus amigos estão em perigo – disse a ela.

– Ah, que pena! Mas não é problema meu. E você não vai arruinar meu rio.

Ela parecia que estava pronta para uma luta. Seus punhos estavam serrados, mas pensei ter ouvido um leve vacilo em sua voz. De repende percebi que apesar de sua atitude irritada, ela tinha medo de mim. Ela provavelmente pensou que eu lutaria com ela pelo controle do rio, e ela estava preocupada que poderia perder.

O pensamento me entristeceu. Eu me senti um valentão, um filho de Poseidon usufruindo de sua influência por aí.

Eu sentei num toco de árvore.

– Tá bem, você venceu.

A náiade pareceu surpresa.

– Sério?

– Eu não vou lutar com você. É o seu rio.

Ela relaxou os ombros.

– Ah. Ah, bom. Digo - bom pra você!

– Mas meus amigos e eu seremos vendidos aos Titãs se eu não limpar aqueles estábulos até o pôr do sol. E eu não sei como.

O rio borbulhou alegremente. Uma cobra deslizou e submergiu. Finalmente a náiade suspirou.

– Vou lhe contar um segredo, filho do deus do mar. Pegue um pouco de terra.

– O quê?

– Você me ouviu.

Eu me agachei e peguei um punhado de terra do Texas. Estava seca e preta e manchada com pedaços de rochas brancas... Não, alguma coisa além de rochas.

– São conchas – a náiade disse. – Conchas marinhas petrificadas. Milhões de anos atrás, antes mesmo do tempo dos deuses, quando apenas Gaia e Urano reinavam, esta terra estava embaixo da água. Era parte do mar.

De repente vi o que ela queria dizer. Havia pequenos pedaços de antigos ouriços do mar na minha mão, conchas de moluscos. Até o limo das rochas continha impressões de conchas marinhas embutidas nele.

– Ok – falei. – Que bem isso me traz?

– Você não é tão diferente de mim, semideus. Mesmo quando estou fora d’água, a água está em mim. É minha fonte de vida. – Ela deu um passo atrás, pôs um pé na água e sorriu. – Espero que você encontre um meio de resgatar seus amigos.

E com isso ela se transformou em água e se misturou com o rio.



O sol estava tocando as colinas quando cheguei de volta ao estábulo. Alguém deve ter passado lá e alimentado os cavalos, pois eles estavam dilacerando enormes carcaças de animal. Não pude dizer que tipo de animal, e eu realmente não queria saber. Se era impossível os estábulos ficarem mais nojentos, cinquenta cavalos devorando carne crua deram conta disso.

Frutos do mar! Um deles pensou quando me viu. Chega mais! Ainda estamos com fome!

O que eu deveria fazer? Eu não podia usar o rio. E o fato de que este lugar estivera debaixo da água um milhão de anos atrás não me ajudava muito agora. Eu olhei para a pequena concha calcificada na minha mão, depois para o monte de estrume.

Frustrado, atirei a concha no cocô. Estava para virar de costas para os cavalos quando ouvi um barulho.

PFFFFFFFFFT! Como um balão vazando.

Olhei para baixo onde eu havia atirado a concha. Um pequeno fio de água escorria para fora do estrume.

– Sem essa – balbuciei.

Hesitando, dei um passo para acerca.

– Fique maior – falei para o ponto de água.

SPOOOOOOSH!

Água jorrou um metro no ar e continuou a borbulhar. Era impossível, mas estava lá. Dois cavalos vieram checar. Um pôs a boca na fonte e se encolheu.

Eca! Ele disse. Salgada!

Era água do mar no meio de um rancho do Texas. Peguei mais uma mão cheia de lama e recolhi algumas conchas. Eu não sabia exatamente o que estava fazendo, mas corri pela extensão do estábulo, atirando conchas nas pilhas de esterco. Onde quer que as conchas caíssem, uma nascente de água salgada aparecia.

Pare! Os cavalos choravam. Carne é bom! Banhos são ruins!

Então percebi que a água não estava escorrendo para fora do estábulo e descendo a colina como deveria fazer. Elas simplesmente efervesciam em volta da fonte e afundavam no chão, levando o estrume consigo. O cocô de cavalo dissolvia na água salgada, deixando a normal e velha lama.

– Mais! – gritei.

