quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Capitulo XXIII - Frank







FRANK PERDEU SEU ARCO.
Ele queria ficar na varanda e atirar nas cobras à distância. Algumas flechas explosivas bem colocadas, umas crateras na encosta... problema resolvido.
Infelizmente, uma aljava cheia de flechas não ajudava Frank se ele não tivesse com o que atirar. Além disso, não tinha ideia de onde os basiliscos estavam. Eles haviam parado de soprar fogo assim que ele chegou lá fora.
Ele desceu da varanda e nivelou sua lança de ouro. Não gostava de lutar de perto. Era muito lento e volumoso. Havia feito tudo bem durante os jogos de guerra, mas isso era real. Não existiam águias gigantes prontas para carregá-lo para cima e levá-lo para os médicos se ele cometesse um erro.
Você pode ser qualquer coisa. A voz de sua mãe ecoou em sua mente.
Ótimo, ele pensou. Eu quero ser bom com uma lança. E imune ao veneno... e fogo.
Alguma coisa disse a Frank que seus pedidos não tinham sido concedidos. Sentia a lança muito desajeitada em suas mãos.
Trechos de chama ainda ardiam na encosta. A fumaça irritante queimava o nariz de Frank. A grama seca rangia sob os seus pés. Pensou sobre as histórias que sua mãe costumava contar – gerações de heróis que lutaram. Hércules que lutou com dragões, e navegou por mares infestados de monstros. Frank não compreendia como ele poderia ter evoluído a partir de uma linhagem como aquela, ou como sua família havia migrado da Grécia através do Império Romano até a China, mas algumas inquietantes ideias estavam começando a se formar. Pela primeira vez, começou a se perguntar sobre esse Príncipe de Pilos, e a desonra de seu bisavô Shen Lun no Acampamento Júpiter, e sobre o que os poderes da família deveriam ser.
O dom nunca manteve a nossa família segura, tinha avisado sua avó. Um pensamento pouco reconfortante enquanto Frank era caçado por cobras demônio venenosas com hálito de fogo.
A noite estava tranquila, exceto pelo crepitar do fogo nos arbustos. Toda vez que uma brisa fazia a grama farfalhar, Frank pensava nos espíritos de grãos que haviam capturado Hazel. Esperava que eles tivessem ido para o sul com o gigante Polybotes. Frank não precisava de mais nenhum problema naquele momento.
Ele rastejou para baixo, com os olhos ardendo da fumaça. Então, cerca de seis metros à frente, viu uma rajada de fogo.
Ele considerou atirar sua lança. Ideia estúpida. Assim ficaria sem arma. Ao invés disso, ele avançou na direção do fogo. Gostaria de ter os frascos do sangue de górgona, mas eles estavam atrás, no barco. Se perguntou se o sangue de górgona poderia curar veneno de basilisco... Mas mesmo se tivesse os frascos e conseguisse escolher o certo, duvidava que tivesse tempo para tomá-lo antes de virar pó como seu arco.
Ele emergiu em uma clareira de grama queimada e encontrou-se cara a cara com um basilisco. A cobra se levantou em sua cauda. Sibilou e expandiu o colar de espinhos brancos ao redor de seu pescoço. Pequena coroa, Frank lembrou. É isso que “basilisco” significa. Ele tinha pensado que basiliscos eram enormes dragões como monstros que podem petrificar com seus olhos. De alguma forma, o basilisco real era ainda mais terrível. Pequeno como era, este extra-pequeno pacote de fogo, veneno e maldade, seria muito mais difícil de matar do que um lagarto grande, corpulento. Frank tinha visto o quão rápido o animal conseguia se mover.
O monstro fixou seus pálidos olhos amarelos em Frank. Por que não tinha atacado?
A lança de ouro de Frank estava fria e pesada. A ponta de dente-de-dragão mergulhou em direção ao chão totalmente por conta própria.
— Pare com isso — Frank esforçou-se para levantar a lança.
Ele já teria problemas suficientes para espetar o monstro sem sua lança contra ele.
Então ouviu o farfalhar da grama em cada lado dele. Outros dois basiliscos deslizaram até a clareira. Frank tinha andado direto para uma emboscada.

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