quinta-feira, 24 de outubro de 2013

TAG: Como eu leio!



Olá leitores, estou aqui pra fazer a primeira tag do blog chamada: Como eu leio, espero que gostem.


Eu estava dando uma olhada em uns blog´s literários, então quando estava no blog O devorador de livros quando vejo esta tag, que consiste em responder perguntas  de como eu leio, onde, como, etc. Então vamos começar.


A AQUISIÇÃO


1 – Sempre compra você mesmo seus livros, ou tem anjos da guarda? Se tem quem são eles normalmente?

R: Sim, mas normalmente é a minha mãe ou minha vó que compram, mas meus amigos em datas comemorativas ( aniversário ) compram.

2 – Gasta quanto (em média) por mês em livros? Já estourou o cartão de crédito com livros?

R: Não tenho cartão de crédito, mas o da minha mãe, deu na trave. em média 100 reais.

3 – Consegue livros emprestados com frequência? Se sim, quem te empresta normalmente?

R: Sim, minha irmã e minha prima, anjos.


O DELEITE


1 – Lê em média quantos livros por mês? 

R: Não tenho um tempo, mas sempre pretendo ler quanto mais, melhor.

2 – Lê em média quantas páginas em um dia da semana? E fim de semana?

R: Lei em média 100 por dia, meio que é uma meta, as vezes mais... No fim não leio MUITO, então não sei.

3 – Consegue abandonar um livro no meio da leitura?

R: Nunca ABANDONEI, sim eu não abandonei, só parei de ler, mas um dia eu pego de volta A hospedeira e termino de ler.


O LOCAL DO CRIME


1 – Consegue ler em local movimentado? (ônibus, fila de banco)

R: Sim, desde que esteja sentado.

2 – Prefere ler na mesa, sofá, no chão ou na cama?

R: Cama, muito melhor.

3 – Qual a hora do dia que prefere para ler?

R: acho que entre 13:00 18:00, quando estou sozinho.


OS IMPEDIMENTOS


1 – É solteiro (a)? Se não seu companheiro (a) te dá espaço para ler?

R: Solteiro sim, sozinho nunca. 

2 – Lê no trabalho? Se sim, qual emprego dá esta dádiva de ler na hora do serviço?

R: Trabalho com elfo doméstico em casa, então sim.

3 – Já deixou de sair com a galera só para ler aqueles capítulos irresistíveis?

R: Já, até aniversário.


AS INSANIDADES


1 – Já sonhou ou teve pesadelos vivendo a histórias de um livro, qual foi o livro?

R: Já sonhei com vários, mas o mais comum é com Percy Jackson.

2 – Qual a loucura que já fez ou faria para conseguir um livro?

R: Nunca fiz, mas faria, concerteza.

3 – Já chorou ao terminar um livro? Foi de felicidade ou tristeza? Qual foi o livro?

R: As vantagens de ser invisível.


INDICANDO

Eu estou tageando todos!

domingo, 20 de outubro de 2013

A marca de Atena


                                                                       

Contada da perspectiva de quatro semideuses diferentes, incluindo Annabeth Chase, da série Percy Jackson & os Olimpianos, A Marca de Atena une os principais personagens gregos e romanos de O Herói Perdido e O Filho de Netuno.
Em um navio fantástico chamado Argo II, sete semideuses iniciarão uma jornada através dos ares dos Estados Unidos e através dos mares até Roma, em sua missão de derrotar Gaia, a mãe da terra. Enquanto isso, uma guerra se inicia entre os semideuses romanos e gregos que ficaram para trás, e somente Annabeth pode restaurar a paz.

Capitulos:

I




V





X







































L




quinta-feira, 17 de outubro de 2013

LII - Leo






LEO AINDA ESTAVA EM CHOQUE. Tudo aconteceu tão rapidamente. Eles haviam salvado a Atena Partenos justamente quando o piso cedeu e as últimas colunas de teias romperam. Jason e Frank mergulharam para salvar os outros, mas eles só encontraram Nico e Hazel pendurados na escada de corda. Percy e Annabeth se foram. O abismo para o Tártaro tinha sido enterrado sob várias toneladas de detritos. Leo puxou o Argo II para fora das cavernas segundos antes de todo o lugar implodir, levando o resto do estacionamento com ele.
O Argo II estava agora estacionado em uma colina com vista para a cidade. Jason, Hazel e Frank tinham voltado à cena da catástrofe, esperando escavar os escombros e encontrar uma maneira de salvar Percy e Annabeth, mas voltaram desmoralizados. A caverna simplesmente havia desaparecido. O cenário estava fervilhando com a polícia e equipes de resgate. Nenhum mortal tinha sido ferido, mas os italianos iriam coçar a cabeça por meses se perguntando como um ralo enorme tinha aberto bem no meio de um parque de estacionamento, engolindo uma dúzia de carros perfeitamente bons.
Atordoado com a dor, Leo e os outros cuidadosamente carregaram a Atena Partenos para o porão, utilizando guinchos hidráulicos do navio com uma assistência de Frank Zhang, no momento um elefante. A estátua encaixou precisamente, mas o que eles iam fazer com ela, Leo não tinha ideia.
O Treinador Hedge estava muito deprimido para ajudar. Ele continuou andando pela plataforma com lágrimas nos olhos, puxando o cavanhaque e batendo a lateral de sua cabeça, murmurando:
— Eu deveria tê-los salvo! Eu deveria ter explodido mais coisas!
Finalmente, Leo lhe disse para ir abaixo do convés e assegurar que tudo estava seguro para a partida. De nada adiantava ele ficar se batendo. Os seis semideuses se reuniram no convés e olharam para a coluna de poeira distante que ainda pairava no local da implosão. Leo colocou a mão na esfera de Arquimedes, que agora estava em cima do leme, pronta para ser instalada. Ele deveria estar animado. Era a maior descoberta de sua vida, ainda maior que o Bunker 9. Se pudesse decifrar os pergaminhos de Arquimedes, poderia fazer coisas incríveis. Ele mal se atreveu a ter esperança, mas poderia até ser capaz de construir um novo disco de controle para um certo amigo dragão dele.
Ainda assim, o preço tinha sido alto demais.
Ele quase podia ouvir Nêmesis rindo. Eu disse que poderíamos fazer um acordo, Leo Valdez.
Ele abriu o biscoito da sorte. Tinha recebido o código de acesso para a esfera e salvado Frank e Hazel. Mas o sacrifício tinha sido Percy e Annabeth. Leo tinha certeza disso.
— A culpa é minha — disse miseravelmente.
Os outros olharam para ele. Somente Hazel pareceu entender. Ela tinha estado com ele em Great Salt Lake.
— Não — ela insistiu. — Não, isso é culpa de Gaia. Não teve nada a ver com você.
Leo queria acreditar nisso, mas ele não podia. Eles começaram esta viagem com Leo estragando tudo, atirando em Nova Roma. Haviam terminado na Roma Antiga com Leo quebrando um biscoito e pagando um preço muito pior do que um olho.
— Leo, me escute — Hazel agarrou sua mão. — Eu não vou permitir que você assuma a culpa. Eu não posso suportar isso, após... Após Sammy...
Ela engasgou, mas Leo sabia o que ela queria dizer. Seu bisabuelo tinha se culpado pelo desaparecimento de Hazel. Sammy tinha vivido uma boa vida, mas ele tinha ido para o túmulo acreditando que tinha gastado um diamante amaldiçoado e condenado a garota que amava.
Leo não queria deixar Hazel infeliz novamente, mas isso era diferente. O verdadeiro sucesso requer sacrifício. Leo tinha escolhido quebrar esse biscoito. Percy e Annabeth tinham caído no Tártaro. Isso não poderia ser uma coincidência.
Nico di Angelo arrastou os pés, apoiado em sua espada negra.
— Leo, eles não estão mortos. Se estivessem, eu poderia sentir.
— Como você pode ter certeza? — Leo perguntou. — Se este poço realmente leva ao... Você sabe... Como você pode senti-los de tão longe?
Nico e Hazel trocaram um olhar, talvez comparando informações em seus radares de Hades/Plutão que captam a morte. Leo estremeceu. Hazel nunca tinha parecido uma criança do Mundo Inferior para ele, mas Nico di Angelo... este cara era assustador.
— Não podemos ter cem por cento de certeza — Hazel admitiu. — Mas acho que Nico está certo. Percy e Annabeth ainda estão vivos... Pelo menos, até agora.
Jason bateu com o punho contra o parapeito.
— Eu deveria ter prestado atenção. Eu poderia ter voado e tê-los salvo.
— Eu também — Frank gemeu.
O grandalhão parecia à beira das lágrimas.
Piper colocou a mão nas costas de Jason.
— Não é culpa sua, de nenhum de vocês. Vocês estavam tentando salvar a estátua.
— Ela está certa — disse Nico. — Mesmo se o abismo não tivesse sido enterrado, você não poderia ter voado para ele sem ser puxado para baixo. Eu sou o único que foi realmente ao Tártaro. É impossível de descrever o quão poderoso o lugar é. Uma vez que se chega perto, você é sugado para dentro. Eu não tive chance alguma.
Frank fungou.
— Então Percy e Annabeth não tem chance também?
Nico torceu o anel prata de caveira.
— Percy é o semideus mais poderoso que eu já conheci. Sem ofensas a vocês, mas é verdade. Se alguém pode sobreviver, será ele, especialmente com Annabeth ao seu lado. Eles vão encontrar um caminho através do Tártaro.
Jason virou.
— Para as Portas da Morte, você quer dizer. Mas você nos disse que é guardada pelas forças mais poderosas de Gaia. Como poderiam dois semideuses possivelmente...
— Eu não sei — admitiu Nico. — Mas Percy me disse para levar vocês para Épiro, o lado mortal da porta. Ele está pensando em nos encontrar lá. Se pudermos sobreviver a Casa de Hades, percorrer o caminho através das forças de Gaia, então talvez possamos trabalhar em conjunto com Percy e Annabeth e lacrar as Portas da Morte de ambos os lados.
— E resgatar Percy e Annabeth de volta em segurança? — Leo perguntou.
— Talvez.
Leo não gostou da forma como Nico disse isso, como se ele não estivesse compartilhando todas as suas dúvidas. Além disso, Leo sabia um pouco sobre fechaduras e portas. Se as Portas da Morte precisavam ser seladas dos dois lados, como eles poderiam fazer isso a menos que alguém ficasse preso no Mundo Inferior?
Nico respirou fundo.
— Eu não sei como eles vão lidar com isso, mas Percy e Annabeth encontrarão um jeito. Eles vão viajar pelo Tártaro e encontrarão as Portas da Morte. Quando o fizerem, nós temos que estar prontos.
— Não vai ser fácil — disse Hazel. — Gaia vai enviar tudo o que ela tem atrás da gente para nos impedir de chegar a Épiro.
— Qual a novidade? — Jason suspirou.
Piper assentiu.
— Nós não temos escolha. Temos que selar as Portas da Morte antes de tentarmos impedir os gigantes de acordar Gaia. Caso contrário, seus exércitos nunca morrerão. E nós temos que nos apressar. Os romanos estão em Nova York. Em breve, eles marcharão para o Acampamento Meio-Sangue.
— Temos um mês, na melhor das hipóteses — Jason acrescentou. — Efialtes disse que Gaia iria despertar em exatamente um mês.
Leo endireitou-se.
— Nós podemos fazer isso.
Todos olharam para ele.
— A esfera de Arquimedes pode atualizar o navio — ele falou, esperando que estivesse certo. — Eu irei estudar esses pergaminhos antigos que temos. Devem conter todos os tipos de novas armas que eu posso fazer. Nós vamos bater exércitos de Gaia com um arsenal inteiramente novo de dor.
Na proa do navio, Festus rangeu sua mandíbula e soprou fogo desafiadoramente. Jason conseguiu esboçar um sorriso. Ele bateu no ombro de Leo.
— Soa como um plano, capitão. Você deseja definir o destino?
Eles brincavam com ele, chamando-o de capitão, mas pela primeira vez, Leo aceitou o título. Este era o seu navio. Ele não tinha chegado tão longe para ser impedido. Eles iriam encontrar essa tal Casa de Hades. Eles tomariam as Portas da Morte. E pelos deuses, se Leo tivesse que projetar um braço longo o suficiente para agarrar e arrebatar Percy e Annabeth do Tártaro, então isso é o que ele faria.
Nêmesis queria que ele se vingasse de Gaia? Leo estava feliz em fazer isso. Ele iria fazer Gaia se arrepender de alguma vez ter mexido com Leo Valdez.
— Sim — ele deu um último olhar para a arquitetura da cidade de Roma que se tornava vermelho-sangue ao pôr do sol. — Festus, levantar as velas. Temos alguns amigos para salvar.