Havia uma sensação estranha nas minhas entranhas, e as fontes de água explodiram como o maior lava jato do mundo. Água salgada disparou a seis metros de altura. Os cavalos enlouqueceram correndo de um lado para o outro conforme os jatos borrifavam em todas as direções. Montanhas de cocô começaram a derreter como gelo. A sensação estranha ficou mais intensa, dolorosa até, mas havia algo incrível em ver toda aquela água salgada. Eu fizera aquilo. Eu trouxera o oceano para esta encosta.

Pare, senhor! Um cavalo chorou. Pare, por favor!

A água corria por todo lugar agora. Os cavalos estavam molhados, e alguns estavam em pânico e escorregando na lama. O cocô se foi completamente, toneladas dele dissolvidas na terra, e a água agora estava começando a empoçar, saindo do estábulo, formando uma centena de pequenos fluxos de água até o rio.

– Pare – eu disse para a água.

Nada aconteceu. A dor nas entranhas estava se consolidando. Se eu não parasse os géisers logo, a água salgada iria correr para o rio e envenenar as plantas e peixes.

– Pare! – eu concentrei todo o meu poder em controlar a força do mar. De repente os gêiseres pararam. Eu caí de joelhos, exausto. À minha frente estava um estábulo brilhando de limpo, um campo de lama salgada e cinquenta cavalos que haviam sido lavados tão bem que seus couros cintilavam. Até os pedaços de carne entre seus dentes haviam sido lavados.

Nós não vamos comê-lo, senhor! Os cavalos se lamentaram. Por favor, senhor! Chega de banhos salgados!

– Com uma condição – falei. – Vocês só comerão o que lhes for dado por seus donos a partir de hoje. Nada de pessoas. Ou eu voltarei com mais conchas do mar.

Eles relincharam e me fizeram um monte de promessas de que seriam bons cavalos carnívoros de agora em diante, mas eu não fiquei para conversar. O sol estava se pondo. Eu me virei e a toda velocidade em direção a casa do rancho.



Eu senti cheiro de churrasco antes de alcançar a casa, o que me deixou ainda mais louco, pois eu realmente adoro churrasco.

A varanda estava preparada para uma festa. Serpentina e balões enfeitavam a grade. Geríon estava virando hambúrgueres num grande fogo de churrasco feito em um tambor de óleo. Eurítion descansava numa mesa de piquenique, cortando as unhas com uma faca. O cachorro de duas cabeças farejava as costelas e hambúrgueres que estavam fritando na grelha. E então vi meus amigos: Tyson, Grover, Annabeth, e Nico todos jogados num canto, amarrados como animais de rodeio, amordaçados e com os pulsos e calcanhares amarrados juntos.

– Solte-os! – gritei, ainda sem fôlego por subir correndo os degraus. – Eu limpei os estábulos!

Geríon se virou. Ele usava um avental em cada peito, com uma palavra em cada, de forma que juntos formavam: BEIJE O CHEF.

– Limpou, agora? Como conseguiu?

Eu estava bem impaciente, mas contei a ele.

Ele assentiu aprovando.

– Muito engenhoso. Seria melhor se você tivesse envenenado aquela náiade maldita, mas tudo bem.

– Solte meus amigos – disse. – Tínhamos um acordo.

– Ah, eu estive pensando sobre isso. O problema é, se eu os soltar, não serei pago.

– Você prometeu!

Geríon fez tsc, tsc.

– Mas você me fez jurar pelo rio Estige? Não, não fez. Então não é obrigatório. Quando se trata de negócios, criança, você deve sempre fazer um juramento que vincule.

Puxei minha espada. Ortro rugiu. Uma das cabeças se abaixou até perto da orelha de Grover e pôs os dentes à mostra.

– Eurítion – falou Geríon, – o garoto está começando a me irritar. Mate-o.

Eurítion me estudou. Eu não gostava das minhas chances contra ele e aquele porrete enorme.

– Mate-o você mesmo – Eurítion falou.

Geríon ergueu as sobrancelhas.

– Como é?

– Você me ouviu – Eurítion resmungou. – Você fica me mandando fazer o seu trabalho sujo. Você se mete em brigas sem motivo, e estou ficando cansado de morrer por você. Você quer lutar com o garoto, faça você mesmo.

