terça-feira, 15 de outubro de 2013

Capitulo VIII - Hazel






PELO MENOS A COMIDA DO ACAMPAMENTO ERA BOA.
Espíritos do vento invisíveis – aurae – serviam os campistas e pareciam saber exatamente o que cada um queria. Eles sopraram pratos e copos na mesa tão rapidamente que o refeitório parecia um furacão delicioso. Se você se levantasse muito rápido, provavelmente seria acertado por feijões ou uma carne assada.
Hazel jantou sopa de camarão – sua comida favorita quando queria consolo – o que a fazia se lembrar de quando era uma menina em Nova Orleans, antes de sua maldição ter começado e sua mãe ficar tão amarga.
Percy comeu um cheeseburguer e uma estranha soda azul brilhante. Hazel nunca tinha visto aquilo, mas Percy provou e sorriu.
— Isto me deixa feliz — ele disse. — Não sei o porquê... Mas me deixa.
Só por um segundo, uma das aurae se tornou visível – uma menina com cara de duende em um vestido de seda branco. Ela riu quando encheu o copo de Percy, então desapareceu numa rajada.
O refeitório parecia particularmente barulhento naquela noite. Risos ecoavam nas paredes. Bandeiras de guerra sussurravam das vigas de cedro do teto enquanto as aurae sopravam, mantendo os pratos de todo mundo cheios. Os campistas comeram no estilo de Roma, sentados em divãs ao redor de mesas baixas. As crianças a toda hora se levantavam e trocavam de lugar, espalhando rumores sobre quem gostava de quem e todas as outras fofocas.
Como sempre, a Quinta Coorte sentava no lugar de menos honra.
Suas mesas eram no final do refeitório, próximas à cozinha. A mesa de Hazel era a que tinha menos pessoas. Naquela noite havia ela e Frank, como sempre, com Percy e Nico e seu centurião, Dakota, que Hazel imaginava que tinha sentado lá porque ele se sentia obrigado a dar boas-vidas ao novo recruta.
Dakota se reclinava taciturno em seu divã, misturando açúcar em sua bebida. Ele era um cara musculoso com cabelo preto encaracolado e olhos que não pareciam olhar na direção certa, fazendo com que Hazel sentisse que o mundo se inclinava toda vez que olhava para ele. Não era um bom sinal ele estar bebendo tanto e tão cedo àquela hora da noite.
— Então — ele arrotou, balançando o seu cálice. — Bem vindo à Percy, festa — ele franziu as sobrancelhas. — Festa, Percy. Tanto faz.
— Hum, valeu — Percy disse, mas ele estava prestando atenção em Nico. — Eu estava me perguntando se a gente poderia conversar, sabe... Sobre onde eu poderia ter visto você antes.
— Claro — Nico disse um pouco rápido. — O negócio é que eu passo a maior parte do meu tempo no Mundo Inferior. Então, a não ser que eu tenha te visto por lá de alguma forma...
Dakota arrotou.
— Embaixador de Plutão, eles o chamam. Reyna nunca tem certeza do que fazer com esse cara quando ele nos visita. Você deveria ter visto a cara dela quando ele apareceu com Hazel, pedindo a Reyna para aceitá-la. Hum, sem ofensas.
— Nenhuma — Nico parecia aliviado por terem mudado o assunto. — Dakota ajudou muito, apoiando Hazel.
Dakota corou.
— Sim, bem... Ela parecia uma boa menina. Acabou que eu estava certo. Mês passado, quando ela me salvou do, oh, você sabe.
— Caramba! — Frank procurou por seu peixe e suas batatinhas fritas. — Percy, você deveria tê-la visto! Foi como Hazel conseguiu sua faixa. Os unicórnios decidiram fugir...
— Não foi nada — Hazel disse.
— Nada? — Frank protestou. — Dakota teria sido pisoteado! Você ficou bem na frente deles, os espantou, salvou a pele dele. Eu nunca vi nada como aquilo.
