sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Jogos vorazes - capitulo 22




O som de chuva batendo contra o teto de nossa casa gentilmente me puxa para consciência. Luto para retornar ao sono, entretanto, enrolada num quente bolo de cobertores, segura em casa. Vagamente estou consciente de que minha cabeça dói. Possivelmente eu tenho gripe e é por isso que posso ficar na cama, embora possa dizer que dormi por muito tempo.A mão da minha mãe acaricia minha bochecha e não a afasto como eu faria se estivesse totalmente acordada, nunca querendo que ela saiba o quanto desejo aquele toque gentil. O quanto eu senti a sua falta, embora ainda não confiasse nela. Então há uma voz, uma voz errada, não da minha mãe, e estou com medo.— Katniss. Katniss, você pode me ouvir?Meus olhos se abrem e a sensação de segurança desaparece. Não estou em casa, não com minha mãe. Estou numa caverna escura e fria, meus pés nus congelando apesar do cobertor, o ar maculado com o claro cheiro de sangue. O rosto pálido e cansado de um garoto entra na minha visão, e depois de um golpe inicial de alarme, sinto-me melhor.— Peeta.— Hey  ele cumprimenta. — Bom ver seus olhos novamente.— Por quanto tempo estive apagada?  pergunto.— Não tenho certeza. Acordei ontem de manhã e você estava deitada ao meu lado numa poça de sangue assustadora  ele conta. — Acho que finalmente parou, mas eu não me sentaria nem nada.Eu cuidadosamente levanto minha mão para minha cabeça e encontro-a enfaixada. Esse simples gesto me deixa fraca e tonta. Peeta segura uma garrafa nos meus lábios e bebo com sede.— Você está melhor  digo.— Muito melhor. O que quer que você injetou no meu braço fez um truque. Essa manhã, quase todo o inchaço da minha perna tinha sumido.Ele não parecia zangado por eu tê-lo enganado, drogado e corrido para o banquete. Talvez eu esteja apenas batida demais e vou escutar depois quando estiver mais forte. Mas por enquanto, ele é toda gentileza.— Você comeu?  pergunto.— Sinto muito por dizer que engoli três pedaços daquelas ervas antes de perceber que elas deveriam durar mais. Não se preocupe, estou de volta à dieta rígida.— Não, é bom. Você precisa comer. Vou caçar em breve  digo.— Não tão em breve, certo? Você só tem de me deixar tomar conta de você por ora.Eu realmente não pareço ter muita escolha. Peeta me alimenta com pedaços de ervas e uvas secas e me faz beber muita água. Ele esfrega meus pés para aquecê-los e os enrola em sua jaqueta antes de enfiar o saco de dormir de volta ao redor do meu queixo.— Suas botas e meias ainda estão molhadas e o tempo não está ajudando muito  ele conta.Há um ruído de um trovão, e vejo a eletricidade iluminando o céu através da abertura das pedras. A chuva goteja pelos vários buracos do teto, mas Peeta construiu um tipo de cobertura sobre minha cabeça e a parte superior do meu corpo, prendendo um pedaço de plástico na pedra acima de mim.— O que provocou essa tempestade? Quero dizer, quem é o alvo?  Peeta pergunta.— Cato e Thresh  digo sem pensar. — Foxface está em seu esconderijo em algum lugar, e Clove... ela me cortou e então...  Minha voz falha.— Sei que Clove está morta. Vi no céu noite passada  diz. — Você a matou?— Não. Thresh quebrou sua cabeça com uma pedra.— Sorte que ele não te pegou, também  Peeta fala.A memória do banquete retorna com força total e me sinto doente.— Ele me pegou. Mas me deixou ir.Então, é claro, tenho de contar a ele. Sobre coisas que mantive para mim mesma, porque ele estava tão doente para perguntar e eu não estava pronta para reviver, de qualquer modo. Como a explosão e meu ouvido, Rue morrendo, o garoto do Distrito 1 e o pão. Tudo que leva ao que aconteceu com Thresh e como ele estava pagando uma dívida de sorte.