LI - Annabeth






ANNABETH TINHA VISTO ALGUMAS COISAS ESTRANHAS ANTES, mas nunca uma chuva de carros. Quando o teto da caverna desabou, o sol a cegou. Ela teve um breve vislumbre do Argo II pairando acima. Devem ter usado suas balistas para explodir um buraco no chão.
Pedaços de asfalto grandes como portas de garagem tombadas, juntamente com seis ou sete carros italianos caíram. Um teria esmagado a Atena Partenos, mas a aura brilhante da estátua agiu como um campo de força e o carro ricocheteou. Infelizmente, o carro caiu diretamente para Annabeth.
Ela pulou para um lado, torcendo o pé ruim. Uma onda de agonia quase a fez desmaiar, mas ela virou de costas a tempo de ver um Fiat 500 de um vermelho brilhante cair na armadilha de seda da Aracne, perfurando o chão da caverna e desaparecendo com a Algema Chinesa para Aranhas.
Aracne caiu, gritando como um trem de carga em rota de colisão, mas seu choro rapidamente parou. Vários detritos caíram em torno de Annabeth, fazendo vários buracos no chão.
A Atena Partenos permaneceu intacta, embora o mármore sob seu pedestal tivesse explodido em vários pedaços. Annabeth estava coberta de teias da Aracne. Ela arrastou os fios de seda de seus braços e pernas como as cordas de uma marionete, mas de alguma forma surpreendente, nenhum dos pedaços do teto havia batido nela. Ela queria acreditar que a estátua a tinha protegido, embora suspeitasse que pudesse ter sido nada além de sorte.
O exército de aranhas tinha desaparecido. Ou fugiu de volta para a escuridão ou caíu no abismo. Quando o dia inundou a caverna, as tapeçarias feitas por Aracne ao longo das paredes se desfizeram em pó. Annabeth não podia suportar ver a tapeçaria que representava ela e Percy se desfazendo.
Mas nada disso importava quando ouviu a voz de Percy de cima:
— Annabeth!
— Aqui! — ela chorou.
Todo o terror pareceu deixá-la em um grito. Quando o Argo II desceu, ela viu Percy inclinando-se sobre o trilho. Seu sorriso era melhor do que qualquer tapeçaria que ela já tinha visto no mundo.
A sala ficava sacudindo, mas Annabeth conseguiu ficar de pé. O chão a seus pés parecia estável no momento. Sua mochila estava desaparecida, junto com laptop de Dédalo e sua faca de bronze, que ela tinha desde os sete anos, também se foi, provavelmente caída no poço. Mas Annabeth não se importava. Ela estava viva.
Ela se aproximou do buraco feito pelo Fiat 500. As paredes de pedras irregulares mergulharam na escuridão, tanto quanto Annabeth podia ver. Algumas partes se projetavam aqui e ali, mas Annabeth não via nada sobre eles – apenas os fios de seda da Aracne gotejando sobre os lados como enfeites de Natal.
Annabeth se perguntou se Aracne havia dito a verdade sobre o abismo. Tinha a aranha caído diretamente para o Tártaro? Ela tentou se sentir satisfeita com essa ideia, mas mesmo assim, continuou com aquela expressão triste. Aracne fez algumas coisas bonitas. Ela já sofreu por eras. Agora suas tapeçarias tinham desintegrado. Depois de tudo isso, cair no Tártaro parecia muito duro para um fim.
Annabeth estava vagamente consciente do Argo II pairando a uma altura de cerca de quarenta metros do chão. Uma escada de corda foi baixada, mas Annabeth estava em transe, olhando para a escuridão. Então, de repente, Percy estava ao lado dela, entrelaçando os dedos nos dela.
Ele virou-a gentilmente longe do poço e passou os braços em torno dela. Ela abraçou-o forte, encostando sua cabeça no peito de Percy, de onde as lágrimas de Annabeth rolavam.
— Está tudo bem — disse ele. — Nós estamos juntos.
Ele não disse você está bem ou estamos vivos. Afinal, eles tinham passado muito tempo longe um do outro, e ele sabia que a coisa mais importante era que eles estavam juntos. Ela o amava por dizer isso.
Seus amigos se reuniram em torno deles. Nico di Angelo estava lá, mas os pensamentos de Annabeth estavam tão confusos, não pareceu surpreendente para ela. Parecia justo que ele estivesse com eles.
— Sua perna — Piper ajoelhou-se ao lado dela e examinou. — Oh, Annabeth, o que aconteceu?
Ela começou a explicar. Falar era difícil, mas como ela estava junto de Percy, suas palavras vieram mais facilmente. Percy não soltou sua mão, o que também a fez se sentir mais confiante. Quando ela havia acabado, os rostos de seus amigos tinham expressões incrédulas.
— Deuses do Olimpo — disse Jason. — Você fez tudo isso sozinha... Com um tornozelo quebrado?
— Bem... Fiz o possível com o tornozelo quebrado.
Percy sorriu.
— Você fez Aracne tecer a sua própria armadilha? Eu sabia que você era boa, mas Santa Hera... Annabeth, você fez isso. Gerações de crianças de Atena tentaram e não conseguiram. Você encontrou a Atena Partenos!
Todo mundo olhou para a estátua.
— O que vamos fazer com a estátua? — Frank perguntou — Ela é enorme.
— Nós vamos ter que levá-la conosco para a Grécia — Annabeth respondeu. — A estátua é poderosa. Alguma coisa nela nos ajudará a deter os gigantes.
— A ruína dos gigantes se apresenta dourada e pálida — Hazel citou. — Conquistada por meio da dor de uma prisão tecida.
Ela olhou para Annabeth com admiração.
— Era a prisão de Aracne. Você a enganou em tecê-la.
― Com muita dor — Annabeth falou.
Leo ergueu as mãos. Ele fez uma moldura com o dedo ao redor da Atena Partenos como se estivesse tomando medidas.
— Bem, isso pode levar algum rearranjo, mas acho que ela pode caber nos estábulos. Se ela se destacasse da base, eu poderia embrulhar uma bandeira ao redor de seus pés ou algo assim.
Annabeth estremeceu. Ela imaginou a Atena Partenos fora de seu pedestal, assinado em baixo: CARGA PESADA.
Depois, ela pensou sobre as outras linhas da profecia: Gêmeos ceifaram do anjo a vida, que detém a chave para a morte infinita.
— E vocês? — perguntou ela. — O que aconteceu com os gigantes?
Percy contou a ela sobre o resgate de Nico, o aparecimento de Baco na luta contra os gêmeos no Coliseu. Nico não falou muito. O pobre rapaz parecia que esteve vagando num terreno baldio por seis semanas. Percy explicou o que Nico havia descoberto sobre as Portas da Morte e como elas tinham que ser fechadas de ambos os lados. Mesmo com a luz solar entrando pelo teto, as notícias de Percy fez a caverna parecer escura novamente.
— Assim, o lado mortal é em Épiro — ela finalizou. — Pelo menos é um lugar que podemos alcançar.
Nico fez uma careta.
— Mas o outro lado é um problema. Tártaro.
A palavra parecia ecoar através da câmara. O poço atrás deles exalava uma explosão de ar frio. Foi quando Annabeth soube com certeza. O abismo realmente ia direto para o Mundo Inferior.
Percy deve ter sentido isso também. Ele guiou-a um pouco mais longe da borda. Seus braços e pernas arrastaram a seda de aranha como um véu de noiva. Ela desejou que tivesse sua adaga para cortar esse lixo fora. Quase pediu a Percy para fazer as honras com Contracorrente, mas antes que pudesse, ele disse:
— Baco mencionou algo sobre minha viagem ser mais difícil do que eu esperava. Não sei por quê.
A câmara gemeu. A Atena Partenos inclinava de um lado para outro. Sua cabeça pegou um dos cabos de suporte de Aracne, mas a fundação de mármore sob o pedestal da estátua estava desmoronando.
Náuseas incharam no peito de Annabeth. Se a estátua caísse no abismo, todo o seu trabalho seria para nada. Sua missão teria fracassado.
— Salvem-na! — Annabeth gritou.
Seus amigos compreenderam imediatamente.
— Zhang! — Leo chamou. — Leve-me ao leme, rápido! O treinador está lá em cima sozinho.
Frank transformou-se em uma águia gigante, e os dois dispararam na direção do navio. Jason passou o braço em torno de Piper. Ele se virou para Percy.
— Eu volto para buscar vocês em um segundo.
Ele convocou o vento e disparou para o ar.
— Este piso não vai durar! — Hazel advertiu. — O resto de nós deve chegar à escada.
Nuvens de poeira e teias de aranha explodiram em buracos no chão. Os cabos de suporte de seda tremiam como cordas de guitarra gigantes e começaram a estalar. Hazel avançou para a parte inferior da escada de corda e fez um gesto para Nico a seguir, mas Nico não estava em condições de correr.
Percy agarrou apertado a mão de Annabeth.
— Vai ficar tudo bem — ele murmurou.
Olhando para cima, ela viu as cordas atiradas do Argo II e enroladas em torno da estátua. Uma laçou o pescoço de Atena. Leo gritou ordens do comando, Jason e Frank voaram freneticamente de corda em corda, tentando prendê-las bem.
Nico tinha acabado de chegar à escada quando uma dor aguda subiu a perna ruim de Annabeth. Ela engasgou e tropeçou.
— O que é isso? — Percy perguntou.
Ela estava cambaleando em direção à escada. Por que ao invés disso estava se movendo para trás? Suas pernas foram varridas para o lado, presas nos fios debaixo dela, fazendo-a cair de cara.
— Seu tornozelo! — Hazel gritou da escada. — Corte-o! Corte-o!
A mente de Annabeth estava confusa da dor. Cortar o tornozelo?
Aparentemente, Percy não sabia o que significava. Então, alguma coisa puxou Annabeth para trás e arrastou-a para o poço. Percy avançou. Ele agarrou seu braço, mas o impulso o levou junto também.
— Ajudem-nos! — Hazel gritou.
Annabeth vislumbrou Nico mancando em sua direção, Hazel tentando separar sua espada da escada de corda. Seus outros amigos ainda estavam focados na estátua e o grito de Hazel estava perdido na gritaria geral e nos estrondos da caverna.
Annabeth soluçou quando bateu na borda do poço. Suas pernas foram para o lado. Tarde demais, percebeu o que estava acontecendo: ela estava presa na teia da aranha. Deveria ter cortado imediatamente. Ela tinha pensado que era apenas uma linha solta, mas com todo o piso coberto de teias de aranha, não tinha notado que um dos fios estava enrolado em seu pé e a outra extremidade direito no poço. Ele estava ligado a algo pesado lá em baixo na escuridão, algo que estava puxando-a para dentro.
— Não — Percy murmurou, a luz da aurora em seus olhos. — Minha espada...
Mas ele não podia alcançar à espada sem largar o braço de Annabeth, e força de Annabeth também se foi. Ela deslizou sobre a borda. Percy caiu com ela.
Seu corpo bateu em algo. Ela deve ter desmaiado brevemente por conta da dor. Quando pôde ver novamente, percebeu que tinha caído parcialmente no poço e ficou pendurada sobre o vazio. Percy conseguiu agarrar uma pedra, cerca de dez metros abaixo do topo do abismo. Ele estava se segurando com uma mão e segurando Annabeth com a outra, mas a tração na perna era muito forte.
Não há escapatória, disse uma voz na escuridão abaixo. Eu vou para o Tártaro e você virá também.
Annabeth não tinha certeza se ela realmente ouviu a voz da Aracne ou se foi apenas em sua mente. O poço balançou. Percy era a única coisa impedindo-a de cair. Ele mal agarrava a pequena saliência.
Nico inclinou-se sobre a borda do abismo, esticando a sua mão, mas ele estava longe demais. Hazel estava gritando para os outros, mas mesmo que eles ouvissem com todo o caos, eles nunca poderiam fazer nada a tempo.
A perna de Annabeth parecia que estava puxando o seu corpo para baixo. A dor era imensa e a força do Mundo Inferior puxou-a como a gravidade para a escuridão. Ela não tinha forças para lutar, sabia que estava longe demais para ser salva.
— Percy, deixe-me ir — ela sussurrou. — Você não pode me puxar para cima.
Seu rosto estava branco de tanto esforço. Ela podia ver em seus olhos que ele sabia que era impossível.
— Nunca — ele disse. Ele olhou para Nico, dez metros acima. — O outro lado, Nico! Vamos ver você lá. Entendeu?
Nico arregalou os olhos.
— Mas...
— Leve-os lá! — Percy gritou. — Prometa-me!
— Eu... eu prometo — Nico conseguiu dizer.
Abaixo deles, a voz riu na escuridão. Sacrifícios. Belos sacrifícios para despertar a deusa. Percy apertou o pulso de Annabeth. Seu rosto estava magro, contundido e sangrando, o seu cabelo estava polvilhado de teias de aranha, mas quando ele travou os olhos nos dela, ela pensou que nunca tinha parecido mais bonito.
— Nós vamos ficar juntos — ele prometeu. — Você não vai ficar longe de mim. Nunca mais.
Só então ela conseguiu entender o que iria acontecer. Uma viagem só de ida. Uma queda muito difícil.
— Contanto que estejamos juntos — disse ela.
Ela ouviu Nico e Hazel ainda gritando por ajuda. Ela viu a luz do sol muito, muito acima, talvez a última luz solar que iria ver. Então Percy soltou de seu pequeno ressalto e, juntos, de mãos dadas, ele e Annabeth caíram na escuridão sem fim.