Hazel mordeu o lábio. Ela não gostava de falar sobre aquilo, e se sentia desconfortável, o jeito com que Frank a fez parecer uma heroína. Na verdade, ela estava com medo que os unicórnios se machucassem naquele pânico. Seus chifres eram de metal precioso – ouro e prata – então ela tentou mantê-los à parte, simplesmente se concentrando, guiando os animais por seus chifres e os levando para os estábulos. Ela conseguiu um lugar integral na legião, mas também começaram os rumores sobre seus poderes estranhos – rumores que a faziam se lembrar dos dias antigos e maus.
Percy a estudou. Aqueles olhos verdes como o mar a fizeram ficar inquieta.
— Você e Nico cresceram juntos? — ele perguntou.
— Não — Nico respondeu por ela. — Eu descobri que Hazel era minha irmã só agora. Ela é de Nova Orleans.
Aquilo era verdade, claro, mas não toda a verdade. Nico deixava as pessoas pensarem que ele tropeçou nela na Nova Orleans moderna e a trouxe para o acampamento. Era mais fácil do que contar a verdadeira história.
Hazel tinha tentado se passar por uma garota moderna. Não era fácil. Ainda bem que as crianças não usavam muita tecnologia no acampamento. Seus poderes tendiam a fazer aparelhos eletrônicos ficarem loucos. Mas na primeira vez em que ela foi de licença para Berkeley, quase teve um infarto. Televisões, computadores, iPods, a internet... Tudo isso fez com que ela ficasse feliz em voltar ao mundo dos fantasmas, unicórnios e deuses. Aquilo parecia muito menos fantasia do que o século XXI.
Nico ainda falava sobre os filhos de Plutão.
— Não existem muitos de nós — ele disse — então a gente tem que se juntar. Quando eu encontrei Hazel...
— Você tem outras irmãs? — Percy perguntou, quase como se já soubesse a resposta.
Hazel se perguntou novamente quando ele e Nico se encontraram, e o que seu irmão estava escondendo.
— Uma — Nico admitiu. — Mas ela morreu. Eu vi seu espírito algumas vezes no Mundo Inferior, exceto que da última vez que fui lá...
Para trazê-la de volta, Hazel pensou, embora Nico não tenha dito isso.
— Ela tinha ido — a voz de Nico ficou rouca. — Costumava ficar nos Campos Elísios... tipo o paraíso do Mundo Inferior, mas ela escolheu nascer de novo numa nova vida. Agora, nunca mais a verei novamente. Estava apenas com sorte quando encontrei Hazel... em Nova Orleans, quero dizer.
Dakota grunhiu.
— A não ser que você acredite nos rumores. Não dizendo que eu acredite.
— Rumores? — Percy perguntou.
No refeitório eles ouviram Don, o fauno, gritando:
— Hazel!
Hazel nunca esteve tão feliz por ver o fauno. Ele não tinha ordens para poder estar no acampamento, mas, é claro, que sempre arranjava um jeito de entrar. Estava caminhando em direção à mesa, sorrindo para todo mundo, roubando comida dos pratos e apontando para os campistas:
— Ei! Me liga!
Uma pizza voadora bateu na cabeça dele e ele desapareceu atrás de um divã. Então apareceu, ainda sorrindo, e caminhou novamente.
— Minha garota favorita!
Ele cheirava a bode molhado embrulhado em queijo velho. Ele se reclinou em seu divã e checou a comida.
— Diga, garoto novo, você vai comer isso?
Percy franziu as sobrancelhas.
— Faunos não são vegetarianos?
— Não o cheeseburguer, cara! O prato! — Ele cheirou o cabelo de Percy. — Ei... que cheiro é esse?
— Don! — Hazel disse. — Não seja mal-educado.
— Não, cara, eu só...
O deus doméstico Vitellius apareceu bruxuleando, meio enterrado no divã de Frank.