— Ele te deixou porque não queria dever nada a você?  pergunta Peeta com descrença.— Sim. Não espero que você entenda. Você sempre teve o suficiente. Mas se você vivesse na Costura, eu não teria de explicar.— E não tente. Obviamente sou muito burro para compreender.— É como o pão. Como eu nunca pareço pagar a dívida com você por aquilo.— O pão? O quê? De quando éramos crianças?  diz. — Acho que podemos deixar isso. Quero dizer, você só me trouxe de volta da morte.— Mas você não me conhecia. Nós nunca tínhamos nos falado. Além disso, o primeiro presente é sempre o mais difícil de pagar. Eu não estaria nem ao menos aqui se você não tivesse me ajudado então. Por que você fez, de qualquer maneira?— Por quê? Você sabe o porquê  Peeta diz. Dou com minha cabeça um leve e doloroso agito. — Haymitch disse que demoraria bastante para te convencer.— Haymitch?  pergunto. — O que ele tem a ver com isso?— Nada  Peeta diz. — Então, Cato e Thresh, huh? Acho que é esperar demais que eles se destruam simultaneamente?Mas o pensamento apenas me irrita.— Acho que nós gostaríamos de Thresh. Acho que ele seria nosso amigo no Distrito Doze  digo.— Estão vamos esperar que Cato mate Thresh, assim não teremos de fazer isso Peeta responde cruelmente.Não quero nem um pouco que Cato mate Thresh. Não quero que ninguém mais morra. Mas essa não é absolutamente o tipo de coisa que vencedores dizem na arena. Apesar dos meus esforços, posso sentir as lágrimas se acumulando nos meus olhos.Peeta olha para mim com preocupação.— O que é? Você está sentindo muita dor?Dou a ele outra resposta, porque é igualmente verdadeira, mas pode ser levada como um breve momento de fraqueza em vez de uma fraqueza terminal.— Quero ir para casa, Peeta  digo queixosamente, como uma criança pequena.— Você vai. Prometo  ele diz, e se inclina para me dar um beijo.— Quero ir para casa agora.— Não me diga. Volte a dormir e sonhe com ela. E você vai estar lá de verdade antes que você saiba  ele diz. — Ok?— Ok  sussurro. — Acorde-me se precisar para vigiar.— Estou bem e descansado, graças a você e a Haymitch. Além disso, quem sabe quanto isso vai durar?  diz.O que ele quer dizer? A tempestade? A breve trégua que ela trás para nós? Os próprios Jogos? Não sei, mas estou muito triste e cansada para perguntar.É de tarde quando Peeta me acorda. A chuva se tornou torrencial, mandando fluxos de água através do nosso teto, onde houve apenas goteiras. Peeta colocou o pote de caldo sob a pior e reposicionou o plástico para desviar a maior parte de mim. Sinto-me um pouco melhor, capaz de sentar sem ficar tão tonta, e estou absolutamente faminta. Assim está Peeta. Está claro que ele esperou eu acordar para comer e está ávido para começar.Resta muito pouco. Dois pedaços de ervas, uma pequena mistura de raízes e um punhado de frutas secas.— Deveríamos racionar?  Peeta pergunta.— Não, vamos acabar com tudo. As ervas estão ficando velhas, de qualquer jeito, e a última coisa que precisamos é ficar doente por causa de comida estragada.Divido a comida em duas pilhas iguais. Tentamos comer devagar, mas ambos estamos com tanta fome que terminamos em dois minutos. Meu estômago não está satisfeito.— Amanhã é dia de caçar  digo.— Eu não vou ser de muita ajuda nisso. Nunca cacei antes.— Eu mato e você cozinha. E você pode sempre colher.— Queria que existisse algum arbusto de pão por aí  Peeta comenta.— O pão que me mandaram do Distrito 11 ainda estava quente  digo com um suspiro. — Aqui, coma esses.Dou a ele duas folhas de hortelã e coloco algumas na minha boca.É difícil até para ver a projeção no céu, mas é claro o suficiente para saber que não houve mais mortes hoje. Então Cato e Thresh não saíram ainda.— Para onde Thresh foi? Quero dizer, o que há do outro lado da Cornucópia? — pergunto a Peeta.