L - Annabeth






ANNABETH PERDEU A NOÇÃO DO TEMPO.
Ela podia sentir a ambrosia que tinha comido começar a curar sua perna, mas ainda doía, a dor latejava direto até o pescoço. Ao longo das paredes, as pequenas aranhas corriam na escuridão, como se estivessem à espera de ordens de sua senhora. Milhares delas farfalhavam atrás das tapeçarias, fazendo os tecidos se moverem como o vento.
Annabeth sentou no chão desmoronando e tentou preservar sua força. Enquanto Aracne não estava olhando, tentou conseguir algum tipo de sinal no laptop de Dédalo para entrar em contato com seus amigos, mas é claro que ela não conseguiu. O que a deixou sem poder fazer nada mais além de observar com espanto e horror Aracne trabalhando, suas oito patas se movendo com uma velocidade hipnotizante, lentamente tecendo fios de seda em volta da estátua.
Com suas roupas douradas e seu rosto de marfim luminoso, a Atena Partenos era ainda mais assustadora que Aracne. Ela olhava para baixo com firmeza, como se dissesse: Traga-me petiscos ou algo assim. Annabeth podia imaginar ser uma grega antiga, entrar no Partenon e ver essa enorme deusa com seu escudo, lança e jiboia, a mão livre segurando, Nice, o espirito alado da vitória. Teria sido suficiente para dar um nó no estômago de qualquer mortal.
Mais do que isso, a estátua irradiava poder. Quando Atena foi desembrulhada, o ar ao seu redor ficou mais quente. Sua pele marfim brilhava com vida. Ao redor da sala, as pequenas aranhas começaram a recuar e voltar para o corredor.
Annabeth adivinhou que as teias de Aracne de alguma forma amorteciam a magia da estátua. Agora que estava livre, a Atena Partenos enchia a câmara com sua magia. Séculos de orações e oferendas de mortais tinham feito isso com sua presença. Estava carregada com o poder de Atena.
Aracne não parecia notar. Ela continuou resmungando para si mesma, contando metros de seda e calculando o número de fios que seu projeto exigiria. Sempre que ela hesitava, Annabeth a encorajava e dizia o quão bonito suas tapeçarias ficariam no Monte Olimpo. A estátua ficou tão quente e brilhante que Annabeth pode ver mais detalhes do santuário – a alvenaria romana que provavelmente um dia foi de um branco resplandecente, os ossos escuros das antigas vitimas e refeições de Aracne penduradas na rede e os cabos maciços de seda que ligavam o chão ao teto. Annabeth agora via o quão frágil os azulejos de mármore estavam sob seus pés. Eles estavam cobertos por uma fina camada de teia, como correntes mantendo unido um espelho quebrado. Sempre que a Atena Partenos se deslocava, mais rachaduras se espalhavam e aumentavam no chão. Em alguns lugares, havia buracos tão grandes quanto tampas de bueiros. Annabeth quase desejou que ficasse escuro novamente. Mesmo que seu plano desse certo e ela derrotasse Aracne, não tinha certeza se conseguia sair viva da câmara.
— Tanta teia — Aracne murmurou. — Eu poderia fazer vinte tapeçarias...
— Continue! — Annabeth disse. — Você está fazendo um trabalho maravilhoso.
A aranha continuou trabalhando. Depois do que pareceu uma eternidade, uma montanha de teias brilhantes foi empilhada aos pés da estátua. As paredes da câmara ainda estavam cobertas de teias. Os cabos de suporte que prendiam a sala junta não tinham sido tocados.
Mas a Atena Partenos estava livre.
— Por favor, acorde — Annabeth pediu a estátua. — Mãe, me ajude.
Nada aconteceu, mas as rachaduras pareciam se espalhar no chão mais rapidamente. De acordo com Aracne, os pensamentos maliciosos de monstros haviam corroído a base do santuário por séculos. Se isso fosse verdade, agora que estava livre, a Atena Partenos poderia atrair mais atenção dos monstros no Tártaro.
— O projeto — Annabeth lembrou. — Você tem que se apressar.
Ela levantou a tela do computador para Aracne ver, mas a aranha ignorou.
— Eu memorizei, criança. Tenho olhos de artista para detalhes.
— Claro que tem. Mas devemos nos apressar.
— Por quê?
— Bem... Para que possamos apresentar seu trabalho ao mundo!
— Humm. Muito bem.
Aracne começou a tecer. Foi um trabalho lento, transformando fios de seda em longas tiras de pano. A câmara retumbou. As rachaduras nós pés de Annabeth se tornaram mais amplas.
Se Aracne notou, não pareceu se importar. Annabeth considerou tentar empurrar a aranha no poço de alguma forma, mas ela descartou a ideia. Não havia um buraco grande o suficiente para isso, além do mais, se o piso cedesse, Aracne provavelmente lançaria sua teia e escaparia, enquanto Annabeth e a estátua cairiam no Tártaro.
Lentamente, Aracne terminou as longas tiras de seda trançadas juntas. Sua habilidade era incrível. Annabeth não poderia deixar de ficar impressionada. Ela sentiu outro lampejo de dúvida sobre sua própria mãe. E se Aracne fosse melhor tecelã do que Atena?
Mas a habilidade de Aracne não era o ponto. Ela havia sido punida por ser arrogante e rude. Não importa o quão maravilhoso você era, você não podia sair por aí insultando os deuses. Os Olimpianos eram um lembrete de que sempre havia alguém melhor do que você, então você não podia ter um ego grande demais. Mesmo assim... Ser transformada em uma monstruosa aranha imortal parecia uma punição dura de mais.
Aracne trabalhou ainda mais rápido, juntado os fios. Logo a estrutura estava feita. Aos pés da estátua, havia um cilindro trançado de fios de seda, um metro e meio de diâmetro e três de largura. A superfície brilhava como uma concha abalone, mas não parecia bonito para Annabeth. Era apenas funcional: uma armadilha. Só seria bonito se ela funcionasse.
Aracne virou-se para ela com um sorriso de fome.
— Feito! Agora, a minha recompensa! Prove-me que você pode cumprir suas promessa.
Annabeth estudou a armadilha. Ela franziu o cenho e caminhou ao redor dela, inspecionando a tecelagem de todos os ângulos. Então, tomando cuidado com o tornozelo ruim, ela apoiou-se nas mãos e nos joelhos e se arrastou para o interior. Ela tinha feito suas medições de cabeça. Se tivesse errado, seu plano estava condenado. Mas ela escorregou através do túnel de seda sem tocar os lados. A teia tecida estava pegajosa, mas não grudenta demais. Ela se arrastou para fora pelo outro lado e balançou a cabeça.
— Há uma falha — ela falou.
— O quê? — Aracne choramingou. — Impossível! Eu segui as instruções...
— Dentro — Annabeth disse. — Rasteje até lá e veja por si mesma. É bem no meio... Uma falha na tecelagem.
Aracne estava espumando pela boca. Annabeth estava com medo de ter forçado muito e a aranha fosse agarrá-la. Ela seria apenas outro conjunto de ossos nas teias de aranha.
Ao invés disso, Aracne bateu suas oito pernas em petulância.
— Eu não cometo erros.
— Oh, foi pequeno — Annabeth replicou. — Provavelmente você pode corrigir. Mas eu não quero mostrar qualquer coisa aos deuses, a não ser o seu melhor trabalho. Olhe, vá lá dentro e verifique. Se puder consertar, então vamos mostrar para os Olimpianos. Você vai ser a artista mais famosa de todos os tempos. Eles provavelmente vão demitir as Nove Musas e contratá-la para supervisionar todas as artes. A deusa Aracne... Sim, eu não ficaria surpresa.
— A deusa... — Aracne respirou pelo nariz. — Sim, sim. Eu vou corrigir a falha.
Ela enfiou a cabeça dentro do túnel.
— Onde ela está?
— Bem no meio — Annabeth insistiu. — Vá em frente. Pode ser um pouco desconfortável para você.
— Eu estou bem! — ela retrucou e se contorceu lá dentro.
Como Annabeth esperava, o abdômen da aranha passou, mal cabendo. Quando ela abriu caminho, as tiras de seda trançadas expandiram para acomodá-la. Aracne abriu caminho para sua fiandeira.
— Eu não vejo falha nenhuma — ela anunciou.
— Sério? — Annabeth perguntou. — Bem, isso é estranho. Saia e eu vou olhar de novo.
Era o momento da verdade. Aracne se contorceu, tentando voltar. O túnel de tecido contraiu ao redor dela e a segurou rapidamente. Ela tentou se esquivar para frente, mas a armadilha já a tinha prendido pelo abdômen. Ela não conseguiu atravessá-la também. Annabeth tinha medo de que as pernas da aranha perfurariam a seda, mas as pernas de Aracne estavam pressionadas tão firmemente contra o corpo que mal conseguiam se mover.
— O que... o que é isso? — ela espantou-se. — Eu estou presa!
— Ah — disse Annabeth. — Eu me esqueci de te dizer. Esta obra de arte é chamada de algema chinesa. Essa tem uma variação. Eu chamo de Algema Chinesa para Aranhas.
— Traição! — Aracne golpeou, rolou e se contorceu, mas a armadilha segurou-a firmemente.
— Era uma questão de sobrevivência — Annabeth corrigiu. — Você ia me matar de qualquer forma, eu te ajudando ou não, certo?
— Mas é claro! Você é uma filha de Atena — a armadilha continuava imóvel. — Quero dizer... Não, claro que não! Eu cumpro minhas promessas.
— Ahã — Annabeth deu um passo atrás quando o cilindro trançado começou a se debater novamente. — Normalmente essas armadilhas são feitas de tecido de bambu, mas a seda de aranha é melhor ainda. Ela segura rápido e é forte demais para ser quebrada... até por você.
— Gahhhhhhhhhhh! — Aracne rolou e se contorceu, mas Annabeth saiu do caminho.
Mesmo com o tornozelo quebrado, conseguiu evitar com habilidade uma armadilha de dedo.
— Eu vou destruir você! — Aracne prometeu. — Quero dizer... não, eu vou ser boa para você, se você me deixar sair.
— Eu guardaria energia se eu fosse você — Annabeth respirou fundo, relaxando pela primeira vez em horas. — Vou chamar os meus amigos.
— Você... você vai chamá-los para ver minha obra de arte? — Aracne perguntou esperançosamente.
Annabeth esquadrinhou o quarto. Tinha que ter uma forma de enviar uma mensagem de Íris para o Argos II. Ela tinha um pouco de água em sua garrafa, mas como criar luz suficiente e neblina para fazer um arco-íris em uma caverna escura?
Aracne começou a rolar novamente.
— Você está chamando seus amigos para me matar! — ela gritou. — Eu não vou morrer! Não gosto disso!
— Calma — Annabeth disse. — Vamos deixá-la viver. Nós só queremos a estátua.
— A estátua?
— Sim — Annabeth deveria ter deixado por isso mesmo, mas o medo esta se transformando em raiva e ressentimento. — A obra de arte que vou mostrar no Monte Olimpo? Não vai ser a sua. É lá que a Atena Partenos pertence... bem no parque central dos deuses.
— Não! Não, isso é horrível!
— Ah, isso não vai acontecer imediatamente. Primeiro vamos levar a estátua conosco para a Grécia. A profecia nos disse que ela tem o poder de nos ajudar a derrotar os gigantes. Depois disso... Bem, nós não podemos simplesmente restaurá-la ao Partenon. Isso levantaria muitas perguntas. Ela vai ficar mais segura no Monte Olimpo. Vai unir os filhos de Atena e trazer a paz para os gregos e romanos. Obrigada por mantê-la segura por todos esses séculos. Você prestou um grande serviço para Atena.
Aracne gritou e se debateu. Um fio de seda atirado pela traseira do monstro atingiu a tapeçaria na parede distante. Aracne contraiu seu abdômen e ia cegamente rasgando o tecido. Ela continuou a rolar, atirando seda aleatoriamente, rolando sobre braseiros de fogo mágico e quebrando azulejos do chão. A câmara tremeu. Tapeçarias começaram a queimar.
— Pare com isso! — Annabeth tentou mancar para fora do caminho da seda da aranha. — Você vai derrubar a caverna inteira e matar nós duas!
— Melhor do que ver você vencer! — Aracne berrou. — Meus filhos! Me ajudem!
Ah, ótimo. Annabeth esperava que a aura mágica da estátua fosse manter as pequenas aranhas longe, mas Aracne continuou gritando, implorando a ajuda deles. Annabeth considerou matar a aranha para que ela ficasse quieta. Seria fácil usar a faca agora. Mas ela hesitou em matar qualquer monstro quando estava tão impotente, até mesmo Aracne. Além disso, se esfaqueasse o tecido, a armadilha poderia desarmar. E Aracne estaria livre antes que Annabeth pudesse matá-la.
Todos esses pensamentos vieram tarde demais. Aranhas começaram a fervilhar na câmara. A estátua de Atena brilhou mais forte. As aranhas claramente não queriam se aproximar, mas reuniram coragem, afinal sua mãe estava gritando por ajuda. Eventualmente elas esmagariam Annabeth.
— Aracne, pare! — ela gritou. — Eu vou...
De alguma forma, Aracne torcia em sua prisão, apontando seu abdômen em direção ao som da voz de Annabeth. Um fio de seda bateu em seu peito como a luva de um peso pesado.
Annabeth caiu, sua perna queimava de dor. Ela cortou descontroladamente o tecido com a adaga enquanto Aracne a puxava para perto de si. Annabeth conseguiu cortar o fio e arrastar-se para longe, mas as pequenas aranhas estavam fechando ao seu redor. Ela percebeu que tudo o que havia feito não tinha sido o suficiente.
Ela não sairia de lá. Os filhos de Aracne iriam matá-la aos pés da estatua de sua mãe.
Percy, ela pensou, sinto muito.
Naquele momento a câmara gemeu e o teto da caverna estourou em uma ardente explosão de luz.