— Faunos no refeitório! A que ponto chegamos? Centurião Dakota, faça seu trabalho!
— Eu estou... — Dakota rosnou dentro de seu cálice. — Estou jantando!
Don ainda estava farejando Percy.
— Cara, você tem uma ligação empática com um fauno!
Percy escorregou para longe dele.
— Uma o quê?
— Uma ligação empática! É bem fraca, como se alguém estivesse suprimindo a ligação, mas...
— Eu sei o que é! — Nico se levantou repentinamente. — Hazel, que tal a gente dar a você e a Frank um tempo para que Percy seja orientado? Dakota e eu podemos visitar a mesa dos pretores. Don e Vitellius, vocês vêm também. A gente pode discutir estratégias para os jogos de guerra.
— Estratégias para perder? — Dakota murmurou.
— O Garoto da Morte está certo! — Vitellius disse. — Essa legião luta pior do que lutamos na Judéia, e aquela foi a primeira vez que perdemos nossa águia. Porque, se eu ainda estivesse no comando...
— Posso só comer a prataria primeiro? — Don perguntou.
— Vamos! — Nico se levantou e puxou as orelhas de Don e Vitellius.
Ninguém a não ser Nico podia realmente tocar os lares. Vitellius reclamou com ultraje enquanto ele era levado para a mesa dos pretores.
— Ai! — Don protestou. — Cara, cuidado aí!
— Vamos, Dakota! — Nico chamou sobre seu ombro.
O centurião se levantou relutante. Ele limpou a boca – inutilmente, já que continuava manchada de vermelho.
— Voltaremos logo.
Ele se sacudiu todo, como um cachorro tentando ficar seco. Então cambaleou, derramando seu cálice.
— O que foi? — Percy perguntou. — E o que há de errado com Dakota?
Frank suspirou.
— Ele está bem. Ele é um filho de Baco, o deus do vinho. Tem um problema com a bebida.
Percy esbugalhou os olhos.
— Vocês o deixam beber vinho?
— Meus deuses, não! — Hazel disse. — Isso seria um desastre. Ele é viciado em Kool-Aid vermelho. Bebe com três vezes mais açúcar, e ele ainda tem TDAH... sabe, Déficit de Atenção e Hiperatividade. Um dia desses, sua cabeça vai explodir.
Percy olhou para a mesa dos pretores. As maiorias dos comandantes seniores estavam conversando com Reyna. Nico e seus dois prisioneiros, Don e Vitellius, ficaram mais afastados. Dakota estava correndo de um lado para o outro ao longo de uma pilha de escudos, batendo neles com seu cálice como se tocasse um xilofone.
— TDAH — disse Percy. — Não me diga.
Hazel tentou não rir.
— Bem, as maiorias dos semideuses têm. Ou dislexia. Só de ser um semideus significa que nossos cérebros têm os fios plugados diferentes. Como você... você disse que tinha problema com leitura.
— Vocês são assim também? — Percy perguntou.
— Não sei — Hazel admitiu. — Talvez. No meu tempo eles chamavam crianças assim de preguiçosas.
Percy franziu as sobrancelhas.
— No seu tempo?
Hazel se xingou.
Por sorte, Frank falou:
— Eu queria ter TDAH ou dislexia. Tudo que tenho é intolerância à lactose.
Percy sorriu.
— Sério?
Frank deveria ser o semideus mais idiota de todos, mas Hazel achava bonitinho quando ele fazia beiço. Ele deixou os ombros caírem.
— E eu amo sorvete também...
Percy riu. Hazel não pôde deixar de fazer o mesmo. Era bom se sentar para comer e realmente sentir que estava entre amigos.
— Ok, então me diga — Percy disse — por que é ruim ficar na Quinta Coorte? Vocês são legais.
O elogio fez os dedos de Hazel formigar.
— É... complicado. Além de ser filha de Plutão, eu quero cavalgar.