Era a coisa mais anti-Ares que eu já ouvira um filho de Ares dizer.

Geríon largou sua espátula.

– Você ousa me desafiar? Eu devia despedi-lo agora mesmo!

– E quem cuidaria do seu rebanho? Ortro, junto.

O cachorro parou imediatamente de grunhir para Grover e foi se sentar aos pés do vaqueiro.

– Certo! – Geríon rosnou. – Cuido de você mais tarde, depois que o garoto estiver

morto!

Ele pegou duas facas entalhadas e as jogou em mim. Desviei uma com minha espada. A outra cravou na mesa de piquenique a uma polegada da mão de Eurítion.

Fui ao ataque. Geríon defendeu meu primeiro ataque com um par de pinças vermelhas e quentes e investiu contra meu rosto com um garfo de churrasco. Entrei em sua segunda investida e o apunhalei direto no peito do meio.

– Aghhh! – ele caiu de joelhos.

Eu esperei que ele se desintegrasse do modo como monstros normalmente fazem. Mas ele apenas fez uma careta e começou a se levantar. A ferida sob seu avental de chef começou a cicatrizar.

– Bela tentativa filho – ele disse. – O negócio é, eu tenho três corações. O perfeito sistema de escape.

Ele virou a churrasqueira e brasas espirraram para todos os lados. Uma passou próxima do rosto de Annabeth, e ela soltou um grito abafado. Tyson lutou contra suas cordas, mas mesmo sua força não era suficiente para rompê-las. Eu tinha que acabar com essa luta antes que meus amigos se machucassem.

Golpeei Geríon em seu peito da esquerda, mas ele apenas riu. Atingi seu estômago da direita. Não fez bem algum. Eu poderia muito bem estar espetando a espada em um ursinho de pelúcia por toda a reação que ele mostrava.

Três corações. O sistema perfeito de escape. Atacando um de cada vez não resolveria... Eu corri para a casa.

– Covarde! – ele gritou. – Volte e morra descentemente!

As paredes da sala de estar eram decoradas com um monte de troféus de caça horrendos – veados empalhados e cabeças de dragão, um estojo de armas, um mostruário de espadas, e um arco com uma aljava.

Geríon atirou seu garfo de churrasco, e ele bateu na parede bem perto da minha cabeça. Ele sacou duas espadas do mostruário.

– Sua cabeça vai parar ali, Jackson! Perto do urso pardo!

Eu tive uma ideia maluca. Larguei Contracorrente e peguei o arco na parede. Eu era o pior arqueiro do mundo. Não conseguia acertar os alvos no acampamento, muito menos um olho de touro. Mas eu não tinha escolha. Não podia vencer esta luta com uma espada. Rezei para Ártemis e Apolo, os gêmeos arqueiros, esperando que tivessem piedade de mim uma vez. Por favor, gente. Apenas um disparo. Por favor.

Encaixei a flecha.

Geríon riu.

– Seu imbecil! Uma flecha não é melhor do que uma espada.

Ele ergueu suas espadas e atacou. Mergulhei para o lado. Antes que ele pudesse se virar, disparei minha flecha no lado de seu peito direito. Eu ouvi THUMP, THUMP, THUMP, conforme a flecha passava diretamente por cada um dos seus troncos e saia voando do outro lado, cravando-se na cabeça do urso pardo.

Geríon largou suas espadas. Ele se virou e me encarou.

– Você não pode atirar. Eles me disseram que você não podia...

Seu rosto tornou-se uma sombra verde e doentia. Ele caiu de joelhos e começou a desintegrar-se em areia, até que tudo o que sobrou foram três aventais de cozinha e um par de botas de vaqueiro supergrandes.



Eu desamarrei meus amigos. Eurítion não tentou me impedir. Depois eu armei a churrasqueira e joguei a comida nas chamas como uma oferenda a Ártemis e Apolo.

– Valeu, caras – falei. – Eu lhes devo uma.

O céu trovejou ao longe, então imaginei que os hambúrgueres cheiravam ok.

– Viva pro Percy! – disse Tyson.

– Podemos amarrar esse vaqueiro agora? – disse Nico.

– É! – Grover concordou. – E aquele cão quase me matou!

Eu olhei para Eurítion, que ainda estava sentado relaxado na mesa de piquenique. Ortro estava com ambas as cabeças apoiadas nos joelhos do vaqueiro.