XLIX - Annabeth






ANNABETH TINHA ATINGIDO O LIMITE DO TERROR.
Ela foi atacada por fantasmas machistas. Tinha quebrado o tornozelo. Tinha sido perseguida através de um abismo por um exército de aranhas. Agora, em dor, com o tornozelo envolto em tábuas e plástico bolha e desarmada, exceto por sua adaga, ela enfrentava a monstruosa semiaranha Aracne que queria matá-la e fazer uma tapeçaria comemorativa sobre o fato.
Nas últimas horas, Annabeth tremeu, suou, gemeu e derramou muitas lágrimas até que o corpo dela simplesmente desistiu de ficar com medo. Sua mente disse algo como: Ok, desculpe. Não consigo ficar mais aterrorizada do que já estou.
Então, ao invés disso, Annabeth começou a pensar.
A criatura monstruosa começou a descer a partir do topo coberto por teias da estátua. Ela alternava de fio em fio, sibilando com prazer, seus quatro olhos brilhando no escuro. Ou ela não estava com pressa ou ela era lenta.
Annabeth esperava que ela fosse lenta.
Não que isso importasse. Annabeth não estava em condições de correr e ela não gostava de suas chances em um combate. Aracne provavelmente pesava várias centenas de quilos. Aquelas pernas farpadas eram perfeitas para capturar e matar sua presa. Além disso, Aracne provavelmente tinha outros horríveis poderes – uma mordida venenosa ou a habilidade de arremessar teias como um Homem-Aranha da Grécia Antiga.
Não. Combate não era a resposta.
Sobrou trapaça e inteligência.
Nas lendas antigas, Aracne ficou encrencada por causa de seu orgulho. Ela se gabou de que suas tapeçarias eram melhores do que as de Atena, o que tinha conduzido ao primeiro programa reality show de punição da TV Monte Olimpo: Então Você Acha que Pode Tecer Melhor do que uma Deusa? Aracne perdeu em grande estilo.
Annabeth sabia algo sobre ser orgulhosa. Esta era sua falha fatal também. Muitas vezes teve que se lembrar de que ela não podia fazer tudo sozinha. Ela nem sempre era a melhor pessoa para cada tarefa. Às vezes, centralizava sua visão e esquecia o que as outras pessoas precisavam, até mesmo Percy. Ela poderia ficar facilmente distraída falando sobre seus projetos favoritos.
Mas poderia usar essa fraqueza contra a aranha? Talvez conseguisse ganhar tempo... Embora não tivesse certeza de como enrolar ajudaria. Seus amigos não seriam capazes de alcançá-la mesmo que soubessem para onde ir. A cavalaria não viria. Ainda assim, enrolar era melhor do que morrer.
Ela tentou manter a expressão calma, o que não era fácil com um tornozelo quebrado. Ela mancou para a tapeçaria mais próxima – uma paisagem urbana da Roma Antiga.
— Maravilhosa — ela observou. — Fale-me sobre este tapeçaria.
Os lábios de Aracne se curvaram sobre suas mandíbulas.
— Por que você se importa? Está prestes a morrer.
— Bem, sim — disse Annabeth. — Mas o jeito com que você capturou a luz é incrível. Você usou verdadeiros fios de ouro para os raios de sol?
A tapeçaria era realmente magnifica. Annabeth não teve que fingir estar impressionada.
Aracne permitiu-se um sorriso de satisfação.
— Não, criança. Não é ouro. Eu misturei as cores, contrastando o amarelo brilhante com tons mais escuros. Isso é o que lhe dá um efeito tridimensional.
— Lindo — a mente de Annabeth dividiu-se em dois níveis diferentes: um continuando com a conversa e o outro tentando loucamente encontrar um esquema para sobreviver.
Nada ocorreu a ela. Aracne foi derrotada apenas uma vez – pela própria Atena e foi preciso magia divina e incrível habilidade em um concurso de tecelagem.
— Então... — Annabeth perguntou. — Você viu esta cena pessoalmente?
Aracne sibilou, com a boca espumando de uma forma não muito atraente.
— Você está tentando atrasar sua morte. Não vai funcionar.
— Não, não — Annabeth insistiu. — Parece uma pena que essas belas tapeçarias não possam ser vistas por todos. Elas pertencem a um museu, ou...
— Ou o quê? — Aracne perguntou.
Uma ideia completamente maluca começou a surgir na mente de Annabeth, como sua mãe surgiu da cabeça de Zeus. Mas ela poderia fazer dar certo?
— Nada — ela suspirou melancolicamente. — É um pensamento bobo. Uma pena.
Aracne desceu na estátua até que ela estivesse empoleirada em cima do escudo da deusa. Mesmo daquela distância, Annabeth podia sentir o fedor da aranha, como se uma padaria inteira cheia de bolos tivesse sido deixada apodrecendo durante um mês.
— O quê? — A aranha pressionou. — Que pensamento bobo?
Annabeth teve que forçar-se a não recuar. Com o tornozelo quebrado ou não, todos os nervos em seu corpo pulsavam com medo, dizendo-lhe para se afastar da enorme aranha pairando sobre ela.
— Ah... É só que eu estive encarregada de redesenhar o Monte Olimpo. Você sabe, após a Guerra dos Titãs. Eu completei a maior parte do trabalho, mas precisamos de um monte de arte pública de qualidade. A sala do trono dos deuses, por exemplo... Eu estava pensando em exibir seu trabalho lá. Os Olimpianos poderiam finalmente ver como você é talentosa. Como eu disse, foi um pensamento bobo.
O abdômen peludo de Aracne tremeu. Seus quatro olhos brilhavam como se ela tivesse um pensamento separado por trás de cada órbita, e estava tentando tecê-los em uma rede coerente.
— Você está redesenhando o Monte Olimpo — ela repetiu. — Meu trabalho... Na sala do trono.
— Bem, outros lugares também — Annabeth acrescentou. — O pavilhão principal poderia ter vários destes. Aquele retratando a paisagem grega... as Nove Musas adorariam. E eu tenho certeza que os outros deuses brigariam por seu trabalho também. Eles competiriam para ter suas tapeçarias em seus palácios. Eu acho que, além de Atena, nenhum dos deuses já viu o que você pode fazer.
Aracne estalou as mandíbulas.
— Dificilmente. Nos velhos tempos, Atena rasgou todos os meus melhores trabalhos. Minhas tapeçarias representavam os deuses em formas bastante desfavoráveis, entende. Sua mãe não gostava disso.
— Meio hipócrita — Annabeth disse — desde que os deuses zombam uns dos outros o tempo todo. Eu acho que o truque seria pôr um deus contra o outro. Ares, por exemplo, amaria uma tapeçaria tirando sarro da minha mãe. Ele sempre se ressentiu de Atena.
A cabeça de Aracne inclinou-se em um ângulo não natural.
— Você iria trabalhar contra a sua própria mãe?
— Estou apenas dizendo o que Ares gostaria — Annabeth respondeu. — E Zeus adoraria algo que caçoasse de Poseidon. Ah, tenho certeza que se os Olimpianos vissem o seu trabalho, eles perceberiam como você é incrível e eu teria que intermediar uma guerra iminente. Quanto a trabalhar contra a minha mãe, por que eu não deveria? Ela me mandou aqui para morrer, não é? A última vez que a vi em Nova York, ela basicamente me renegou.
Annabeth lhe contou a história. Ela compartilhou sua amargura e tristeza e deve ter soado verdadeira. A aranha não atacou.
— Esta é a natureza de Atena — Aracne sibilou. — Ela põe de lado até mesmo sua própria filha. A deusa nunca permitiria que minhas tapeçarias fossem expostas nos palácios dos deuses. Ela sempre teve inveja de mim.
— Mas imagine se você pudesse finalmente conseguir sua vingança.
— Ao matar você!
— Pode ser — Annabeth coçou a cabeça. — Ou... Pode me deixar ser sua agente. Eu poderia começar seu trabalho no Monte Olimpo. Eu poderia organizar uma exposição para os outros deuses. No momento que minha mãe descobrisse, seria tarde demais. Os Olimpianos finalmente verão que o seu trabalho é melhor.
— Então você admite! — Aracne ganiu. — A filha de Atena admite que eu sou melhor! Ah, isso soa tão doce aos meus ouvidos.
— Mas você faz muita coisa boa — Annabeth apontou. — Se eu morrer aqui, você continua vivendo no escuro. Gaia destruirá os deuses e eles nunca perceberão que você era a melhor tecelã.
A aranha assobiou.
Annabeth tinha medo que sua mãe aparecesse de repente e a amaldiçoasse com algum terrível tormento. A primeira lição que cada filho de Atena aprendia: a Mãe era a melhor em tudo e você nunca, jamais deveria sugerir o contrário.
Mas nada de ruim aconteceu. Talvez Atena entendesse que Annabeth estava apenas dizendo estas coisas para salvar sua vida. Ou talvez Atena estivesse tão ocupada dividida entre suas personalidades grega e romana que não estava nem mesmo prestando atenção.
— Isso não vai acontecer — Aracne resmungou. — Eu não posso permitir isso.
— Bem... — Annabeth se mexeu, tentando manter seu peso fora de seu tornozelo latejante. Uma nova rachadura apareceu no chão e ela mancou de volta.
— Cuidado! — Aracne estalou. — Os alicerces desse santuário foram devorados através dos séculos!
O batimento cardíaco de Annabeth vacilou.
— Devorados?
— Você não tem ideia de quanto ódio ferve abaixo de nós — disse a aranha. — Os pensamentos rancorosos de tantos monstros que tentaram chegar a Atena Partenos para destruí-la. Minha teia é a única coisa que mantém este lugar unido, menina! Um passo em falso e você terá longa queda até chegar ao Tártaro... e acredite em mim, ao contrário das Portas da Morte, esta seria uma viagem só de ida, uma queda muito grande! Eu não deixarei você morrer antes de me dizer o seu plano para a minha arte.
A boca de Annabeth tinha gosto de ferrugem. Longa queda até chegar ao Tártaro? Ela tentou manter o foco, mas não era fácil ouvir o chão rangendo e crepitando, derramando escombros no vazio abaixo.
— Certo, o plano. Hum... Como eu disse, eu adoraria levar suas tapeçarias para o Olimpo e pendurá-los em toda parte. Você pode esfregar o seu artesanato no nariz de Atena por toda a eternidade. Mas a única maneira que eu poderia fazer isso... Não. É muito difícil. Então você pode ir em frente e me matar.
— Não! — Aracne chorou. — Isso é inaceitável. Já não me traz qualquer prazer apenas contemplar. Eu devo levar o meu trabalho ao Monte Olimpo! O que devo fazer?
Annabeth balançou a cabeça.
— Desculpe, eu não deveria ter dito nada. Apenas envie-me para o Tártaro ou algo assim.
— Eu me recuso!
— Não seja ridícula. Mate-me.
— Eu não recebo ordens de você! Diga-me o que devo fazer! Ou... Ou...
— Ou você vai me matar?
— Sim! Não! — A aranha apertou suas patas da frente contra a cabeça. — Eu tenho que mostrar o meu trabalho no Monte Olimpo.
Annabeth tentou conter sua excitação. Seu plano poderia realmente funcionar... Mas ela ainda tinha que convencer Aracne a fazer algo impossível. Lembrou-se de um bom conselho que Frank Zhang tinha dado a ela: Mantenha a simplicidade.
— Acho que eu poderia puxar algumas cordas — ela admitiu.
— Eu me destaco em puxar cordas! — disse Aracne. — Eu sou uma aranha!
— Sim, mas para começar a expor seu trabalho no Monte Olimpo, precisaríamos de uma audição adequada. Eu teria que lançar a ideia, fazer uma proposta, montar um portfólio. Hum... Você tem algumas fotografias?
— Fotografias?
— Preto-e-branco lustrosa... Oh, não importa. A parte da audição é a coisa mais importante. Estas tapeçarias são excelentes. Mas os deuses exigiriam algo realmente especial... algo que mostra o seu talento ao extremo.
Aracne rosnou.
— Você está sugerindo que estes não são os meus melhores trabalhos? Você está desafiando-me para um concurso?
— Oh, não! — Annabeth riu. — Contra mim? Deuses, não. Você é muito boa. Seria apenas uma competição contra si mesma para ver se você realmente tem o que é preciso para mostrar o seu trabalho no Monte Olimpo...
— É claro que eu tenho!
— Bem, eu certamente acho que sim. Mas o teste, você sabe... É uma formalidade. Eu temo que será muito difícil. Tem certeza de que não quer apenas me matar?
— Pare de dizer isso! — Aracne gritou. — O que devo fazer?
— Eu vou te mostrar.
Annabeth abriu sua mochila. Ela tirou o laptop de Dédalo e o abriu. O logotipo delta brilhava no escuro.
— O que é isso? — Aracne perguntou. — Algum tipo de tear?
— De certa forma. É para tecer ideias. Ele mantém um diagrama do trabalho artístico que você iria construir.
Seus dedos tremiam no teclado. Aracne abaixou-se para olhar diretamente sobre o ombro de Annabeth. Annabeth não pôde deixar de pensar como facilmente os dentes de agulha poderiam afundar em seu pescoço.
Ela iniciou o programa de imagem 3D. Seu último projeto ainda estava aberto – a chave para o plano de Annabeth era inspirado na pessoa mais improvável de todas: Frank Zhang. Annabeth fez alguns cálculos rápidos. Ela aumentou as dimensões do modelo e depois mostrou a Aracne como poderia ser criado – fios de algum tipo de tecido em tiras, em seguida trançados dentro de um longo cilindro.
A luz dourada da tela iluminou o rosto de aranha.
— Você quer que eu faça isso? Mas isso não é nada! Tão pequeno e simples!
— O tamanho real será muito maior — advertiu Annabeth. — Você vê estas medições? Naturalmente, deve ser grande o suficiente para impressionar os deuses. Pode parecer simples, mas a estrutura tem propriedades incríveis. Sua seda de aranha seria o material perfeito... macio e flexível, mas duro como aço.
— Eu entendo... — Aracne franziu a testa. — Mas isto ainda não é uma tapeçaria.
— É por isso que é um desafio. Está fora de sua zona de conforto. Uma peça como esta... uma escultura abstrata... é isso o que os deuses estão querendo. Isto ficaria no salão de entrada da sala do trono do Olimpo para todos os visitantes verem. Você seria famosa para sempre!
Aracne fez um zumbido insatisfeito em sua garganta. Annabeth poderia dizer que ela não estava comprando a ideia. Ela estava começando a suas mãos frias e suadas.
— Isso precisaria de uma grande quantidade de teias — a aranha reclamou. — Mais do que eu poderia fazer em um ano.
Annabeth estava esperando por isso. Ela calculou a massa e tamanho em conformidade.
— Você precisa desenrolar a estátua — ela sugeriu — reutilizar a seda.
Aracne parecia prestes a protestar, mas Annabeth gesticulou para a Atena Partenos como se não fosse nada.
— O que é mais importante... cobrir essa velha estátua ou provar que sua obra de arte é a melhor? Claro, você deve ser extremamente cuidadosa. Precisaria deixar teias suficientes para impedir que este lugar desabe. Mas se você acha que é difícil demais...
— Eu não disse isso!
— Tudo bem. É só... Atena disse que a criação dessa estrutura trançada seria impossível para qualquer tecelão, até mesmo ela. Então, se você não acha que pode...
— Atena disse isso?
— Bem, sim.
— Ridículo! Eu posso fazer isso!
— Ótimo! Mas você precisa começar imediatamente, antes que os Olimpianos decidam escolher outro artista para suas instalações.
Aracne rosnou.
— Se você estiver me enganando, garota...
— Você me tem como refém — Annabeth lembrou. — Não é como se eu pudesse ir a qualquer lugar. Uma vez que esta escultura esteja pronta, você concordará que é a peça mais incrível que já fez. Se não, terei prazer em morrer.
Aracne hesitou. Suas pernas farpadas estavam tão perto que ela poderia ter empalado Annabeth com uma pancada rápida.
— Tudo bem — disse a aranha. — Um último desafio. E contra eu mesma!
Aracne escalou sua teia e começou a desenrolar a Atena Partenos.

