quinta-feira, 17 de outubro de 2013

XLVII - Percy






PERCY NUNCA TINHA PENSADO NO SR. D como uma influência tranquilizadora, mas, de repente, tudo ficou quieto. As máquinas pararam. Os animais selvagens pararam de rosnar.
Os dois leopardos caminharam na direção dele – ainda lambendo os lábios por causa da carne assada de Piper – e passaram sua cabeça carinhosamente contra as pernas do deus. O sr. D coçou suas orelhas.
— Realmente, Efialtes — ele repreendeu. — Matar semideuses é uma coisa. Mas usar leopardos para seu espetáculo? Isso é passar dos limites.
O gigante soltou um grunhido.
— Isso... Isso é impossível. D... D...
— É Baco, atualmente, meu velho amigo — disse o deus. — E é claro que é possível. Alguém me disse que havia uma festa acontecendo.
Ele parecia o mesmo de quando tinha aparecido no Kansas, mas Percy ainda não conseguia superar as diferenças entre Baco e seu velho amigo-não- tão-legal Sr. D. Baco era fraco e magro, com uma barriguinha menor. Ele tinha um cabelo mais longo, sua passada era mais firme e havia muito mais raiva em seus olhos. Ele até conseguiu fazer uma pinha em uma vara parecer intimidante. A lança de Efialtes tremeu.
— Você... Os deuses estão condenados! Vá embora, em nome de Gaia!
— Hum — Baco não parecia impressionado. Ele caminhou entre os adereços, plataformas e os efeitos especiais arruinados. — Cafona — ele acenou com a mão para um gladiador pintado em madeira, em seguida, virou-se para uma máquina que parecia um cilindro enorme cravejado com facas. — Barato. Chato. E isso... — ele inspecionou a engenhoca que lançava foguetes e ainda soltava fumaça. — Cafona, barato e chato. Honestamente, Efialtes, você não tem senso de estilo.
— ESTILO? — O rosto do gigante ficou vermelho. — Eu tenho muito estilo. Eu defino estilo. Eu... Eu...
— Meu irmão exala estilo — Oto sugeriu.
— Obrigado! — Efialtes resmungou.
Baco se adiantou e os gigantes cambalearam para trás.
— Você dois ficaram menores? — perguntou o deus.
— Ah, isso foi cruel — Efialtes rosnou. — Somos altos o suficiente para destruí-lo, Baco! Vocês, deuses, sempre se escondendo atrás de seus heróis mortais, confiando o destino do Olimpo a heróis como estes — ele zombou de Percy.
Jason levantou sua espada.
— Senhor Baco, vamos matar esses gigantes ou não?
— Bem, eu certamente espero que sim — disse Baco. — Por favor, continuem.
Percy o encarou.
— Você não veio aqui para ajudar?
Baco encolheu os ombros.
— Oh, eu apreciei o sacrifício no mar. Um navio cheio de Diet Coke. Muito bom. Embora eu preferisse Pepsi Diet.
— E seis milhões em ouro e joias — Percy murmurou.
— Sim, embora com a celebração de cinco ou mais semideuses a gratuidade estivesse incluída, portanto não era necessário.
— O quê?
— Deixa pra lá — disse Baco. — De qualquer forma, vocês atraíram a minha atenção. Eu estou aqui. Agora preciso ver se vocês são dignos de minha ajuda. Vão em frente. Batalhem. Se eu ficar impressionado, vou entrar para o grand finale.
— Nós espetamos um — Percy lembrou — derrubamos o teto no outro. O que você considera impressionante?
— Ah, uma boa pergunta... — Baco bateu seu tirso. Então ele sorriu de uma forma que fez Percy pensar Uh-oh. — Talvez você precise de inspiração! O palco não foi propriamente montado. Você chama isto de espetáculo, Efialtes? Deixe-me mostrar-lhe como se faz.
O deus se dissolveu em névoa roxa. Piper e Nico desapareceram.
— Pipes! — Jason gritou. — Baco, onde você...?
O andar inteiro tremeu e começou a subir. O teto abriu em uma série de painéis. A luz solar invadiu o lugar. O ar brilhava como uma miragem e Percy ouviu o rugido de uma multidão acima dele. O hipogeu subiu por uma floresta de colunas de pedra desbotada no meio de um coliseu arruinado.
O coração de Percy deu uma cambalhota. Este não era qualquer coliseu. Era o Coliseu. As máquinas de efeitos especiais dos gigantes faziam hora extra, colocando tábuas para apoio através das vigas arruinadas, deixando a arena com um piso adequado novamente. As arquibancadas repararam-se até o branco ficar brilhante. Um toldo vermelho e dourado gigante estendeu-se acima de suas cabeças para proporcionar sombra do sol da tarde. A cabine do imperador foi coberta com seda, ladeada por bandeiras e águias douradas. O rugido de aplausos veio de milhares de fantasmas roxos brilhantes, os lares de Roma trazidos de volta para outro espetáculo.
Aberturas surgiram no chão e espalharam areia em toda a arena. Adereços enormes surgiram – montanhas de gesso do tamanho de garagens, colunas de pedra e (por alguma razão) animais de fazenda de plástico em tamanho real. Um pequeno lago apareceu em um lado. Valas cruzavam o chão da arena para o caso de alguém estar no clima para uma guerra com trincheiras. Percy e Jason estavam juntos de frente para os gêmeos gigantes.
— Este é um show de verdade! — retumbou a voz de Baco.
Ele sentou-se no camarote do imperador vestindo mantos roxos e louros dourados. À sua esquerda sentavam Nico e Piper, que tinha seu ombro cuidado por uma ninfa em um uniforme de enfermeira. À direita de Baco estava um sátiro agachado oferecendo Doritos e uvas. O deus levantou uma lata de Pepsi Diet e a multidão ficou respeitosamente silenciosa.
Percy olhou para ele.
— Você vai apenas ficar sentado?
— O semideus está certo! — Efialtes berrou. — Lute contra nós você mesmo, covarde! Hum, sem os semideuses.
Baco sorriu preguiçosamente.
— Juno diz que montou uma equipe de semideuses digna. Mostre-me. Entretenha-me, heróis do Olimpo. Deem-me uma razão para fazer mais. Ser um deus tem seus privilégios.
Ele levantou sua lata de refrigerante e a multidão aplaudiu.






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