– Quanto vai demorar para Geríon se retornar? – perguntei a ele.

Eurítion deu de ombros.

– Cem anos? Ele não é daqueles que se reformam rápido, graças aos deuses. Você me fez um favor.

– Você disse que já morreu por ele antes – lembrei. – Como?

– Eu tenho trabalhado para aquele cretino por milhares de anos. Comecei como um meio-sangue regular, mas aceitei a imortalidade quando meu pai a ofereceu. Pior erro da minha vida. Agora estou preso neste rancho. Não posso sair. Não posso desistir. Apenas cuido das vacas e luto as lutas de Geríon. Estamos meio que amarrados um ao outro.

– Talvez você possa mudar as coisas – falei.

Eurítion estreitou os olhos.

– Como?

– Seja bom com os animais. Cuide deles. Pare de vendê-los por comida. E pare de negociar com os Titãs.

Eurítion pensou sobre isso.

– Isso seria legal.

– Traga os animais para o seu lado, e eles vão ajudá-lo. E talvez quando Geríon voltar ele trabalhe para você.

Eurítion sorriu largamente.

– Agora, com isso eu conseguiria viver.

– Você não vai tentar nos impedir de sair?

– Imagina, não.

Annabeth esfregou seus pulsos machucados. Ela ainda olhava Eurítion suspeitamente.

– Seu chefe disse que alguém pagou para nos deixar passar. Quem?

O vaqueiro deu de ombros.

– Talvez ele tenha dito isso só para enganar vocês.

– E quanto aos Titãs? – perguntei. – Vocês já os informaram por mensagem de Íris sobre Nico?

– Não. Geríon estava esperando até o fim do churrasco. Eles não sabem sobre ele.

Nico olhava fixo para mim. Eu não sabia muito bem o que fazer com ele. Duvidava que ele concordasse em vir conosco. Por outro lado, não podia simplesmente deixá-lo vagueando por aí sozinho.

– Você poderia esperar aqui enquanto terminamos nossa missão – falei a ele. – Seria seguro.

– Seguro? – Nico disse. – Por que você se importa se eu estou seguro? Você deixou que minha irmã morresse.

– Nico – Annabeth disse, – não foi culpa do Percy. E Geríon não estava mentindo sobre Cronos querer capturar você. Se ele soubesse quem você é, ele faria de tudo para tê-lo do lado dele.

– Eu não estou do lado de ninguém. E não tenho medo.

– Você deveria ter – Annabeth disse. – Sua irmã não iria querer–

– Se você se importasse com minha irmã, me ajudaria a trazê-la de volta!

– Uma alma por outra alma? – disse.

– Sim!

– Mas se você não quer minha alma–

– Eu não estou explicando nada pra você! – Ele piscou lágrimas para fora de seus olhos. – E eu vou trazê-la de volta.

– Bianca não iria querer ser trazida de volta – eu disse. – Não desse jeito

– Você não a conhecia! – ele gritou. – Como você sabe o que ela iria querer?

Eu olhei para as chamas na churrasqueira. Eu pensei na frase da profecia de Annabeth: Tu ascenderás ou cairás pela mão do rei fantasma. Tinha que ser Minos, e eu tinha que convencer Nico a não ouvi-lo.

– Vamos perguntar para a Bianca.

O céu pareceu escurecer de repente.

– Eu tentei – disse Nico miseravelmente. – Ela não vai responder.

– Tente de novo. Tenho a sensação que ela vai responder comigo aqui.

– Por que ela iria?

– Porque ela tem me enviado mensagens de Íris – eu disse, de repente com certeza disso. – Ela tem tentando me avisar sobre o que você está fazendo, para que eu possa protegê-lo.

Nico balançou a cabeça.

– Isso é impossível.

– Um jeito de descobrir. Você disse que não tem medo. – Eu me virei para Eurítion. – Nós vamos precisar de um buraco, como uma sepultura. E comida e bebida.

– Percy – Annabeth avisou. – Eu não acho que seja uma boa–

– Tá bem – disse Nico. – Eu vou tentar.

Eurítion coçou a barba.

– Há um buraco cavado para um tanque séptico. Nós podemos usá-lo. Garoto ciclope, pegue minha caixa de gelo na cozinha. Espero que a morta goste de cerveja.

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