— Então é por isso que você usa a espada de cavalaria?
Ela balançou a cabeça.
— É idiotice, eu acho. Pensamento sonhador. Só tem um pégaso no campo... o de Reyna. Os unicórnios são mantidos aqui porque as raspas de seus chifres curam envenenamento e tal. De qualquer forma, as guerras romanas são sempre feitas a pé. Cavalaria... eles meio que não gostam disso. Então eles não gostam de mim.
— São eles quem perdem — Percy disse. — E você, Frank?
— Arco e flecha — ele murmurou. — Eles não gostam disso também, a não ser que você seja filho de Apolo. Então você tem uma desculpa. Espero que meu pai seja Apolo, mas não sei. Não sei fazer poesia muito bem. E não tenho certeza se quero ser parente de Octavian.
— Não posso te culpar — Percy falou. — Mas você é muito bom com o arco... o jeito com que acertou aquelas górgonas. Esqueça o que os outros falam.
O rosto de Frank ficou vermelho como o Kool-Aid de Dakota.
— Queria que pudesse. Todos acham que eu deveria ser um espadachim, porque sou grande e corpulento — ele olhou para seu corpo como se não pudesse acreditar que ele era aquilo. — Eles dizem que eu sou muito gordo para um arqueiro. Talvez se meu pai me reclamasse...
Eles comeram em silêncio por alguns minutos. Um pai que não o reclamaria... Hazel já tinha sentido aquilo. Ela podia dizer o mesmo de Percy.
— Você perguntou sobre a Quinta — ela disse finalmente. — Porque é a pior Coorte. Isso começou antes mesmo de nós chegarmos — ela apontou para a parede do fundo, onde os estandartes da legião estavam à mostra. — Vê o mastro vazio no meio?
— A águia — disse Percy.
Hazel estava atordoada.
— Como você sabe?
Percy encolheu os ombros.
— Vitellius estava falando sobre como a legião perdeu sua águia há muito tempo atrás... na primeira vez, ele disse. Ele agiu como se fosse a maior desgraça. Suponho que é isso que está faltando. E o jeito que você e Reyna estavam falando mais cedo, suponho que a águia foi perdida pela segunda vez, mais recentemente, e que tem alguma coisa a ver com a Quinta Coorte.
Hazel anotou mentalmente para não subestimar Percy de novo. Quando ele chegou, pensou que ele fosse meio idiota por causa de suas perguntas – sobre a Festa da Fortuna e tudo o mais – mas claramente ele era mais esperto do que deixava transparecer.
— Certo — ela disse. — Foi exatamente isso que aconteceu.
— Mas o que é a águia, afinal? Por que é tão importante?
Frank olhou ao redor para ter certeza que ninguém estava espiando.
— É o símbolo do acampamento – uma grande águia de ouro. Supostamente serve para nos proteger na batalha e amedrontar nossos inimigos. A águia de cada legião dá todos os tipos de poderes, e os nossos vêm do próprio Júpiter. Dizem que Júlio César apelidou nossa legião de “Fulminata” – armada com raios – por causa do que a águia pode fazer.
— Eu não gosto de raios — Percy comentou.
— É, bem — Hazel disse — não nos deixa invencíveis. A Duodécima perdeu sua águia pela primeira vez nos dias antigos, durante a Rebelião Judia.
— Acho que vi um filme assim — disse Percy.
Hazel encolheu os ombros.
— Poderia ser. Existem vários livros e filmes sobre legiões que perdem sua águia. Infelizmente isso aconteceu algumas vezes. A águia era tão importante... bem, arqueólogos nunca descobriram uma águia da Roma Antiga. Cada legião guardava a sua para o último homem, porque é carregada de poder dos deuses. Eles preferem escondê-la ou derretê-la do que entregar a um inimigo. A Duodécima teve sorte da primeira vez. Nós conseguimos a águia de volta. Mas da segunda vez...