XLVIII - Percy






PERCY HAVIA LUTADO MUITAS BATALHAS. Havia lutado inclusive em algumas arenas, mas nada comparado a isso. No enorme Coliseu, com centenas de fantasmas torcendo, o deus Baco o encarando e dois gigantes de 4 metros pairando sobre ele, Percy se sentiu pequeno e insignificante como uma formiga. Também se sentiu muito irritado. Lutar contra gigantes era uma coisa. Baco transformar isso em um jogo era outra coisa.
Percy se lembrou de algo que Luke Castellan havia dito alguns anos atrás quando Percy voltou de sua primeira missão: Você não se deu conta de quão inútil tudo isso é? Todos os heróis sendo peões dos Olimpianos.
Percy estava com quase a mesma idade que Luke naquela época. Ele pôde entender agora como Luke se tornou tão rancoroso. Nos últimos cinco anos, Percy havia sido um peão vezes demais. Os Olimpianos pareciam se revezarem para usá-lo em seus planos. Talvez os deuses fossem melhores que os titãs, ou os gigantes, ou Gaia, mas isso não os fazia bons ou sábios. Isso não fazia Percy gostar dessa arena de batalha estúpida.
Infelizmente, ele não tinha muita escolha. Se quisesse salvar seus amigos, ele precisaria derrotar esses gigantes. Tinha que sobreviver para encontrar Annabeth.
Efialtes e Oto tornaram sua decisão mais fácil ao atacar. Juntos, os gigantes pegaram uma montanha de mentira tão grande quanto o apartamento de Percy em Nova York e arremessaram nos semideuses.
Percy e Jason foram rápidos. Eles mergulharam juntos na trincheira mais próxima e a montanha se despedaçou acima deles, pulverizando-os com estilhaços de gesso. Não era mortal, mas pinicava demais.
A multidão vaiava e gritava por sangue.
— Luta! Luta!
— Pego o Oto de novo? — Jason gritou por cima do barulho. — Ou você o quer dessa vez?
Percy tentou pensar. Dividir era o caminho natural – lutar contra os gigantes um contra um, mas isso não tinha funcionado bem da última vez. Ocorreu a ele que precisavam de uma estratégia diferente.
Durante toda a missão, Percy se sentiu responsável por liderar e proteger seus amigos. Ele tinha certeza que Jason se sentia do mesmo jeito. Eles tinham trabalhado em grupos pequenos, torcendo que fosse mais seguro. Lutaram sozinhos, cada semideus fazendo o que fazia de melhor. Mas Hera havia feito deles um grupo de sete por uma razão. As poucas vezes que Percy e Jason lutaram juntos, convocando a tempestade em Fort Sumter, ajudando o Argo II a escapar das Colunas de Hércules, mesmo inundando o nymphaeum – Percy havia se sentindo mais confiante, mais capaz de resolver problemas, como se ele tivesse sido um ciclope por toda a sua vida e de repente tivesse acordado com dois olhos.
— Nós atacamos juntos — ele disse. — Primeiro Oto, que é mais fraco. Acabamos com ele rápido e vamos atrás de Efialtes. Bronze e Ouro juntos... talvez isso faça com que eles demorem um pouco mais para voltar.
Jason sorriu secamente, como se tivesse acabado de descobrir que iria morrer de um jeito embaraçoso.
— Porque não? — ele concordou. — Mas Efialtes não vai ficar lá parado esperando enquanto nós matamos seu irmão. A menos...
— Bons ventos hoje — Percy ofereceu — e tem alguns canos de água correndo embaixo da arena.
Jason entendeu imediatamente. Ele riu e Percy sentiu uma faísca de amizade. Esse cara pensava como ele sobre muitas coisas.
— No três? — Jason falou.
— Porque esperar?
Eles saíram da trincheira. Como Percy suspeitava, os gêmeos haviam levantado outra montanha de gesso e estavam esperando por uma chance. Percy fez um cano de água explodir sob seus pés, estremecendo o chão. Jason enviou uma rajada de vento no peito de Efialtes. O gigante de cabelos roxos foi derrubado para trás e Oto largou a montanha, que imediatamente caiu em cima do seu irmão... Somente os pés de cobra de Efiates ficaram livres, mexendo suas cabeças para os lados, como se se perguntassem para onde o resto do seu corpo havia ido.
A multidão rugiu em aprovação, mas Percy suspeitou que Efialtes estivesse somente atordoado. Eles tinham poucos segundos, no máximo.
— Ei, Oto! — ele gritou. — O Quebra-Nozes é ruim!
— Ahhhhh!
Oto levantou sua lança e a arremessou, mas estava muito nervoso para apontar direito. Jason a desviou por sobre a cabeça de Percy para o lago.
Os semideuses moveram-se em direção a água, gritando insultos sobre ballet, o que era tipo um desafio, já que Percy não sabia muito sobre isso.
Oto foi em direção a eles de mãos vazias, antes de perceber que a) ele estava de mãos vazias e b) ir em direção a uma grande quantidade de água para lutar contra um filho de Poseidon talvez não fosse uma boa ideia.
Tarde de mais, ele tentou parar. Os semideuses rolaram para os lados e Jason invocou o vento, usando o próprio peso do gigante para empurrá-lo na água. Enquanto Oto lutava para subir, Percy e Jason atacaram como um só. Eles se lançaram sobre o gigante e trouxeram as espadas para baixo, acertando a cabeça dele.
O pobre coitado não teve nem chance de dar uma pirueta. Ele explodiu em poeira na superfície do lago como suco em pó. Percy transformou o lago em um redemoinho. A essência de Oto tentou se reformar, mas assim que sua cabeça surgia na água, Jason invocava raios e o explodia em poeira novamente.
Até agora tudo bem, mas eles não podiam manter Oto caído para sempre. Percy estava cansado das suas batalhas no subterrâneo. Seu intestino ainda doía por ter sido acertado pela haste da lança. Ele podia sentir suas forças se acabando e ainda tinham outro gigante para lidar.
Como uma deixa, a montanha de gesso explodiu atrás deles. Efialtes ficou roxo, berrando de raiva.
Percy e Jason esperaram enquanto ele se dirigia pesadamente até eles, sua lança em mãos. Aparentemente, ser achatado por uma montanha de gesso somente deu energias a ele. Seus olhos dançavam com uma luz assassina. O sol da tarde brilhava em seu cabelo trançado. Até seus pés de cobra pareciam zangados, suas presas aparecendo e assobiando.
Jason invocou outro relâmpago, mas Efialtes aparou com sua lança e desviou a explosão, derretendo uma vaca de plástico em tamanho real. Ele tirou uma coluna de pedra para fora de seu caminho como uma pilha de blocos de construção.
Percy tentou manter o lago agitado. Ele não queria Oto ressurgindo para se juntar a luta, mas quando Efialtes se aproximou, Percy precisou mudar seu foco. Jason e ele conheceram a força do gigante. Eles investiram contra Efialtes, estocando e cortando num borrão de ouro e bronze, mas o gigante segurou todos os ataques.
— Eu não irei me render! — Efialtes rosnou. — Vocês podem ter arruinado meu espetáculo, mas Gaia irá destruir o seu mundo!
Percy atacou, cortando ao meio a lança do gigante. Efialtes nem se perturbou. O gigante fez um movimento rápido usando o apoio de sua lança e derrubou Percy no chão. O semideus caiu em cima do braço da espada e Contracorrente fugiu de seu controle.
Jason tentou tirar vantagem. Ele se aproximou do gigante e espetou o seu peito, mas de algum jeito, Efialtes desviou o ataque. Ele cortou o peito de Jason com a ponta de sua lança, rasgando sua camiseta roxa. Jason tropeçou, olhando a fina linha de sangue sob seu esterno. Efialtes o chutou para trás.
Em cima, nos aposentos do imperador, Piper choramingava desesperadamente, mas sua voz se perdeu em meio ao rugido da multidão. Baco contemplou a cena com um sorriso divertido, comendo um saco de Doritos.
Efialtes se elevou sobre Percy e Jason, ambas as metades de sua lança quebrada pairando sob suas cabeças. O braço que Percy segurava a espada estava inútil. O gládio de Jason saiu deslizando pelo chão da arena. O plano tinha falhado.
Percy olhou para Baco, decidindo qual maldição final lançar no inútil deus do vinho, quando viu uma forma acima do céu do Coliseu – uma grande sombra oval descendo rapidamente.
Do lago, Oto gritava, tentando alertar o irmão, mas seu rosto quase dissolvido conseguiu apenas um:
— Uh-umh-moooo!
— Não se preocupe, irmão! — Efialtes disse, seus olhos fixos nos semideuses. — Eu farei eles sofrerem!
O Argo II apareceu no céu, mostrando suas armas, e fogo verde jorrou da balista.
— Na verdade — Percy disse. — Olhe atrás de você.
Ele e Jason rolaram para longe enquanto Efialtes berrava em descrença.
Percy se jogou dentro de uma trincheira assim que a explosão sacudiu o Coliseu. Quando escalou de volta pra fora, o Argo II estava se preparando para aterrissar. Jason colocou a cabeça para fora de seu escudo antibomba improvisado de cavalo de plástico. Efialtes estava carbonizado e gemendo no chão da arena, a areia em torno dele queimando num halo de vidro que surgia pelo calor do fogo grego. Oto estava se debatendo no lago, tentando se reformar, mas dos braços para baixo parecia um mingau de aveia.
Percy cambaleou até Jason e bateu em seu ombro. A multidão fantasmagórica os ovacionou de pé enquanto o Argo II estendia seu trem de pouso, pousando no chão da arena. O treinador Hedge dançou em volta da plataforma de tiro, agitando seus punhos no ar e gritando:
— Era disso que eu estava falando!
Percy se virou para os aposentos do imperador.
— Então? — ele gritou para Baco. — Isso foi divertido o bastante pra você, seu vinho não fermentado...
— Não há necessidade disso — de repente o deus estava parado ao seu lado na arena. Ele limpou os farelos de Doritos da sua túnica roxa. — Eu decidi que vocês são parceiros dignos para esta luta.
— Parceiros? — Jason rosnou. — Você não fez nada!
Baco andou até a beira do lago. A água instantaneamente drenou, deixando uma pilha bagunçada do que sobrou da cabeça de Oto. Baco fez seu caminho até o fundo e olhou para a multidão. Ele levantou seu tirso.
A multidão vaiou e gritou apontando seus polegares para baixo. Percy nunca teve certeza se aquilo significava viver ou morrer. Ele havia ouvido dos dois jeitos.
Baco escolheu a opção mais divertida. Ele esmagou a cabeça de Oto com seu cajado e a pilha do que sobrou de Oto se desintegrou completamente.
A multidão foi à loucura. Baco escalou para fora do lago e andou firmemente até Efialtes, que ainda estava jogado todo esparramado, bem passado e fumegando. De novo, Baco ergueu seu tirso.
— MATE! — a multidão pediu.
— NÃO FAÇA ISSO! — Efialtes gemeu.
Baco bateu no nariz do gigante e Efialtes se desintegrou em cinzas.
Os fantasmas aplaudiram e jogaram confetes espectrais ao mesmo tempo em que Baco caminhou em torno do estádio com seus braços erguidos triunfalmente, exultando para o navio de guerra. Ele sorriu para os semideuses.
— Isso, meus amigos, é um show. É óbvio que eu fiz alguma coisa. Matei dois gigantes!
Assim que os amigos de Percy desembarcaram do navio, o batalhão de fantasmas cintilou e desapareceu. Piper e Nico lutaram para descer da caixa do imperador assim que a renovação mágica do Coliseu começou a transformá-la em névoa. O chão da arena permaneceu sólido, mas de outra forma o estádio pareceria como se não tivesse sediado um massacre de gigantes por éons.
— Bem — Baco disse. — Isso foi divertido. Vocês tem minha permissão para continuar sua viagem.
— Sua permissão? — Percy rosnou.
