terça-feira, 15 de outubro de 2013

Capitulo III - Percy






PERCY NÃO TINHA MEDO DE FANTASMAS, o que era bom. Metade das pessoas no acampamento estavam mortas.

Guerreiros de roxo cintilante estavam parados do lado de fora do arsenal, polindo espadas fantasmagóricas. Outros andavam na frente do quartel. Um menino fantasma perseguia um cachorro fantasma pela rua. E nos estábulos, um cara grandalhão de brilho vermelho com cabeça de um lobo cuidava de uma manada de... aquilo eram unicórnios?
Nenhum dos campistas prestava muita atenção nos fantasmas, mas enquanto a comitiva de Percy caminhava, com Reyna na liderança, Frank e Hazel de cada lado, todos os espíritos pararam o que estavam fazendo e encararam Percy. Alguns pareceram zangados. O menininho fantasma gritou algo como greggus! e ficou invisível.
Percy também queria poder ficar invisível. Depois de algumas semanas sozinho, toda aquela atenção o deixava apreensivo. Ele ficou entre Hazel e Frank e tentou parecer invisível.
— Estou vendo coisas? — ele perguntou. — Ou eles são...
— Fantasmas? — Hazel se virou. Ela tinha olhos assustadores, como catorze quilates de ouro. — São lares. Deuses da casa.
— Deuses da casa — Percy disse. — Tipo... Menores que os verdadeiros deuses, mas maiores que os deuses de apartamento?
— São espíritos ancestrais — Frank explicou. Ele havia tirado seu elmo, revelando um rosto infantil que não combinava com o corte de cabelo militar ou seu corpo robusto. Ele parecia uma criança que tinha tomado esteroides e entrado para a Marinha. — Os lares são um tipo de mascotes. Na maior parte do tempo são inofensivos, mas nunca os tinha visto tão agitados.
— Eles estão olhando para mim — Percy disse. — Uma criança fantasma me chamou de greggus. Meu nome não é Greg.
— Graecus — Hazel corrigiu. — Assim que se acostumar em estar aqui, vai começar a entender latim. Semideuses tem um talento natural para isso. Graecus significa grego.
— Isso é ruim? — Percy perguntou.
Frank limpou a garganta.
— Talvez não. Você tem esse tipo de aparência, o cabelo escuro e tudo. Talvez eles achem que na verdade você é grego. Sua família é de lá?
— Não faço ideia. Como eu disse, minha memória sumiu.
— Ou talvez... — Frank hesitou.
— O quê? — Percy perguntou.
— Acho que não é nada — Frank disse. — Os romanos e gregos tinham uma antiga rivalidade. Às vezes romanos usam graecus como um insulto para alguém estranho... Um inimigo. Mas eu não me preocuparia com isso.
Ele soou bem preocupado.
Eles pararam no meio do acampamento, onde duas ruas se uniam em um T. Uma placa nomeava uma rua como Via Praetoria. A outra, atravessando o meio do acampamento, estava rotulada como Via Principalis.
Debaixo dos marcadores estavam placas pintadas à mão como BERKELEY A 8 QUILÔMETROS; NOVA ROMA A 1,6 QUILÔMETROS; ROMA ANTIGA A 11.648 QUILÔMETROS; HADES A 3.696 QUILÔMETROS (apontando diretamente para baixo); RENO A 332 QUILÔMETROS, e MORTE CERTA: VOCÊ ESTÁ AQUI!
Para uma morte certa, o lugar parecia bem limpo e ordenado. Os prédios eram pintados, arrumados com exagero como se o acampamento tivesse sido projetado por um professor de matemática espalhafatoso. Os quartéis tinham varandas sombreadas, onde os campistas descansavam em redes, jogavam cartas e tomavam refrigerante. Cada dormitório tinha uma coleção diferente na frente mostrando algarismos romanos e vários animais – águia, urso, lobo, cavalo e algo que parecia um hamster.
Junto da Via Praetoria, filas de lojas anunciavam comida, armaduras, armas, café, equipamentos de gladiador e retalhos de toga. Uma concessionária de bigas tinha um grande anúncio na frente: CAESAR XLS COM FREIO AUTOMÁTICO, NENHUM DENÁRIO A MENOS!