 — Vocês estavam lá? — Percy perguntou.
Os dois balançaram a cabeça.
— Eu sou quase tão novo quanto você — Frank tocou em sua placa de probatio. — Só cheguei no mês passado. Mas todo mundo já ouviu a história. Dá azar até mesmo falar sobre isso. Houve essa expedição enorme para o Alasca na década de oitenta...
— Aquela profecia que você reparou no templo — Hazel continuou — aquela sobre os sete semideuses e as Portas da Morte... Nosso pretor sênior naquele tempo era Michael Varus, da Quinta Coorte. Naquela época, a Quinta Coorte era a melhor do acampamento. Ele achou que traria glória à legião se ele descobrisse a profecia e a fizesse acontecer, salvar o mundo da tempestade e do fogo e tudo aquilo. Ele falou com o agoureiro, e o agoureiro disse que a resposta estava no Alasca. Mas ele avisou a Michael que ainda não tinha chegado o tempo. A profecia não era para ele.
— Mas ele foi de qualquer forma — Percy adivinhou. — O que aconteceu?
Frank abaixou a voz.
— História longa e repulsiva. Quase todo mundo da Quinta Coorte foi varrido do mapa. A maioria das armas de Ouro Imperial da legião foi perdida, e também a águia. Os sobreviventes ficaram loucos ou se recusaram a falar sobre o que os havia atacado.
Eu sei, Hazel pensou, solenemente. Mas ficou quieta.
— Desde que a águia foi perdida — Frank continuou — o acampamento tem ficado cada vez mais fraco. As missões são mais perigosas. Os monstros atacam nas fronteiras mais frequentemente. O ânimo das tropas está cada vez mais baixo. No mês passado, as coisas ficaram muito piores, muito mais rápido.
— E a Quinta Coorte levou a culpa — Percy adivinhou. — Agora todo mundo pensa que somos amaldiçoados.
Hazel percebeu que sua sopa estava fria. Ela bebericou a colher cheia, mas a comida de consolo não estava muito reconfortante.
— Nós temos sido rejeitados pela legião desde então... Bem, desde o desastre no Alasca. Nossa reputação melhorou quando Jason se tornou pretor...
— O campista que está perdido? — Percy perguntou.
— É — disse Frank. — Eu nunca o conheci. Foi antes de eu chegar. Mas eu ouvi que ele foi um bom líder. Ele praticamente cresceu na Quinta Coorte. Não ligava sobre o que as pessoas falavam de nós. Começou a reconstruir nossa reputação. Aí desapareceu.
— O que nos colocou de volta à fase um — Hazel disse amargamente. — Nos fez parecer amaldiçoados de novo. Sinto muito, Percy. Agora você sabe no que se meteu.
Percy bebericou seu refrigerante azul e observou todo o refeitório.
— Eu nem sei de onde eu vim... mas acho que essa não foi a primeira vez em que fui excluído — ele focou os olhos em Hazel e sorriu. — Além do mais, se juntar à legião é melhor do que ser caçado na selva por monstros. Eu fiz alguns amigos. Talvez, juntos, nós possamos mudar as coisas para a Quinta Coorte, né?
Uma corneta soprou no fim do salão. Os comandantes na mesa dos pretores se levantaram – até mesmo Dakota, sua boca manchada como a de um vampiro pelo Kool-Aid.
— Os jogos começam! — Reyna anunciou.
Os campistas gritaram e correram para coletar seus equipamentos nas estantes das paredes.
— Nós somos o time de ataque, não é? — Percy perguntou apesar do barulho. — Isso é bom?
Hazel encolheu os ombros.
— Boa notícia: nós ficamos com o elefante. Má notícia...
— Nós sempre perdemos — disse Percy
Frank deu um tapa no ombro de Percy.
— Eu amo esse cara. Vamos presenciar minha décima terceira derrota consecutiva!





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