— Sim — Baco levantou uma sobrancelha. — Embora sua viagem possa ser um pouco mais difícil do que você esperava, filho de Netuno.
— Poseidon — Percy o corrigiu automaticamente. — O que você quer dizer com a minha viagem?
— Você deveria tentar o estacionamento atrás do Emmanuel Building — Baco recomendou. — Melhor lugar para forçar sua entrada. Agora, adeus, meus amigos. E, ah, boa sorte com aquele outro pequeno problema.
O deus evaporou numa nuvem de névoa que cheirava vagamente a suco de uva. Jason correu para encontrar Piper e Nico.
O treinador Hedge trotou até Percy, com Hazel, Frank e Leo bem atrás dele.
— Aquele era Dionísio? — Hedge perguntou. — Eu adoro aquele cara.
— Vocês estão vivos! — Percy disse aos outros. — Os gigantes disserem que vocês foram capturados. O que aconteceu?
Leo encolheu os ombros.
— Oh, só mais um plano brilhante de Leo Valdez. Você ficaria impressionado com o que se pode fazer com uma esfera de Arquimedes, uma garota que pode pressentir coisas que estão embaixo da terra e uma doninha.
— Eu era a doninha — Frank disse melancolicamente.
— Basicamente — Leo explicou — eu ativei um parafuso hidráulico com o dispositivo de Arquimedes... que vai ficar demais quando eu instalá-lo no navio, em todo caso. Hazel detectou o caminho mais fácil para cavarmos para a superfície. Nós fizemos um túnel grande o suficiente para uma doninha e Frank escalou por ele com um simples transmissor que eu juntei. Depois disso, foi só uma questão de invadir o satélite de canais favorito do treinador Hedge e mandar que ele trouxesse o navio para nos resgatar. Depois que o navio chegou, achar vocês foi fácil, graças ao espetáculo de luz divina no Coliseu.
Percy entendeu somente dez por cento da história de Leo, mas ele decidiu que era o suficiente, desde que ele tinha uma pergunta mais urgente.
— Cadê a Annabeth?
Leo estremeceu.
— Yeah, sobre isso... Ela ainda está com problemas, achamos. Machucada, perna quebrada, talvez... pelo menos de acordo com a visão que Gaia nos mostrou. Resgatá-la é o nosso próximo passo.
Dois segundos antes, Percy estava à beira de um colapso. Agora outra descarga de adrenalina passou pelo seu corpo. Ele queria estrangular Leo e exigir porque o Argo II não havia velejado para salvar Annabeth antes, mas ele pensou que isso soaria um pouco mal-agradecido.
— Conte-me sobre a visão — ele disse. — Conte-me tudo.
O chão balançou. As pranchas de madeira começaram a desaparecer, derramando areia dentro das covas do hipogeu abaixo.
— Vamos conversar a bordo — Hazel sugeriu. — É melhor irmos embora enquanto ainda podemos.
Eles navegaram para fora do Coliseu e desviaram-se para o sul, acima dos telhados de Roma. Em torno de toda Piazza del Colosseo, o trânsito estava parado. Uma multidão de mortais estava reunida, provavelmente se perguntando sobre as estranhas luzes e sons que vinham das ruínas. Até onde Percy conseguia ver, nenhum dos espetaculares planos de destruição dos gigantes havia tido sucesso. A cidade parecia como antes. Ninguém parecia ter notado um navio grego subindo pelos céus.
Os semideuses se juntaram em torno do leme. Jason enfaixava o ombro torcido de Piper enquanto Hazel sentou na popa, dando um pouco de ambrósia para Nico. O filho de Hades mal podia levantar sua cabeça. Sua voz estava tão baixa que Hazel tinha que se inclinar sempre que ele falava.
Frank e Leo contaram novamente o que havia acontecido na sala das esferas de Arquimedes e a visão que Gaia havia mostrado a eles no espelho de bronze. Eles rapidamente decidiram que a melhor pista para encontrar Annabeth era o conselho criptografado que Baco havia dado: o Emmanuel Building, o que quer que ele fosse. Frank começou a digitar no computador do leme enquanto Leo batia furiosamente nos controles, balbuciando “Emmanuel Building. Emmanuel Building”. O treinador Hedge tentava ajudar lutando contra um mapa de Roma.
Percy se ajoelhou ao lado de Jason e Piper.
— Como está o ombro?
Piper sorriu.
— Eu vou me curar. Vocês dois foram o máximo.
Jason deu uma cotovelada em Percy.
— Não somos uma equipe ruim, você e eu.
— Melhor que competir num milharal do Kansas — Percy concordou.
— Ai está! — Leo falou, apontando para o seu monitor. — Frank, você é incrível! Estou arrumando o curso.
Frank deu de ombros.
— Eu só li o nome na tela. Algum turista chinês o marcou no Google Maps.
Leo sorriu para os outros.
— Ele lê chinês.
— Só um pouquinho.
— Isso não é demais? — Leo comentou.
— Gente — Hazel se intrometeu. — Eu odeio interromper sua sessão de admiração, mas vocês devem ouvir isso.
Ela ajudou Nico a se levantar. Ele sempre fora pálido, mas agora sua pele parecia leite em pó. Seus escuros olhos encovados lembravam Percy de fotos que ele havia visto de prisioneiros de guerra que foram libertados, o qual Percy suspeitava que Nico fosse, basicamente.
— Obrigado — Nico disse com a voz áspera. Seus olhos passavam nervosamente em torno do grupo. — Eu não tinha mais esperanças.
Pela última semana, mais ou menos, Percy havia imaginado muitas coisas severas que ele gostaria de dizer a Nico quando se vissem de novo, mas o cara parecia tão frágil e triste, que Percy não conseguiu ficar com muita raiva.
— Você sabia sobre os dois acampamentos o tempo todo — Percy falou. — Você poderia ter me dito quem eu era no primeiro dia em que cheguei ao Acampamento Júpiter, mas não me contou.
Nico caiu contra o leme.
— Percy, me desculpa. Eu descobri sobre o Acampamento Júpiter ano passado. Meu pai me levou até lá, apesar de eu não saber por quê. Ele me contou que os deuses mantiveram os acampamentos separados por séculos e eu não poderia contar a ninguém. Não era a hora certa. Mas ele disse que saber seria importante para mim...
Ele se dobrou ao meio, tossindo.
Hazel segurou seus ombros até que ele pudesse ficar de pé novamente.
— Eu pensava que ele tivesse feito isso por causa da Hazel — Nico continuou. — Eu precisava de um lugar seguro para levá-la. Mas agora... Acho que ele queria que eu soubesse sobre os dois acampamentos para entender o quão importante a missão de vocês era e para então procurar pelas Portas da Morte.
O ar se tornara elétrico – literalmente, quando Jason começou a soltar faíscas.
— Você encontrou as Portas? — Percy perguntou.
Nico acenou com a cabeça.
— Eu fui um idiota. Pensei que eu pudesse ir a qualquer lugar no Mundo Inferior, mas fui direto para a armadilha de Gaia. Eu também poderia ter tentado correr de um buraco negro.
— Hum... — Frank mordeu seu lábio. — De qual tipo de buraco negro você está falando?
Nico começou a falar, mas o que quer que ele fosse dizer, deveria ser muito aterrorizador. Ele se virou para Hazel. Ela pôs a mão no braço do irmão.
— Nico me contou que as Portas da Morte têm dois lados, um no mundo mortal, um no Mundo Inferior. O lado mortal do portal é na Grécia. É fortemente guardado pelas forças de Gaia. Foi de lá que eles trouxeram Nico de volta para o mundo aqui em cima. Depois, eles o transportaram para Roma.
Piper deveria estar nervosa, porque sua cornucópia cuspiu um cheeseburguer.
— Exatamente onde na Grécia fica esse portal?
Nico tomou fôlego.
— A Casa de Hades. É um templo no subsolo em Épiro. Eu posso marcá-lo no mapa, mas... mas o lado mortal do portal não é o problema. No Mundo Inferior, as Portas da Morte são no... no...
Um par de mãos frias fez um passeio pela espinha de Percy.
Um buraco negro. Uma parte inescapável do Mundo Inferior onde nem Nico di Angelo poderia ir. Por que Percy não pensou nisso antes? Ele havia estado bem perto dos limites daquele lugar. Ele ainda tinha pesadelos sobre isso.
— Tártaro — ele adivinhou. — A parte mais profunda do Mundo Inferior.
Nico acenou com a cabeça.
— Eles me empurraram até o buraco, Percy. As coisas que eu vi lá embaixo... — sua voz se quebrou.
Hazel franziu os lábios.
— Nenhum mortal já esteve no Tártaro — ela explicou. — No mínimo, ninguém nunca foi e voltou vivo. É a prisão de segurança máxima de Hades, onde os velhos titãs e outros inimigos dos deuses estão presos. É para onde todos os monstros vão quando morrem na terra. É... bem, ninguém sabe exatamente como é.
Seus olhos afastaram-se do seu irmão. O resto dela pensou que não precisaria ser falado: Ninguém a não ser Nico.
Hazel entregou a ele sua espada negra.
Nico se inclinou sobre ela como se fosse a bengala de um velho.
— Agora eu entendo porque Hades não foi capaz de fechar as portas — ela disse. — Mesmo os deuses não vão ao Tártaro. Até o deus da morte, Tânatos, não iria perto daquele lugar.
Leo deu uma olhada pela roda.
— Deixe-me adivinhar. Nós teremos que ir lá.
Nico balançou sua cabeça.
— É impossível. Eu sou o filho de Hades e mesmo eu mal sobrevivi. As forças de Gaia me subjugariam instantaneamente. Elas são tão poderosas lá embaixo... Nenhum semideus teria chance. Eu quase fiquei louco.
Os olhos de Nico pareciam vidro despedaçado. Percy se perguntou com tristeza se algo dentro dele havia se quebrado para sempre.
— Então velejamos para Épiro — Percy disse. — Nós iremos fechar os portões por este lado.
— Eu gostaria que fosse assim tão fácil — Nico repsondeu. — As portas devem ser controladas pelos dois lados para que possam ser fechadas. Como se fosse um duplo selamento. Talvez, só talvez, todos os sete trabalhando juntos poderiam derrotar as forças de Gaia do lado mortal, na Casa de Hades. Mas a não ser que você tenha um time lutando simultaneamente no lado do Tártaro, um time poderoso o suficiente para derrotar a legião de monstros no território deles.
— Precisa ter um jeito — Jason falou.
Ninguém surgiu com uma brilhante ideia.
Percy pensou que seu estômago estava afundando. Então ele percebeu que o navio inteiro estava descendo em direção a um grande prédio, como um palácio.
Annabeth. As notícias de Nico eram tão horríveis que Percy momentaneamente esqueceu que ela continuava em perigo, o que o fez sentir incrivelmente culpado.
— Nós vamos resolver o problema do Tártaro depois — ele disse. — Esse é o Emmanuel Building?
Leo balançou a cabeça.
— Baco disse alguma coisa sobre um estacionamento na parte de trás? Bem, lá está ele. E agora?
Percy se lembrou dos seus sonhos sobre a câmara negra, o zumbido da voz do monstro chamando a Sua Senhoria. Ele se lembrou do quão abalada Annabeth estava quando voltou de Fort Sumter após o seu encontro com as aranhas. Percy começou a suspeitar o que poderia ter lá embaixo naquele santuário... Literalmente, a mãe de todas as aranhas. Se ele estivesse certo e Annabeth estivesse presa lá embaixo, sozinha com aquela criatura por horas, sua perna quebrada... Nesse ponto, ele não se importava se a missão era para ser só dela ou não.
— Nós precisamos tirá-la de lá — ele disse.
— Bem, yeah — Leo concordou. — Mas, uh...
Ele parecia querer dizer, e se for tarde demais?
Sabiamente, ele mudou de rumo.
— Tem um estacionamento no caminho.
Percy olhou para o treinador Hedge.
— Baco disse alguma coisa sobre forçar a entrada. Treinador, você ainda tem munição para aquela balista?
O sátiro sorriu como uma cabra louca.
— Eu pensei que nunca perguntaria.