Em um canto da calçada estava o prédio mais impressionante: uma cunha de dois andares, feita de mármore branco, com pórticos de colunas, como um banco à moda antiga. Guardas romanos estavam em frente a ele. Em cima da porta, estava um cartaz grande e roxo com letras SPQR douradas bordadas dentro de uma coroa de louros.
— Seu quartel-general? — Percy perguntou.
Reyna olhou para ele, seus olhos ainda frios e hostis.
— É chamado de principia — ela examinou a plebe de campistas curiosos que os tinham seguido desde o rio. — Todos voltem às suas funções. Darei uma atualização a vocês na reunião de hoje à noite. Lembrem-se, teremos jogos de guerra depois do jantar.
O pensamento do jantar fez o estômago de Percy roncar. O aroma de churrasco do refeitório deu água na boca. A padaria no fim da rua também cheirava muito bem, mas ele duvidava que Reyna o liberasse para ir até lá. A multidão se dispersou relutante. Alguns comentaram sobre as chances de Percy.
— Ele está morto — disse um.
— Devem ter sido aqueles dois que encontraram ele — disse outro.
— É — murmurou outro. — Deixe-o se juntar à Quinta Coorte. Gregos e geeks.
Algumas crianças riram disso, mas Reyna fez uma careta para eles, que sumiram.
— Hazel — Reyna chamou. — Venha conosco. Quero seu relatório do que aconteceu nos portões.
— Eu também? — Frank disse. — Percy salvou minha vida. Temos que deixá-lo...
Reyna deu a Frank um olhar tão severo que ele deu um passo para trás.
 — Devo te lembrar, Frank Zhang — ela disse — que você está no próprio probatio. Você tem causado problemas o suficiente essa semana.
As orelhas de Frank ficaram vermelhas. Ele brincava com um pingente amarrado no pescoço. Percy não tinha prestado muita atenção naquilo, mas parecia um crachá feito de chumbo.
— Vá ao arsenal. Vou te chamar se precisar.
— Mas... — Frank parou. — Sim, Reyna.
Ele correu de Reyna, que apontou para Hazel e Percy na direção do quartel-general.
— Agora, Percy Jackson, vamos ver se podemos melhorar sua memória.
O principia era mais impressionante por dentro. No teto brilhava um mosaico de Rômulo e Remo debaixo de sua mãe loba adotiva (Lupa havia contado essa história milhões de vezes para Percy). O chão era de mármore polido. As paredes estavam envoltas em veludo, então Percy se sentiu dentro da tenda de acampamento mais cara do mundo. Ao longo das paredes estava uma exposição de cartazes e varas de madeira cravadas com medalhas e bronze – símbolos militares, Percy adivinhou. No centro estava um mostruário vazio, como se o cartaz principal tivesse sido retirado para a limpeza ou algo do tipo.
No canto, uma escada levava para baixo. Estava bloqueada por uma fileira de barras de ferro como uma porta de prisão. Percy se perguntou o que havia lá em baixo – monstros? Tesouros? Semideuses amnésicos que tinham conhecido o lado mau de Reyna?
No centro da sala, uma longa mesa de madeira estava repleta de pergaminhos, notebooks, tablets, adagas e uma tigela grande cheia de jujubas, que parecia estar fora do lugar. Duas estátuas de cães em tamanho real – uma prata e uma dourada – ladeavam a mesa. Reyna foi para trás da mesa e se sentou em uma das duas cadeiras de encosto alto. Percy desejou poder se sentar na outra, mas Hazel ficara de pé. Percy teve a sensação de que ele também teria que ficar.
— Então... — ele começou a dizer.
As estátuas de cachorro arreganharam os dentes e rosnaram.
Percy franziu o cenho. Normalmente ele gostava de cachorros, mas aqueles o encaravam com olhos de rubi. Seus dentes pareciam tão afiados quanto navalhas.
— Quietos meninos — Reyna disse aos cães.
Eles pararam de rosnar, mas continuaram encarando Percy como se estivesse imaginando-o em um saco de ração.
— Eles não atacarão — Reyna falou — a menos que você tente roubar alguma coisa, ou a menos que eu mande. Eles são Argentum e Aurum.