— Um campo. Até o ponto que você pode ver é cheio de mato tão alto quanto meus ombros. Não sei, talvez algumas delas tenham sementes. Há partes de diferentes cores. Mas não há trilhas  diz Peeta.— Aposto que algumas delas têm sementes. Aposto que Thresh sabe quais, também digo. — Você foi lá?— Não. Ninguém realmente queria seguir Thresh naquele matagal. Tem uma sensação sinistra lá. Toda vez que olho para o campo, tudo em que consigo pensar são coisas escondidas. Cobras, animais raivosos e areia movediça. Pode haver qualquer coisa lá.Não digo a Peeta, mas suas palavras me lembram das advertências que dão a nós sobre não ir além da cerca no Distrito 12. Não posso evitar, por um momento, compará-lo a Gale, que veria aquele campo como uma potencial fonte de comida tanto quanto uma ameaça. Thresh certamente viu.Não que Peeta seja frágil, ele provou que não é covarde. Mas há coisas que você não questiona tanto, acho, quando sua casa sempre cheira como uma fornada de pães, enquanto que Gale questiona tudo. O que Peeta pensaria das brincadeiras irreverentes que passam entre nós quando quebramos a lei todo dia? Iria chocá-lo? As coisas que dissemos sobre Panem? As desgraças de Gale contra a Capital?— Talvez haja um arbusto de pão naquele campo  falo. — Talvez seja por isso que Thresh pareça melhor alimentado agora do que quando começamos os Jogos.— Ou isso ou ele tem generosos patrocinadores  diz Peeta. — Pergunto-me o que nós teríamos de fazer para conseguir que Haymitch nos mande algum pão.Levanto minhas sobrancelhas antes de me lembrar que ele não sabe sobre a mensagem que Haymitch nos enviou há duas noites. Um beijo igual a um pote de caldo. Não é o tipo de coisa que posso deixar escapar, tampouco. Dizer meus pensamentos em voz alta seria confessar para a audiência que esse romance foi fabricado para brincar com suas simpatias, e isso resultaria em nenhuma comida. De alguma forma aceitável, tenho de começar tudo de volta no caminho certo. Algo simples para começar. Estendo a mão e tomo a dele.— Bem, ele provavelmente usou muito recurso ajudando-me a te desacordar  digo de forma travessa.— Sim, sobre aquilo — Peeta fala, entrelaçando seus dedos nos meus. — Não tente algo como aquilo novamente.— Ou o quê?  pergunto.— Ou... ou...  Ele não pode pensar em nada bom. — Só me dê um minuto.— Qual é o problema?  digo com um sorriso.— O problema é que nós dois estamos vivos. O que apenas reforça a ideia na sua cabeça de que você fez a coisa certa  diz Peeta.— Eu fiz a coisa certa.— Não! Só não, Katniss!  Seu aperto fica mais forte, machucando minha mão, e há raiva real em sua voz. — Não morra por mim. Você não vai me fazer qualquer favor. Certo?Estou assustada com sua intensidade, mas reconheço uma excelente oportunidade de conseguir comida, então tento continuar.— Talvez eu tenha feito por mim mesma, Peeta, você já pensou nisso? Talvez você não seja o único que... que se preocupe com... o que seria se...Eu me atrapalho. Não sou tão boa com as palavras como Peeta. E enquanto estou conversando, a ideia de perder Peeta de verdade me atinge novamente e percebo o quanto não quero que ele morra. Não é sobre os patrocinadores. Não é sobre o que vai acontecer em casa. E não é só porque eu queira ficar sozinha. É ele. Eu não quero perder o garoto do pão.— Se o quê, Katniss?  ele diz suavemente.Eu gostaria de fechar as persianas, bloquear esse momento dos olhos curiosos de Panem. Mesmo que isso signifique perder comida. O que quer que eu esteja sentindo, não é problema de ninguém além de mim.— Esse é exatamente o tipo de tópico que Haymitch me disse para me afastar  digo evasivamente, embora Haymitch nunca tenha dito nada do tipo.De fato, ele provavelmente está me amaldiçoando agora mesmo por deixar a bola cair durante tal mudança emocional. Mas Peeta de algum modo percebe.