XLVII - Percy






PERCY NUNCA TINHA PENSADO NO SR. D como uma influência tranquilizadora, mas, de repente, tudo ficou quieto. As máquinas pararam. Os animais selvagens pararam de rosnar.
Os dois leopardos caminharam na direção dele – ainda lambendo os lábios por causa da carne assada de Piper – e passaram sua cabeça carinhosamente contra as pernas do deus. O sr. D coçou suas orelhas.
— Realmente, Efialtes — ele repreendeu. — Matar semideuses é uma coisa. Mas usar leopardos para seu espetáculo? Isso é passar dos limites.
O gigante soltou um grunhido.
— Isso... Isso é impossível. D... D...
— É Baco, atualmente, meu velho amigo — disse o deus. — E é claro que é possível. Alguém me disse que havia uma festa acontecendo.
Ele parecia o mesmo de quando tinha aparecido no Kansas, mas Percy ainda não conseguia superar as diferenças entre Baco e seu velho amigo-não- tão-legal Sr. D. Baco era fraco e magro, com uma barriguinha menor. Ele tinha um cabelo mais longo, sua passada era mais firme e havia muito mais raiva em seus olhos. Ele até conseguiu fazer uma pinha em uma vara parecer intimidante. A lança de Efialtes tremeu.
— Você... Os deuses estão condenados! Vá embora, em nome de Gaia!
— Hum — Baco não parecia impressionado. Ele caminhou entre os adereços, plataformas e os efeitos especiais arruinados. — Cafona — ele acenou com a mão para um gladiador pintado em madeira, em seguida, virou-se para uma máquina que parecia um cilindro enorme cravejado com facas. — Barato. Chato. E isso... — ele inspecionou a engenhoca que lançava foguetes e ainda soltava fumaça. — Cafona, barato e chato. Honestamente, Efialtes, você não tem senso de estilo.
— ESTILO? — O rosto do gigante ficou vermelho. — Eu tenho muito estilo. Eu defino estilo. Eu... Eu...
— Meu irmão exala estilo — Oto sugeriu.
— Obrigado! — Efialtes resmungou.
Baco se adiantou e os gigantes cambalearam para trás.
— Você dois ficaram menores? — perguntou o deus.
— Ah, isso foi cruel — Efialtes rosnou. — Somos altos o suficiente para destruí-lo, Baco! Vocês, deuses, sempre se escondendo atrás de seus heróis mortais, confiando o destino do Olimpo a heróis como estes — ele zombou de Percy.
Jason levantou sua espada.
— Senhor Baco, vamos matar esses gigantes ou não?
— Bem, eu certamente espero que sim — disse Baco. — Por favor, continuem.
Percy o encarou.
— Você não veio aqui para ajudar?
Baco encolheu os ombros.
— Oh, eu apreciei o sacrifício no mar. Um navio cheio de Diet Coke. Muito bom. Embora eu preferisse Pepsi Diet.
— E seis milhões em ouro e joias — Percy murmurou.
— Sim, embora com a celebração de cinco ou mais semideuses a gratuidade estivesse incluída, portanto não era necessário.
— O quê?
— Deixa pra lá — disse Baco. — De qualquer forma, vocês atraíram a minha atenção. Eu estou aqui. Agora preciso ver se vocês são dignos de minha ajuda. Vão em frente. Batalhem. Se eu ficar impressionado, vou entrar para o grand finale.
— Nós espetamos um — Percy lembrou — derrubamos o teto no outro. O que você considera impressionante?
— Ah, uma boa pergunta... — Baco bateu seu tirso. Então ele sorriu de uma forma que fez Percy pensar Uh-oh. — Talvez você precise de inspiração! O palco não foi propriamente montado. Você chama isto de espetáculo, Efialtes? Deixe-me mostrar-lhe como se faz.
O deus se dissolveu em névoa roxa. Piper e Nico desapareceram.
— Pipes! — Jason gritou. — Baco, onde você...?
O andar inteiro tremeu e começou a subir. O teto abriu em uma série de painéis. A luz solar invadiu o lugar. O ar brilhava como uma miragem e Percy ouviu o rugido de uma multidão acima dele. O hipogeu subiu por uma floresta de colunas de pedra desbotada no meio de um coliseu arruinado.
O coração de Percy deu uma cambalhota. Este não era qualquer coliseu. Era o Coliseu. As máquinas de efeitos especiais dos gigantes faziam hora extra, colocando tábuas para apoio através das vigas arruinadas, deixando a arena com um piso adequado novamente. As arquibancadas repararam-se até o branco ficar brilhante. Um toldo vermelho e dourado gigante estendeu-se acima de suas cabeças para proporcionar sombra do sol da tarde. A cabine do imperador foi coberta com seda, ladeada por bandeiras e águias douradas. O rugido de aplausos veio de milhares de fantasmas roxos brilhantes, os lares de Roma trazidos de volta para outro espetáculo.
Aberturas surgiram no chão e espalharam areia em toda a arena. Adereços enormes surgiram – montanhas de gesso do tamanho de garagens, colunas de pedra e (por alguma razão) animais de fazenda de plástico em tamanho real. Um pequeno lago apareceu em um lado. Valas cruzavam o chão da arena para o caso de alguém estar no clima para uma guerra com trincheiras. Percy e Jason estavam juntos de frente para os gêmeos gigantes.
— Este é um show de verdade! — retumbou a voz de Baco.
Ele sentou-se no camarote do imperador vestindo mantos roxos e louros dourados. À sua esquerda sentavam Nico e Piper, que tinha seu ombro cuidado por uma ninfa em um uniforme de enfermeira. À direita de Baco estava um sátiro agachado oferecendo Doritos e uvas. O deus levantou uma lata de Pepsi Diet e a multidão ficou respeitosamente silenciosa.
Percy olhou para ele.
— Você vai apenas ficar sentado?
— O semideus está certo! — Efialtes berrou. — Lute contra nós você mesmo, covarde! Hum, sem os semideuses.
Baco sorriu preguiçosamente.
— Juno diz que montou uma equipe de semideuses digna. Mostre-me. Entretenha-me, heróis do Olimpo. Deem-me uma razão para fazer mais. Ser um deus tem seus privilégios.
Ele levantou sua lata de refrigerante e a multidão aplaudiu.