— Prata e Ouro — Percy disse.
Os significados em latim apareceram em sua cabeça, assim como Hazel havia dito que aconteceria. Ele quase perguntou qual era qual. Então percebeu que era uma pergunta idiota.
Reyna colocou sua adaga na mesa. Percy teve a vaga sensação que eles já haviam se visto antes. Seu cabelo era preto e liso como uma pedra vulcânica, trançado nas costas. Ela tinha a pose de um espadachim – relaxada, mas ainda assim vigilante, como se pronta para entrar em ação a qualquer momento. As linhas de preocupação ao redor dos olhos a faziam parecer mais velha do que provavelmente era.
— Devemos nos conhecer — ele decidiu. — Não lembro quando. Por favor, se puder me contar qualquer coisa...
— As coisas mais importantes primeiro — Reyna interrompeu. — Quero ouvir sua história. Do que você lembra? Como chegou aqui? E não minta. Meus cachorros não gostam de mentirosos.
Argentum e Aurum rosnaram para enfatizar o ponto.
Percy contou sua história – como ele havia acordado na mansão em ruínas nas florestas de Sonoma. Ele descreveu o tempo com Lupa e sua matilha, aprendendo a linguagem de gestos e expressões, aprendendo a sobreviver e a lutar.
Lupa o ensinou sobre os semideuses, monstros e deuses. Ela tinha explicado que ela era um dos espíritos guardiões da Roma Antiga. Semideuses como Percy ainda eram responsáveis por continuar as tradições romanas nos tempos modernos – lutar com monstros, servir aos deuses, proteger mortais e sustentar a memória do império. Ela tinha perdido semanas treinando-o, até ele estar tão forte, resistente e perverso quanto um lobo. Quando ficou satisfeita com suas habilidades, mandou-o para o sul, dizendo que se sobrevivesse na jornada, deveria encontrar uma nova casa e recuperar sua memória.
Nada pareceu surpreender Reyna. De fato, ela pareceu achar isso bem comum – exceto por uma coisa.
— Nenhuma memória? — ela perguntou. — Você não se lembra de nada ainda?
— Partes vagas e memórias soltas — Percy olhou para os cães.
Ele não quis mencionar Annabeth. Pareceu muito particular, e ainda estava confuso sobre onde encontrá-la. Tinha certeza que eles tinham se conhecido em um acampamento – mas esse não parecia ser o lugar certo. Além disso, ele ficou relutante em compartilhar sua única memória clara: o rosto de Annabeth, o cabelo loiro e os olhos cinzentos, o jeito que ela ria, atirando seus braços ao redor dele, e dando um beijo nele sempre que fazia algo estúpido.
Ela deve ter me beijado muito, Percy pensou.
Ele temia que se falasse sobre essa memória para alguém, ela evaporaria como um sonho. Não podia arriscar.
Reyna girou a adaga.
— A maior parte do que descreveu é normal para semideuses. Até certa idade, de um jeito ou de outro, encontramos o caminho para a Casa do Lobo. Somos testados e treinados. Se Lupa achar que somos dignos, nos manda para o sul para entrar para a legião. Mas nunca tinha ouvido falar de alguém que perdeu a memória. Como encontrou o Acampamento Júpiter?
Percy contou a ela sobre seus três últimos dias – as górgonas que não morriam, a senhora que virou uma deusa e finalmente quando conheceu Hazel e Frank no túnel da colina.
Hazel continuou a história dali. Ela descreveu Percy como corajoso e heroico, o que o deixou desconfortável. Tudo o que ele havia feito tinha sido carregar uma senhora hippie.
Reyna o estudou.
— Você é velho para um recruta. Tem o quê, dezesseis anos?
— Por aí — Percy respondeu.
— Se você perdeu tantos anos sozinho, sem treino ou ajuda, devia estar morto. Um filho de Netuno? Você deveria ter uma aura poderosa que atrairia todos os tipos de monstros.
— Sim — Percy disse. — Fui avisado sobre esse cheiro.
Reyna quase sorriu para ele, o que deu esperanças a Percy. Talvez ela fosse humana, afinal de contas.