— Então tenho apenas de preencher os vazios eu mesmo  ele fala, e se move para mim.Esse é o primeiro beijo em que ambos estamos totalmente conscientes. Nenhum de nós insensível por doença, dor ou simplesmente inconsciente. Nossos lábios nem queimando de febre ou gelados. Esse é o primeiro beijo com o qual sinto uma agitação dentro do meu peito. Quente e curiosa. Esse é o primeiro beijo que me faz querer outro.Mas eu não consigo. Bem, eu consigo um segundo beijo, mas é apenas um suave na ponta do meu nariz, porque Peeta está distraído.— Acho que seu machucado está sangrando de novo. Venha, deite-se, é hora de se deitar, de qualquer maneira.Minhas meias estão secas o bastante para usá-las agora. Faço Peeta colocar sua jaqueta de volta. O frio úmido parece me cortar até meus ossos, então ele deve estar meio congelado. Insisto em ficar na primeira vigia, também, embora nenhum de nós pense que alguém virá nesse tempo. Mas ele não vai aceitar a menos que eu esteja com o saco, também, e estou com tantos calafrios que é inútil discutir.Em contraste com duas noites atrás, quando sentia que Peeta estava a milhões de quilômetros de distância, estou impressionada com seu imediatismo agora. Quando nos assentamos, ele puxa minha cabeça para usar seu braço como travesseiro, e o outro fica sobre mim protetoramente mesmo quando ele vai dormir. Ninguém me segurou dessa forma por um longo tempo. Desde que meu pai morreu e eu parei de confiar na minha mãe, os braços de ninguém me fizeram sentir segurança.Com a ajuda dos óculos, observo as gotas de água batendo no chão da caverna. Rítmica e tranquila. Várias vezes, eu cochilo brevemente e então acordo de repente, culpada e furiosa comigo mesma. Depois de três ou quatro horas, não posso evitar, tenho de acordar Peeta porque não posso manter meus olhos abertos. Ele não parece se importar.— Amanhã, quando estiver seco, vamos encontrar um lugar tão alto nas árvores em que ambos possamos dormir em paz  prometo enquanto caio no sono.Mas o dia seguinte não é melhor em termos de tempo. O dilúvio continua como se os Gamemakers tencionassem nos lavar. O trovão é tão poderoso que parece tremer o chão.Peeta está considerando sair da caverna para procurar por comida, mas digo a ele que nessa tempestade seria inútil. Ele não será capaz de ver um metro ante seus olhos e apenas conseguirá ficar molhado até os ossos. Ele sabe que estou certa, mas a mordida nos nossos estômagos está se tornando dolorosa.O dia se transforma em noite e não há pausa no tempo. Haymitch é nossa única esperança, mas nada é iminente, ou por falta de dinheiro – tudo vai custar uma quantia exorbitante – ou porque ele está insatisfeito com nossa performance. Provavelmente o último. Eu seria a primeira a admitir que não estamos exatamente fascinantes hoje. Privados de comida, fracos de ferimentos, tentando não reabrir as feridas. Estamos sentados aconchegados um no outro no saco de dormir, sim, mas principalmente para nos manter quentes. A coisa mais excitante que fazemos é cochilar.Não estou muito certa de como aumentar o romance. O beijo na noite passada foi ótimo, mas trabalhar para outro vai levar alguma premeditação. Há garotas na Costura, algumas garotas comerciantes, também, que navegam nessas águas facilmente. Mas nunca tive muito tempo ou uso para isso. De qualquer forma, só um beijo não é mais suficiente, porque se fosse nós teríamos comida noite passada. Meus instintos me dizem que Haymitch não está procurando apenas afeição física, ele quer algo mais pessoal. O tipo de coisa que ele estava tentando conseguir que eu contasse sobre mim quando estávamos praticando para a entrevista. Sou ruim nisso, mas Peeta não é. Talvez a melhor aproximação seja fazer com que ele fale.