XLVI - Percy






AS COISAS FICARAM RUINS IMEDIATAMENTE. Os gigantes desapareceram em um sopro de fumaça. Eles reapareceram no meio da sala, cada um em um lugar diferente. Percy correu em direção a Efialtes, mas os alçapões no chão abriram-se e muros de metal apareceram dos dois lados, separando-o de seus amigos.
As paredes começaram a se fechar em torno dele, como uma videira. Percy pulou e agarrou a parte de baixo da gaiola da hidra. Ele teve um breve relance de Piper pulando em uma amarelinha de poços de fogo, fazendo seu caminho em direção a Nico, que estava em estado de torpor e desarmado, sendo atacado por um par de leopardos.
Enquanto isso, Jason atacou Oto, que puxou sua lança e soltou um grande suspiro, como se ele preferisse dançar O lago dos cisnes a matar outro semideus.
Percy registrou tudo isso em um segundo, mas não havia muito que ele pudesse fazer sobre a situação. A gaiola da hidra sumiu de suas mãos. Ele balançou e caiu, aterrissando em um bosque de árvores com madeiras pintadas que surgiram do nada. As árvores mudaram de posição assim que ele tentou correr através delas, então ele cortou toda a floresta com Contracorrente.
— Maravilha! — Efialtes se emocionou. Ele ficou em seu painel de controle, una sessenta metros a direita de Percy. — Nós vamos considerar isso um ensaio geral. Devo soltar a hidra na Praça da Espanha agora?
Ele puxou uma alavanca e Percy olhou para trás. A gaiola em que ele tinha acabado de se pendurar estava agora subindo em direção a uma escotilha no teto. Em três segundos, ela seria liberada. Se Percy atacasse o gigante, a hidra devastaria a cidade. Xingando, ele lançou Contracorrente como um bumerangue. A espada não foi projetada para isso, mas a lâmina de Bronze Celestial cortou as correntes que suspendiam a hidra. A gaiola tombou de lado. A grade quebrada abriu-se e derramou o monstro justo em frente à Percy.
— Oh, você é um estraga prazeres, Jackson! — Efialtes berrou. — Muito bem. Batalhe aqui, se for preciso, mas a sua morte não será tão boa sem uma multidão aplaudindo.
Percy avançou para enfrentar o monstro, então percebeu que tinha acabado de jogar sua arma fora. Um pouco de mau planejamento de sua parte.
Ele rolou para um lado enquanto as oito cabeças da hidra cuspiam ácido, transformando o chão onde ele estava em uma cratera fumegante de pedra derretida. Percy realmente odiava hidras. Era quase uma coisa boa que ele houvesse perdido sua espada, visto que seu instinto teria sido cortar as cabeças – e no lugar, a hidra faria crescer duas novas cabeças para cada uma que tivesse sido cortada.
Na última vez que ele havia enfrentado uma hidra, ele foi salvo por um navio com canhões de Bronze Celestial que partiram o monstro em pedaços. Essa estratégia não poderia ajudá-lo agora... Ou poderia?
A hidra atacou. Percy abaixou-se atrás de uma enorme roda de hamster e examinou atentamente a sala, procurando pelas caixas que ele havia visto em seu sonho. Ele se lembrou de alguma coisa sobre lançadores de foguetes.
No estrado, Piper protegia Nico enquanto os leopardos avançavam. Ela apontou sua cornucópia e atirou uma carne assada além da cabeça dos felinos. Aquilo devia cheirar muito bem, porque os leopardos correram atrás dela.
Mais ou menos dois metros e meio à direita de Piper, Jason batalhava com Oto, espada contra lança. Oto tinha perdido sua tiara de diamantes e parecia com raiva por isso. Ele poderia ter empalado Jason por várias vezes, mas o gigante insistia em fazer uma pirueta em cada ataque, o que o retardou.
Entretanto, Efialtes ria enquanto apertava botões em seu painel de controle, acionando a correia transportadora em alta velocidade e abrindo gaiolas de animais aleatoriamente.
A hidra deu a volta na roda de hamster. Percy balançou por trás de uma coluna, agarrou um saco de lixo cheio de pão de forma e jogou no monstro. A hidra cuspiu ácido, o que foi um erro. O saco e seu conteúdo dissolveram no ar. O pão de forma absorveu o ácido como espuma de extintor de incêndio e bateu contra a hidra, transformando-a numa nojenta e fumegante camada de alta caloria de gosma venenosa.
Enquanto o monstro cambaleou, balançando suas cabeças e piscando pão ácido para fora de seus olhos, Percy olhou ao redor, desesperado. Ele não encontrou a caixa de lançador de foguetes mas, enfiado contra a parte de trás da sala, estava uma estranha geringonça como um cavalete de pintura, dividida ao meio com uma fileira de lançadores de míssil.
Percy viu uma bazuca, um lançador de granadas, uma vela romana gigante e uma dúzia de outras armas mal encaradas. Elas todas pareciam estar ligadas juntas, apontadas para a mesma direção e conectadas com uma única alavanca de bronze ao lado. No topo do cavalete, escrito com cravos, estava: Feliz destruição, Roma!
Percy disparou em direção ao dispositivo. A hidra sibilou e o seguiu.
— Eu sei! — Efialtes chorou nada feliz. — Nós podemos começar com explosões ao longo da Via Labicana! Nós não podemos deixar nosso público esperando eternamente.
Percy mexeu atrás do cavalete e voltou-o para Efialtes. Ele não tinha a habilidade para máquinas de Leo, mas sabia como atirar com uma arma. A hidra barrou em sua direção, bloqueando sua vista do gigante. Percy esperava que a geringonça pudesse ter força de fogo o suficiente para que derrubasse dois alvos de uma só vez. Ele puxou a alavanca. Ela não se moveu.
Todas as oito cabeças da hidra pairavam sobre ele, prontas para derretê-lo em uma piscina de lodo. Ele puxou a alavanca novamente. Dessa vez, o cavalete se sacudiu e começou a assobiar.
— Esconder e proteger! — Percy gritou, esperando que seus amigos entendessem a mensagem.
Percy saltou para um lado do cavalete em chamas. O som foi como uma festa no meio da explosão de uma fábrica de pólvora. A hidra vaporizou instantaneamente. Infelizmente, o ferrolho bateu ao lado do cavalete e mandou mais projéteis por toda a sala. Uma parte do teto foi atingido e quebrou um pedaço de uma roda hidráulica. Mais gaiolas foram arrebentadas de suas correntes, liberando duas zebras e um bando de hienas. Uma granada explodiu sobre a cabeça de Efialtes, mas isso só o desequilibrou. O painel de controle sequer pareceu estragado.
Do outro lado da sala, sacos de areia choviam ao redor de Piper e Nico. Piper tentou puxar Nico para um lugar seguro, mas um dos sacos a pegou no ombro e a derrubou.
— Piper! — Jason chamou. Ele correu em direção a ela, completamente esquecido de Oto, que mirou sua lança nas costas de Jason.
— Cuidado! — gritou Percy.
Jason teve reflexos rápidos. Assim que Oto jogou a lança, Jason rolou. A lança passou por cima dele e Jason sacudiu suas mãos, convocando uma rajada de vento que mudou a direção da lança. Ela voou pela sala e espetou Efialtes na sua lateral, justo quando ele ficava de pé novamente.
— Oto! — Efialtes tropeçou para longe do seu painel de controle, agarrando a lança quando ele começava a se desfazer em poeira de monstro. — Você poderia, por favor, parar de me matar!
— Não foi minha culpa!
Oto tinha acabado de falar quando a engenhoca lançadora de míssil de Percy cuspiu uma última esfera de fogos de artifício. A fumegante bola rosa da morte (naturalmente, ela tinha que ser rosa) atingiu o teto acima de Oto e explodiu em uma bonita chuva de luz, cheia de cores ao redor do gigante. Então uma parte do teto de dez metros de diâmetros caiu, atingindo-o.
Jason correu para o lado de Piper. Ela ganiu quando ele tocou em seu braço. Seu ombro parecia estranhamente dobrado, mas ela murmurou:
— Tudo bem, eu estou bem — próximo a ela, Nico sentou-se, olhando ao redor atordoado, como se tivesse acabado de perceber que havia perdido a batalha.
Infelizmente, os gigantes não tinham terminado. Efialtes estava ainda se reformando, sua cabeça e ombros crescendo do monte de poeira. Ele liberou seus braços e olhou furiosamente para Percy.
Ao longo da sala, a pilha de cascalho se deslocou e Oto surgiu. Sua cabeça estava meio desmoronada. Todos os fogos de artifício em seu cabelo estalaram e suas tranças soltavam fumaça. Seu collant estava em farrapos, e esse era o único jeito daquilo parecer menos atraente nele.
— Percy! — Jason gritou. — Os controles!
Percy descongelou. Ele achou Contracorrente em seu bolso de novo, destampou sua espada e se lançou para o quadro de controle. Ele cortou com sua lâmina, destruindo o centro com um banho de fogos de bronze.
— Não! — Efialtes gemeu. — Você arruinou o espetáculo!
Percy se virou muito lentamente. Efialtes balançou a sua lança com um bastão e o acertou no peito. Ele caiu de joelhos, a dor transformando sua barriga em fogo.
Jason correu para seu lado, mas Oto atravancou atrás dele. Percy conseguiu se erguer e se pôs ombro a ombro com Jason. Sobre o estrado, Piper estava ainda no chão, incapaz de se levantar. Nico estava vagamente consciente.
Os gigantes estavam se curando, ficando mais fortes a cada minuto. Percy não.
Efialtes sorriu se desculpando.
— Cansado, Percy Jackson? Como eu disse, você não pode nos matar. Então, acho que nós chegamos a um impasse. Oh, espere... Não, nós não chegamos! Porque nós podemos matar vocês!
— Essa — Oto resmungou, pegando sua lança caída — foi a primeira coisa sensata que você disse o dia todo, irmão.
Os gigantes apontaram suas armas, prontos para transformar Percy e Jason em kebabs de semideuses.
— Nós não vamos desistir — Jason disse. — Nós vamos cortar vocês em pedaços assim como Júpiter fez com Saturno.
— É isso aí — Percy confirmou. — Vocês dois estão mortos. Eu não ligo se nós temos deuses do nosso lado ou não.
— Bem, isso é uma pena — falou uma nova voz.
Ao seu lado direito, outra plataforma baixou do telhado. Inclinando-se casualmente em um apoio coberto de pinhões, estava um homem com uma blusa roxa de acampamento, shorts cáqui e sandálias com meias brancas. Ele levantou seu chapéu de abas largas e uma chama roxa flamejou em seus olhos.
— Eu odiaria pensar que fiz uma viagem especial por nada.