— Você deve ter ficado em algum lugar antes da Casa do Lobo — ela disse.
Percy encolheu os ombros. Juno havia dito alguma coisa sobre ele estar adormecido, e ele tinha uma sensação vaga que ele tinha ficado mesmo – talvez por um bom tempo. Mas isso não fazia sentido.
Reyna suspirou.
— Bem, os cachorros não te comeram, então acho que está falando a verdade.
— Ótimo. — Percy falou. — Da próxima vez, posso passar pelo polígrafo?
Reyna se levantou. Ela passeou na frente dos cartazes. Seus cachorros de metal a viam ir e voltar.
— Mesmo que eu aceite que você não é um inimigo — ela disse — você não é um recruta comum. A Rainha do Olimpo simplesmente não aparece no acampamento, anunciando um novo semideus. Da última vez que um deus maior nos visitou em pessoa foi... — ela balançou a cabeça. — Só ouvi lendas sobre essas coisas. E um filho de Netuno... não é um bom presságio. Especialmente agora.
— O que há de errado com Netuno? — Percy perguntou. — E o que quer dizer com especialmente agora?
Hazel deu a ele um olhar de aviso.
Reyna continuou passeando.
— Você lutou com as irmãs da Medusa, que não tem sido vistas há milhares de anos. Agitou nossos lares, que estão te chamando de graecus. Veste símbolos estranhos – essa camisa, as contas no seu pescoço. O que querem dizer?
Percy olhou para sua camiseta laranja esfarrapada. Devia ter tido palavras alguma vez, mas estavam muito desbotadas para ler. Ele deveria ter jogado a camisa fora algumas semanas atrás. Estava em pedaços, mas não conseguia suportar a ideia de se livrar disso. Só ficou lavando-a em córregos e fontes de água da melhor maneira que conseguia e a colocando de volta.
Quanto ao colar, cada uma das quatro contas de argila estava decorada com um símbolo diferente. Uma mostrava um tridente. Outra era uma miniatura do Velocino de Ouro. A terceira estava gravada com o desenho de um labirinto, e a última tinha a imagem de um prédio – talvez o Empire State Building? – com nomes gravados ao redor que Percy não reconheceu. As contas pareciam importantes, como fotos de um álbum de família, mas ele não conseguiu se lembrar do que significavam.
— Não sei — ele disse.
— E sua espada? — Reyna perguntou.
Percy checou o bolso. A caneta havia reaparecido como sempre. Ele pegou-a, mas então percebeu que nunca tinha mostrado a espada para Reyna. Nem mesmo Hazel e Frank a tinham visto. Como Reyna sabia sobre ela?
Tarde demais para fingir que ela não existia... ele destampou a caneta. Contracorrente apareceu inteira. Hazel ofegou. Os cachorros rosnaram apreensivamente.
— O que é isso? — Hazel perguntou. — Nunca tinha visto uma espada assim.
— Eu já. — Reyna disse sombriamente. — É muito antiga... um modelo grego. Costumávamos ter algumas no arsenal antes de... — ela parou. — O metal é chamado Bronze Celestial. É mortal para monstros, como o Ouro Imperial, mas muito raro.
— Ouro Imperial? — Percy perguntou.
Reyna desembainhou a adaga. Com certeza a lâmina era de ouro.
— O metal foi consagrado nos tempos antigos, no Panteão de Roma. Sua existência era rigorosamente guardada em segredo dos imperadores – um jeito de seus campeões matarem monstros que ameaçavam o império. Costumávamos ter mais armas como essa, mas agora... bem, nós as riscamos da lista. Eu uso essa adaga. Hazel tem uma spatha, uma espada de cavalgaria. Mas essa sua arma não é romana, de qualquer modo. É outro sinal de que você não é um semideus comum. E seu braço...
— O que tem? — Percy perguntou.
Reyna ergueu seu próprio antebraço. Percy não tinha notado antes, mas ela tinha uma tatuagem: as letras SPQR, espadas cruzadas e uma tocha, e debaixo disso, quatro linhas paralelas como códigos de barra.
Percy olhou para Hazel.
— Todos a temos — ela confirmou, erguendo seu braço. — Todos os membros completos da legião têm.