— Peeta — chamo suavemente. — Você disse na entrevista que tinha uma queda por mim desde sempre. Quando o sempre começou?— Ah, vamos ver. Acho que no primeiro dia na escola. Tínhamos cinco anos. Você usava um vestido de lã vermelho e seu cabelo... estava em duas tranças em vez de uma. Meu pai apontou para você quando estávamos esperando para o alinhamento Peeta conta.— Seu pai? Por quê?— Ele disse, “Vê aquela garota? Eu quis casar com a mãe dela, mas ela fugiu de mim com um mineiro de carvão”  Peeta narra.— O quê? Você está brincando!  exclamo.— Não, verdade. E eu disse, “Um mineiro de carvão? Por que ela quis um mineiro de carvão se poderia ter você?” E ele disse, “Porque quando ele canta... até os pássaros param para escutar”.— Isso é verdade. Eles param. Quero dizer, eles paravam.Estou impressionada e surpreendentemente comovida, pensando no padeiro dizendo isso a Peeta. Golpeia em mim minha própria relutância em cantar, minha própria demissão de música pode não ser porque eu pensava que era uma perda de tempo. Pode ser porque me lembra tanto meu pai.— Então naquele dia, na reunião musical, a professora perguntou quem sabia a canção do vale. Sua mão subiu logo no ar. Ela te levantou no banco e você cantou para nós. E juro, todos os pássaros do lado de fora da janela ficaram em silêncio — ele lembra.— Ah, por favor  respondo, rindo.— Não, aconteceu. E logo quando sua música terminou, eu soube – bem como sua mãe – que eu estava perdido  Peeta diz. — Então, pelos próximos onze anos, tentei criar coragem para falar com você.— Sem sucesso  acrescento.— Sem sucesso. Então, de algum modo, meu nome sendo escolhido na colheita foi uma sorte  diz Peeta.Por um momento, estou quase estupidamente feliz, e depois confusão me varre. Porque nós deveríamos estar fazendo isso, fingir estarmos apaixonados não é estarmos apaixonados. Mas a história de Peeta tem um fundo de verdade. Essa parte sobre meu pai e os pássaros. E eu cantei no primeiro dia na escola, embora não me lembre da música. E o vestido de lã vermelho... havia um, passado para Prim depois da morte do meu pai.Isso explicaria outra coisa, também. Por que Peeta apanhou para me dar o pão naquele dia terrível. Então, se todos aqueles detalhes são verdade... poderia ser tudo verdade?— Você tem uma... memória fora do comum  digo hesitante.— Eu me lembro de tudo sobre você  Peeta conta, colocando uma mecha solta do meu cabelo atrás da minha orelha. — Era você quem não prestava atenção.— Estou prestando agora.— Bem, não tenho muita concorrência aqui.Quero me afastar, fechar as portas outra vez, mas sei que não posso. É como se eu ouvisse Haymitch sussurrando no meu ouvido: “Fale! Fale!”
Engulo com força e as palavras saem.— Você não teve muita concorrência em qualquer lugar.E dessa vez, sou eu quem se inclina.Nossos lábios mal se tocam quando um som metálico do lado de fora nos faz pular. Meu arco sobe, a flecha já preparada para voar, mas não há outro som. Peeta espreita através das pedras, e então dá um berro. Antes que eu possa pará-lo, ele se abaixa na chuva, então estende algo para mim. Um paraquedas prateado amarrado a uma cesta. Abro-a de uma vez e o que há dentro é um banquete – pães, queijo de cabra, maçãs, e o melhor de tudo, uma terrina com um ensopado de cordeiro junto com arroz. O prato que eu disse a Caesar Flickerman que era a coisa mais impressionante que a Capital tinha a oferecer.Peeta volta para dentro, seu rosto iluminado como o sol.— Acho que Haymitch finalmente ficou cansado de nos observar morrer de fome.— Também acho  respondo.Mas na minha cabeça posso ouvir as palavras presunçosas, senão levemente exasperadas, “Sim, isso é o que eu estava procurando, querida.”


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