A tatuagem de Hazel também tinha as letras SPQR, Mas ela só tinha um código de barra, e seu emblema era diferente: um grifo preto como uma cruz com os braços curvos e uma cabeça:
 
Percy olhou para o seu próprio braço. Alguns arranhões, lama e uma mancha de Crispy Cheese ‘n’ Wiener, mas sem tatuagens.
— Então você nunca foi um membro da legião — Reyna disse. — Essas marcas não podem ser tiradas. Acho que talvez... — Ela balançou a cabeça, como se estivesse descartando uma ideia.
Hazel deu um passo à frente.
— Se ele sobreviveu sozinho todo esse tempo, talvez tenha visto Jason. — Ela se virou para Percy. — Você nunca viu um semideus como nós antes? Um cara de camisa roxa, com marcas no braço…
— Hazel — A voz de Reyna era firme. — Percy já tem o bastante com que se preocupar.
Percy tocou a ponta de sua espada e Contracorrente voltou para a forma de caneta.
— Nunca vi ninguém como vocês antes. Quem é Jason?
Reyna deu um olhar irritado para Hazel.
— Ele é... era meu colega. — Ela apontou para a segunda cadeira vazia. — A legião normalmente tem dois pretores eleitos. Jason Grace, filho de Júpiter, era nosso outro pretor até desaparecer em outubro.
Percy tentou calcular. Ele não prestou muita atenção no calendário no deserto, mas Juno tinha mencionado que agora era junho.
— Quer dizer que ele já se foi há oito meses e vocês não o encontraram?
— Ele pode não estar morto — Hazel disse. — Não vamos desistir.
Reyna fez uma careta. Percy teve a impressão que esse Jason devia ser mais do que um colega.
— As eleições só acontecem de duas maneiras — Reyna disse. — Ou a legião coloca alguém como um pretor depois de uma grande batalha – e não tivemos nenhuma grande batalha – ou temos uma votação na noite de 24 de junho, na Festa da Fortuna. Que será em cinco dias.
Percy franziu o cenho.
— Vocês têm uma festa para o atum? Tuna é atum em inglês, sabe?
— Fortuna — Hazel corrigiu. — Ela é a deusa da sorte. O que quer que aconteça no dia da festa pode afetar o resto do ano. Ela pode conceder ao acampamento boa sorte... ou muita má sorte.
Reyna e Hazel olharam para a cadeira vazia, como se estivessem pensando no que estava faltando.
Um arrepio trouxe Percy de volta.
— Festa da Fortuna... As górgonas falaram disso. E depois Juno. Elas disseram que o acampamento seria atacado nesse dia, alguma coisa sobre uma deusa supermalvada chamada Gaia, um exército e a Morte sendo libertada. Está me dizendo que esse dia é nessa semana ?
Os dedos de Reyna apertaram o punho da adaga.
— Você não vai falar nada sobre isso fora desta sala — ela ordenou. — Não quero você espalhando mais pânico nesse acampamento.
— Então é verdade — Percy disse. — Sabe o que vai acontecer? Podemos parar isso?
Percy tinha acabado de conhecer aquelas pessoas. Ele nem tinha certeza se gostava de Reyna. Mas queria ajudar. Eles eram semideuses, o mesmo que ele. Tinham os mesmos inimigos. Além disso, Percy se lembrou do que Juno tinha dito a ele: não era só o acampamento que estava em risco. Sua antiga vida, os deuses, e o mundo inteiro seriam destruídos. O que quer que esteja vindo, era enorme.
— Já conversamos o suficiente por enquanto — Reyna disse. — Hazel, leve-o ao Templo da Colina. Encontre Octavian. No caminho pode responder as perguntas de Percy. Fale sobre a legião para ele.
— Sim, Reyna.
Percy ainda tinha muitas perguntas, parecia que seu cérebro iria derreter. Mas Reyna deixou bem claro que a audiência havia acabado. Ela embainhou a adaga. Os cachorros de metal se levantaram e rosnaram, avançando lentamente na direção de Percy.
— Boa sorte com o agouro, Percy Jackson. — ela disse. — Se Octavian te deixar viver, talvez possamos comparar as notas... sobre seu passado.

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